EU TÔ BEM

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GIZELLY

Nem lembro quando foi a última vez que consegui dormir umas quatro horas seguidas.
E isso tem me deixado bastante cansada de tudo. Eu só queria minha casa, minha família.
Hoje é o dia da eliminação. Só conseguia pensar nisso, a Marcela passou de melhor amiga pra uma estranha. Compartilhei tantas coisas com ela e descobrir tudo que ela fala de mim foi de uma decepção gigante. O Felipe...nossa relação é uma montanha russa, do início até agora. Ele me julga por aquilo que diz que eu faço. Não acredita que essa sou. Ele não sabe, mas tudo que vem dele o peso é maior em mim. É um sentimento louco. Mas ainda não quero que ele saia, não com ela, que foi falsa esse tempo todo.
Como tem sido durante esses dias, acordei primeiro que a casa toda e fui pra sala ficar por lá, demorou um tempinho e Babu apareceu.
- Bom dia, Gi. Caiu da cama?
- Bom dia, Babu. Ando tendo um pouco de insônia, vim pegar um remédio pra dor de cabeça e fiquei por aqui.
- Você está se sentindo bem? Estou te achando um pouco pra baixo. Se quiser conversar.
- Ai, Babu. Eu ando tão cansada de tudo. Estou emocionalmente exausta.
- Te entendo. Deve ter sido um baque o lance com a Marcela. Vocês eram amigas desde tudo.
- Machucou demais, Babu. E sabe o pior? A pessoa que sempre me alertou disso, foi o Felipe. O cara que sempre que tem oportunidade de me derrubar, ele faz.

- O Prior ficou indignado a primeira vez que ele ouviu a Marcela falando de tu. Ele não entendia como alguém ficar colada com outra e por trás falando dela. Ele tem vários defeitos, como todos nós, mas uma coisa que ele tem é sinceridade, doe a quem doer ele vai dizer na tua cara o que ele acha.

- E eu não sei. Aquela peste já me chamou de cobra, Babu. - tive que rir da lembrança de como eu fiquei puta.
Babu começou a rir. E como tivesse sentindo que estávamos falando nele, ele aparece e não perde a oportunidade de me irritar.
Sai e deixei eles sozinhos. Tentei de novo dormir e não conseguia, mas mesmo assim preferi ficar no quarto. Na hora do almoço sai pra comer algo, mas nem cheguei a comer, simplesmente tudo apagou na minha frente. Lembro de acordar num quarto que parecia um hospital e logo depois uma voz falando comigo:

- Como está se sentindo, Gizelly?
- Um pouco de dor de cabeça, mas acho que estou bem.
- É normal você sentir essa dor. Você desmaiou e levou uma pancada na cabeça. Fizemos alguns exames e não foi detectado nada grave. Mas você vai ficar em observação algumas horas. Aproveite para descansar essa mente.
Consegui apagar de tudo.  Quando acordei fui liberada a voltar pra casa.
Já estava tudo escuro. Quer dizer que a eliminação já tinha rolado, me bateu um calafrio na espinha de lembrar que ele poderia ter saído e não consegui me despedir. Segui pra dentro da casa e dei de cara com ele deitado no sofá. Eu nem sei descrever o alívio que meu coração sentiu de encontra-lo ali. Acabei tropeçando e consequentemente o acordando com o barulho. Foi quando ele me viu e deu um pulo do sofá vindo até mim:
- Gizelly, você está bem?
Ele segurou minhas mãos e sua cara de preocupação era tão fofa. Nem de longe lembrava o Prior do jogo.
- Eu tô bem, Felipe. A cabeça um pouco dolorida, mas nada de grave. E ai, quem foi o eliminado de hoje? Já vi que você ficou. Quem das meninas saiu?

- Quem tu acha que saiu, Gi? Claro que foi a falsa da tua amiga. Eu te avisei!
- Não começa. Ex-amiga! Graças não ia aguentar mais um semana com ela aqui.

- Quer dizer que você ficou feliz que eu fiquei? - Ele me olhava tão intenso que eu não consegui nem responder de imediato.
- Entenda como quiser, Prior. Licença. - Quando ia seguir ele segurou o meu braço e falou: - Gi, falando sério agora. Você sabe que eu levo muito a sério essa coisa de jogo, mas eu realmente fiquei preocupado quando soube que você tinha sido levada na emergência, eu só vim saber no ao vivo. Isso vai além do jogo, não te desejo mal nenhum. Desculpa por qualquer coisa. - Mas uma vez eu fiquei sem palavras, só conseguia escutar meu coração batendo forte e sentindo a aproximação dele.

- Eu sei. Obrigada pela preocupação!
Ele estava cada vez mais perto. Minha mente pedia pra sair dali correndo, meu coração juntamente com minhas pernas não pensavam igual. Quando vi a gente já estava abraçado. Sua respiração na minha nunca não facilitava meu raciocínio, senti a mão dele afastando meu cabelo e senti beijos molhados no meu pescoço... esse homem vai me matar, Deus!
Eu tentei afastar ele, mas saiu praticamente um gemido: - Felipe, por favor...
Ele entendeu isso como uma súplica por mais.
Sua boca foi parar na minha e eu lembrei do nosso primeiro beijo, eu sabia que ele beijava bem, mas esse está melhor.

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