Atirada sob a cama, encarava o teto do quarto. Fios do longo cabelo dourado espalhavam-se desleixadamente em frente ao rosto marcado por exaustão. As palavras da prima insistiam em vagar por sua mente.
"Você já está no colegial e nunca teve sequer um namorado."
Talvez o comentário de Alice tenha lhe causado mais impacto que deveria.
Buscou encontrar a origem de tamanho incômodo. O mais óbvio seria apenas a vontade de provar para a prima de que ela estava errada, e assim, eliminaria motivos para qualquer mínima provocação que poderia chegar a sofrer da mesma. Mas algo indicava que a verdadeira razão de seu questionamento seria a veracidade das palavras de Alice.
Após certo tempo em pensamentos, com o fim de mais possibilidades que lhe seriam cabíveis e sem nenhuma outra conclusão satisfatória, só restava admitir. Mas como ela, Nakiri Erina, sempre presunçosa sobre seus objetivos e convencida da inutilidade de relações de afeto, classificando como estupidez, poderia ao menos reconhecer a possibilidade de que estaria carente.
Só depois de alguns minutos se remoendo e recusando-se a aceitar, finalmente cedeu. Ainda frustrada ela passou a tentar compreender os próprios sentimentos. De qualquer modo, mesmo para ela, não seria totalmente coisa de outro mundo querer alguém ao seu lado como mais que um simples amigo.
Pôs-se então a pensar ainda mais, seu básico conhecimento sobre o assunto vinha dos mangás de romance que frequentemente checava. Entretanto, situações fictícias e clichês, não deveriam servir como base para a realidade. Nas histórias, o desenvolvimento da trama e das personagens ocorre de maneira a garantir quase sempre um final feliz ou ao menos satisfatório. Já o mundo real, é incerto e, muitas vezes, decepcionante, ela sabia muito bem disso.
Passou a considerar possibilidades, alguns garotos vieram à mente mas ela apenas descartava-os com expressão de repugnância. Nenhum deles era digno de acompanhá-la.
Irritada, usou o travesseiro para sufocar um grito de frustração antes de atirá-lo contra a parede. Suspirou profundamente na tentativa de se acalmar e deixou que seu olhar vagasse pelo quarto, até que parou sob certa coleção de mangá separada das demais em sua estante, encarou por alguns instantes as revistas empilhadas e lembrou-se de que deveria devolvê-las à Yukihira. O nome pareceu acender uma possibilidade na mente da jovem cozinheira.
_ Não, não, não! – manifestou-se de repente. – Definitivamente não!! Sem chances de eu e aquele idiota... nunca, nunca poderia ser ele! – por mais que negasse insistentemente ela podia sentir o rosto esquentar e os batimentos acelerarem. Mas ainda assim persistiu com a teimosia, recusando-se a aceitar que por um momento, havia gostado da ideia.
[...]
Era cedo quando despertou no dia seguinte, mas permaneceu deitada por certo tempo, apenas encarando o teto, desta vez com a mente vazia. Não se deu o mínimo trabalho desativar o alarme que emitia um som irritante da cabeceira.Normalmente Hisako apareceria para incentivá-la a sair da cama alertando sobre seus compromissos, mas hoje a garota tinha seu dia de folga. Eram nestes momentos que percebia o quão dependente da amiga tornou-se. Quando a sonolência começou a deixá-la Erina levantou-se em um pulo, lembrando de que havia coisas para fazer. Ela correu para um banho rápido, e em seguida precisou de alguns minutos para se arrumar, graciosamente como sempre. Como atrasar-se não era de seu feitio, ela deixou de lado o café da manhã e partiu rapidamente à Tootsuki.
Caminhou pelos corredores vazios do colégio, afinal, não deveriam haver outros alunos ali no sábado. Foi em direção à sala do diretor, onde entrou pela porta que já se encontrava semi-aberta.
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De repente te amo
Любовные романыOnde Yukihira Souma pôde concluir que o apelido de Língua Divina não se referia apenas à seu paladar aguçado.