Dark Moonlight

Capítulo 2- Tim

- Se falar qualquer coisa sobre ontem, eu juro que te dou um soco! -disse Carter levantando e me vendo encarar-lo-

- Bom dia senhor alcoólatra! Deixei alguns remédios no banheiro e o café tá na mesa, não demore muito ou não vai entrar na 3ª aula! -disse deixando o quarto-

Logo que sai vi o Petter no corredor, o mesmo veio na minha direção:

- Indo pro colégio? -perguntou-
- Aham! -respondi-
- Então vamos. -disse-

Seguimos para o colégio conversando sobre o trabalho que íamos apresentar, nossos horários não eram iguais então me despedi do Petter logo na entrada, segui para sala de aula pois queria pegar um bom lugar. Assim que entrei vi o Dévon e fui até ele:

- O que faz nessa turma? -perguntei-
- Fui transferido, minha antiga sala estava muito cheia! -ele explicou-
- Entendi! Vou buscar um lugar para sentar! -falei-
- Pode sentar comigo, esse lugar tá vazio. -ele disse tirando a mochila da cadeira ao lado-
- Obrigado! -disse me sentando-

Seguimos com a aula que foi um saco, o professor parece repetir a mesma coisa todas as aulas. Quando comecei a arrumar meus materiais lembrei que tinha alguns documentos para entregar na diretoria, peguei minha mochila e quando cheguei na porta Dévon me parou:

- Quer almoçar comigo hoje? Meus amigos me deixaram não mão e não gosto de almoçar só. -falou-
- Posso sim, vejo você no almoço! -disse me retirando com um sorriso-

Dévon parecia ser um cara legal, ele é uma das únicas pessoas que conversa comigo nesse lugar.
Depois de entregar os documentos na secretaria liguei para o Carter:

- Onde você está? -perguntei-
- Terminando de me vestir. -respondeu-
- Cê só tem 20 minutos para chegar aqui ou não entra mais, sabia? -falei-
- Já tô indo, me encontra no pátio! -ele disse desligando o telefone em seguida-

Depois de atravessar sozinho o campo minado que era o pátio, avistei Carter em uma das mesas com a cabeça baixa, estava indo em sua direção até que Petter pulou na minha frente:

- Para onde o senhor está indo? -perguntou-
- Primeiro, não se chega nas pessoas assim, quer me matar do coração? -falei-
- Desculpa, não sabia que estava tão distraído assim. -ele disse-
- Tudo bem. Só não gosto de andar sozinho por aqui! Tô indo ver o Carter que aparentemente está morto! -falei apontando para Carter-
- Ele realmente não parece nada bem! -Petter disse vindo logo atrás de mim-

Carter estava realmente mal, tava explícito a km de distância que ele bebeu muito mais do que podia, não é atoa que me foi entregue nos braços de outra pessoa!

- Tá se sentindo melhor? -perguntei me sentando-
- Melhor sim, bem não sei quando! -ele disse-
- O que deu em você para você beber dessa forma? -questionou-
- Advinha. -ele disse-
- Seu pai de novo? -perguntei mesmo sabendo a resposta-
-Carter assentiu com a cabeça-
- Relaxa, depois de algumas horas o enjoo passa! -disse Petter tentando melhorar o clima-
- Eu espero não vomitar na sala, só isso mesmo! -falou abaixando a cabeça novamente-
-eu e Petter rimos-

O sinal tocou e eu tinha um trabalho para apresentar com Petter, Carter se recusava a levantar da mesa então tivemos que deixá-lo lá. No meio do caminho Petter avistou May, pediu licença e foi a encontro dela. Fiquei pensando o que ela estava dizendo para ele mas não era da minha conta, apenas fiquei parado esperando ele voltar. Assim que ele voltou fomos a sala, sentamos um ao lado do outro e em seguida fomos chamados para apresentar nosso trabalho. Petter era um desastre para falar em público, as palavras quase não saiam da boca dele, eu me segurei para não rir do seu desespero ali na frente! Como um cara popular como ele tem medo de falar em público? Terminamos e nos sentamos novamente.

- O que foi aquilo? -disse querendo rir-
- Não diga nada, por favor! -ele disse tímido-
- Não foi ruim, mas foi engraçado. -falei rindo baixo-

Petter me deu um empurrão e cruzou os braços, naquele momento eu realmente queria ir, não acreditei que ele realmente estava emburrado, pensei em brincar mas um pouco mas vi que ele estava realmente incomodado com a performance dele lá na frente.

- Fica tranquilo, você realmente não foi ruim... É normal travar na frente das pessoas! -falei tentando amenizar a preocupação dele-
- Eu preciso tirar uma boa nota nesse trabalho, minhas notas não andam muito boas ultimamente! -ele disse-
- Olha, minhas notas até que tão legais, você quer ajuda para estudar? -perguntei-
- Se não for te atrapalhar eu adoraria a ajuda! -respondeu-
- Não atrapalha em nada! -disse abrindo um sorriso-

A aula acabou e eu me despedi do Petter, precisava ir atrás do Carter e depois tinha um almoço marcado. Encontrei Carter no mesmo lugar que deixei, ele aparentava estar melhor, já estava até usando o celular.

- Agora já posso dizer "bom dia"? -perguntei-
- Pode, finalmente não me sinto mais enjoado. -ele respondeu sorrindo-
- Que bom! Passei para avisar que vou almoçar fora, quer ir?
- Por que fora? Não pode ser no café? -ele questinou-
- Um amigo me convidou, ele não queria almoçar sozinho! -expliquei-
- Um amigo? Ou UM AMIGO? -ele questinou-
- É só um amigo, Carter! Não começa.
- Tudo bem, vamos, estou morrendo de fome! -ele disse se levantando-

Carter pegou suas chaves e fomos até o carro, quando vi no GPS notei que o lugar não era tão longe e que daria para ter ido a pé mas como já estávamos no carro seguimos até o LaPast.
O lugar parecia ser legal, tinha uma pegada meio rústica, o que eu achava sensacional. Entramos e lá estava Dévon sentado na mesa 28, naquele momento Carter parou e eu nem percebi até que olhei para atrás:

- Que foi? -perguntei-
- Por que parece que você está indo na direção daquele cara ali?
- Por que eu estou? -disse sem entender nada-
- Aquele é o valentão idiota da minha sala, o que eu te falei! -ele disse não muito feliz-
- O Dévon? Ele parece um cara tão legal.
- Só parece, o cara é um saco, eu não vou almoçar com vocês! -Carter disse me dando as costas-
- Você vai se sim senhor! -falei pegando no braço dele-
- E por que eu iria? -perguntou-
- Por que foi graças a ele que você não está apagado em qualquer lugar dessa cidade! -falei-
- Do que você tá falando? -ele perguntou confuso-
- Dévon trouxe você até meu quarto, você tava bêbado e desmaiado, se não fosse ele eu nem saberia onde você estava. -expliquei-

Carter travou, ele realmente não estava entendendo nada e eu também não. Tentei convencê-lo a ir até a mesa mas ele não estava confortável com a ideia, apenas saiu do restaurante e me deixou lá. Eu já tinha prometido ao Dévon que iria almoçar com ele e não queria quebrar minha palavra, depois de ver Carter passar pela porta segui até minha mesa.

- Tá tudo bem com seu amigo? -perguntou Dévon-
- Acho que ele não ficou muito feliz em saber que você o ajudou!
- Não me surpreende, não tivemos um começo muito bom! -explicou-
- E por que você o ajudou então?
- Mesmo a gente não se dando bem, ele é uma pessoa que eu "conheço", não podia deixar que um cara batesse nele no estado em que ele se encontrava. -explicou-
- Sei que ele não vai agradecer devido as diferenças de vocês então eu agradeço em nome dele!
- Tá tudo bem. Faria isso por qualquer outra pessoa em apuros! -Devón disse abrindo um pequeno sorriso-

Depois de toda essa história pegamos o cardápio e fizemos nosso pedido. Alguns minutos depois nossos pratos chegaram e começamos a comer, a comida era realmente divina! Dévon não me deixou pagar minha parte, ele disse que eu era o convidado dele e que seria errado pagar, combinamos então que na próxima eu pagaria. Saímos do restaurante e Dévon me deu carona até o dormitório. Assim que saímos do estacionamento vimos o Carter sentando na escadaria da entrada, quando chegamos perto Carter se levantou e veio a nosso encontro.

- Tim, pode nos dar licença? Queria conversar a sós com Dévon! -ele pediu-
- Você tem certeza? -perguntei-
- Tá tudo bem, Tim. Pode ir. -disse Dévon-

Me retirei e vi os dois conversando, pensei em ficar ali esperando mas achei melhor subir para o meu quarto, antes de subir vi os dois saírem juntos, o que me preocupou um pouco. Chegando no quarto mandei mensagem pro Carter:

- Não faça merda!

Alguns minutos depois ele respondeu:

- Fica tranquilo, estamos no café!