Capítulo 11

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Lena

1 semana depois.
Quinta feira.

Não estou falando com o Juan. Na verdade é ele que não está falando comigo.

O que ele falou me machucou de verdade.

A escolha que ele fez pra salvar a mãe dele acabou com a vida dele,tirou a total liberdade.

É a mãe dele,eu entendo. Porém tinha outras milhões de opções.

Talvez eu seja egoísta mesmo,mas eu tenho medo por ele. Eu tenho medo que ele acabe com a vida dele.

Mas pra falar a verdade,a vida dele já acabou.

Agora ele anda pra cima e pra baixo com aqueles caras,não fala comigo e quando me ver abaixa a cabeça.

Eu sinto pena e fico triste.

Preciso esquecer tudo isso,no domingo eu vou embora e vou começar uma vida nova longe disso tudo.

Espero que eu volte à falar com ele antes de ir,mas acho difícil. Afinal é ele que não quer falar comigo e não ao contrário.

Mesmo com raiva,eu amo o Juan e vou estar com ele. A decisão dele foi por impulso e eu entendo,é a mãe dele.

Não consigo dormir direito,a ansiedade de viajar está me deixando louca,o fim da minha amizade com ele também.

Juan

A coroa iniciou tratamento e eu tô feliz pra caralho.

No sábado é a cirurgia dela,coração tá como?é de risco mas Deus tá com a gente pô,perco a fé nunca.

Tô nem falando a Lena,tô ligado que ela vai embora por esses dias.

Parei de estudar de vez,traficante não tem tempo pra nada,imagina pra estudar?

A coroa nem sonha que eu tô envolvido,contei pra ela que tô trampando e a tia tirou um empréstimo pra mim.

Duca:Tu aprende rápido muleque,tua mira tá melhor que muito macaco velho por aí.

Juan:Inteligência.

Duca:É sim,se tu continuar assim você vai longe.

Juan:Minha meta é pagar a dividir e voltar com a minha vida de antes.

Duca:Tu tá se passando muleque,entrou aqui,agora tu só sai morto.

Juan:Pra tudo tem uma solução pô,vou sair dessa o mais rápido possível.

Duca:Tu tem jeito pra bandido,sangue puxa pô.

Juan:Que sangue?tem sangue nenhum não rapaz.

Duca:Leva esse pacote pro alemão do Brasil Gás.

Juan:Beleza-peguei o pacote.

Sai do barraco e fui descendo a favela,tentava ser o mais discreto o possível porém a situação já tava correndo a favela toda.

Juan:Aí alemão-coloquei o pacote no balcão.

Alemão:Valeu menor.

Juan:Cadê a grana?

Alemão:Calma rapaz-me entregou o bolo de cem e eu enfiei na bermuda.

Juan:É nós.

Fui subindo a favela e de longe avistei a magrela. Lena olhou pra mim e sorriu,fechei a cara e atravessei a rua.

Enquanto eu tiver envolvido nesse bagulho quanto menos contanto eu tiver com outras pessoas,melhor.

Fato RaroOnde histórias criam vida. Descubra agora