Epilogue

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24 de janeiro de 2021

Jungkook estava mais agitado que o normal e manter-se sentado naquela cadeira estava sendo praticamente impossível. Jimin, vez ou outra, tocava sua perna, próximo ao joelho, tentando acalmá-lo, especialmente quando o mais novo não parava de bater o pé impacientemente no chão. Ajudava um pouco, não negava, mas infelizmente não podiam se manter daquela forma por muito tempo. Quando estavam em outro país, sempre tentavam se portar da forma como era culturalmente aceitável lá. Recebiam inúmeras instruções sobre isso, de comportamentos aceitáveis localmente e aquele excesso de contato era um pouco mais julgado ali.

Estavam em Los Angeles, era a 63. ª edição da cerimônia anual do Grammy Awards e eles tinham sido indicados. Era apenas uma categoria, mas era uma das principais da noite. Um feito totalmente inédito para a premiação e inédito para qualquer grupo sul coreano.

Quando viram que estavam entre os indicados, gritaram em animação. Yoongi, de início, sequer pôde acreditar e depois, quando a realidade caiu sobre ele, quase entrou em um colapso nervoso, mas era de felicidade, de orgulho. Era aquela sensação de missão cumprida, de ter alcançado o único sonho que lhes faltava alcançar. Sentiam-se realizados e mais que isso. A satisfação de saber a quantidade de barreiras que haviam derrubado para chegar ali era simplesmente incrível.

O mundo era um lugar cruel, pessoas eram preconceituosas e xenofóbicas o tempo todo. Depois do fiasco da última cerimônia do Grammy da qual participaram, sequer tinham esperanças ainda. Se depois de todos os feitos de 2019 eles não haviam conseguido sequer uma indicação em categoria menor, acharam que aquele sonho jamais seria conquistado por puro preconceito da premiação e das pessoas envolvidas ali. Não se tratava de sucesso, de capacidade ou de talento, era aparência, era para amaciar o ego dos próprios americanos, como se quisessem mostrar que apenas eles podiam ser bons em fazer música. Foi triste notar isso na época, tinham expectativas, mas foi depois que elas acabaram que aconteceu.

Estavam ali agora, porque mesmo o Grammy não foi mais capaz de ignorá-los depois do sucesso do último álbum. Não sem deixar óbvio que não os indicava por mero preconceito. Estavam concorrendo a gravação do ano em uma premiação que eles nem sabiam mais se iria acontecer. Não depois de tudo que havia acontecido no mundo um ano antes. Mas tudo estava voltando aos eixos, e o BTS estava mais forte do que nunca, mais uma vez quebrando barreiras que jamais esperariam quebrar quando começaram carreira, em uma empresa tão pequena que ninguém levava a sério.

As pessoas literalmente riam quando eles falavam sobre a BigHit, pelo menos, os que conheciam. Hoje estavam no Grammy. Concorrendo ao Grammy. O quão surreal era aquilo? Estavam orgulhando seu país, orgulhando suas famílias e, principalmente, a eles mesmos.

Da primeira vez que mencionaram o Grammy, não levavam a sério de verdade a possibilidade. Não passava de uma brincadeira sem fundamento, mas podia se tornar real naquele dia, em poucos minutos. E mesmo que não acontecesse, só de terem chegado ao ponto de uma indicação, já era um feito grande demais para que não ficassem satisfeitos de qualquer forma.

Mas Jungkook jamais negaria o quanto ele queria ganhar. Todas as vezes que repetiram entre si para não criar expectativas tinham sido completamente em vão, as dele estavam no topo. Tinha vontade de chorar só pela ansiedade. Sequer conseguia aproveitar a cerimônia ou os artistas que já haviam performado. Alguns nomes incríveis inclusive tinham ido até eles, parabenizar pela indicação ou simplesmente porque queriam conhecê-los, mas Jungkook não conseguiu dar qualquer atenção para àquilo. Ele estava com pena de Namjoon, sinceramente, por ser o porta voz do grupo. Sabia que o líder também não estava em condições e mesmo assim tinha que falar com as pessoas como se tudo estivesse tranquilo.

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