Capítulo Único

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Olááá! Pensou que tinha acabado? Pensou errado! Mime sua Angel como a rainha que ela é. Então vamos a um pouquinho de fofura e a esses dois dormindo agarradinhos, porque não existe nada mais perfeito! Feliz niver parte 2, Angel! <3

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O acampamento devia ser sobre concentração, sobre se conectar com a natureza e se tornar mais à vontade com sua individualidade. Senti-la como aquela parte sua, inseparável, indivisível, algo único e próprio, especial. Era sobre estar em paz, abraçar a si mesmo, acertos e defeitos, era enfim respirar após tantas catástrofes enfrentadas e perdas sofridas.

Por isso, em meio a toda aquela aura de tranquilidade e auto aceitação, Izuku não entendia como podia estar tão nervoso.

Apertou os olhos e contou as respirações uma a uma como se quisesse ter certeza de que seus pulmões ainda estavam funcionando.

Não estava dando certo.

O coração continuava acelerado, retumbando em seus ouvidos como uma onda agitada, impedindo-o de ouvir qualquer outro ruído além do bater frenético e incoerente em cada ponto do seu corpo. Era desorientador e Izuku já havia passado por muitas situações de vida ou morte. Porém, nenhuma delas havia o preparado para esse momento. Ele se sentia pequeno, diminuto em suas roupas folgadas e meias fofas com bigodes de gato. Apertou bem os dedos nos antebraços e tentou respirar o mais lentamente que podia.

Nada.

Nenhuma melhora.

Ainda sentia a ansiedade lambendo suas veias, tomando conta de cada um de seus pensamentos, acumulando ideias e projeções que talvez nunca se realizassem. Fechou os olhos, espantando-as para longe. Não fique nervoso, não há por que ficar nervoso, repetiu.

Ao seu lado, Shouto expirou vagarosamente, o calor de sua respiração fazendo cócegas em sua nuca. Podia sentir o ponto onde o cotovelo dele estava enfiado em sua cintura e, mesmo sobre as camadas de roupas e cobertores, a pele queimava sob o toque. Izuku tremia, no entanto, o motivo dos tremores não era o frio do mês de janeiro e sim a proximidade, aquele único ponto de contato que irradiava uma eletricidade quase dolorosa.

Ele sabia que aquilo não era nada, não era a primeira vez que eles dividiam um espaço tão pequeno. Nas rondas das agências e durante as missões de vigilância eles sentavam-se de costas um para o outro enquanto Shouto ouvia-o tagarelar por horas a fio sobre qualquer que fosse o assunto do seu interesse no momento. Midoriya apreciava aqueles instantes, eram como pequenos pedaços de tempo roubado que lhe mostravam o quanto valia a pena ter dado duro para estar ali. Entretanto, entre as paredes cada vez mais apertadas da barraca e sem olhos a vista, ele nunca havia percebido o quão íntimo era toda aquela proximidade.

Engoliu em seco e tentou se aprumar melhor sem acordar Shouto no processo. Foi um caso perdido. Como se sentisse sua movimentação, o braço dele avançou, enlaçando sua cintura em um abraço firme, exatamente igual a uma criança tentando impedir um bichinho de pelúcia de rolar para fora da cama. Midoriya foi puxado em direção ao peito acolchoado de Shouto, e o queixo dele repousou no topo de sua cabeça. O choque do contato se espalhou pelo seu rosto, paralisando-o no lugar. De repente, ele nem mesmo sabia como chegara a pensar que estava frio, não quando o calor parecia estar por toda parte, correndo por suas veias a cada pulsar acelerado de seu coração, estendendo-se até a ponta dos pés cobertos pelas meias infantis. Era tudo que parecia existir. Isso e aquele mínimo contato da pele de Shouto contra a sua, seus dedos resvalando contra a pele do seu pulso.

Ele não tinha certeza de como haviam chegado a essa situação, um diálogo sussurrado em meio ao cricrilar dos grilos e o sussurro do vento e então eles estavam dormindo assim: próximos, muito embora a barraca fosse grande o suficiente para que os dois dormissem separados com folga. Shouto soltou um barulhinho baixo, e Midoriya sentiu o ruído reverberar pelos seus ossos. Ele se apegou aos detalhes da conversa, imaginando se aquilo não havia sido apenas um produto de sua mente sonolenta ou tudo não passava de um sonho, mas as palavras ainda estavam lá, ele podia ouvir o eco delas em seu ouvido:

Gosto muitoOnde histórias criam vida. Descubra agora