L'amour - Temporada III

Capítulo 3

As primeiras semanas depois do término foram perturbadoras, eu sentia tanta dor no meu peito que era difícil acreditar que eu ainda estava viva, e agora... Três meses depois eu estava começando a me acostumar com a solidão, estar triste era quase regra, muita coisa mudou... David sumiu, Avi também e eu... Bom... Eu... Continuava ali. Era fim de ano, três dias para o Natal e nós havíamos finalmente fechado a Galeria após uma exposição incrível de fim de ano " E aí, não vai ficar com a gente mesmo ?! " Oliver perguntou pra mim enquanto fechavamos a Galeria " Não, minha mãe disse que está um calor insuportável no Brasil, ela quer ver um pouco de neve, e eu não quero ficar na Europa então... Vamos pra Nova Iorque em busca do clichê de Natal. " eu respondi " Ah que pena... A gente vai fazer uma festa daquelas. " Oliver respondeu " Eu sei, mas nem to muito no clima. " eu realmente não estava, nada me chamava atenção, nada me encantava, não em Paris. Acho que nada do que poderia acontecer naquele lugar era bom pra mim no momento, me despedi do Oliver, coloquei meus fones de ouvido e caminhei até o metrô. Naqueles último dias eu gostava de sair andando pela cidade, as vezes era um pouco triste, a capital do amor sempre me trazia lembranças, mas ao mesmo tempo me permitia esquecer um pouco dos problemas. Fim de Ano e a cidade luz estava mais iluminada do que nunca, as decorações davam uma vida diferente aquela gelida capital, o inverno estava sendo rigoroso com todos e tudo parecia lindo com a neve que caía, ajeitei meu cachecol vinho e assoprando minhas mãos atravessei a rua a minha frente tinha uma cafeteira e eu decidi entrar pra tomar um cappuccino, a única coisa que aquecia meu coração nesses dias tão frios " Un cappuccino et une petite boîte de macarons, s'il vous plaît. " eu pedi enquanto recusava por mensagem um convite pra ir para a casa da Michelle, ela e a Anne estavam me ajudando muito e sendo muito compreensívas, mas não deixavam de mostrar a preocupação. " Merci " eu paguei e agradeci ao atendente e sai... Me apressei até o metrô, pois estava realmente muito frio, dei 50 Euros para um senhor que estava tocando Sax na entrada do metrô e segui meu caminho, uns 40 minutos depois... Desci na minha parada, andei um pouco até chegar na velha Boulevard Ornane, que estava particularmente linda com todas aquelas luzes de Natal, todos pareciam felizes e eu queria me senti também. Procurava minhas chaves na bolsa quando um ouvi um barulho ao lado e quando levantei a cabeça, Cherry estava saindo do Loft dela, muito sorridente, por educação fiz menção de cumprimenta-lá quando vi David Luiz sair pela porta, também sorrindo, aquilo me chocou, abaixei a cabeça um pouco envergonhada e surpresa, tudo sumiu a minha frente " Ola vizinha " ela disse e eu fui obrigada a olhar para os dois, o David parecia muito bem, nem ficou sem graça com a minha presença, apenas sorriu pra mim um pouco sem vontade e eu acenei com a cabeça " Vamos, o filme vai começar daqui meia hora " ele falou pra ela e as minhas chaves pareciam ter sumido da minha bolsa, não as encontrava em lugar nenhum. Os dois se despediram e eu me virei pra porta, ouvi as portas e fecharem e o carro dar partida e então... Achei minhas chaves. Que ironia. Abri a porta e L'amour da Carla Bruni começou a tocar... E de repente aquela letra fazia todo sentido. Amor, não é pra mim... Ela cantava enquanto eu jogava minha bolsa no sofá, passei direto pela sala sem ascender nenhuma luz, fui até o quarto tirei minhas blusas e o cachecol enquanto sentia o frio me abraçar e então Carla terminou de cantar dizendo que essa coisa de amor não era pra ela. " E nem pra mim Carla " eu falei enquanto tirava os fones, sentei na cama e vi a neve cair do lado de fora por entre minha cortina, o Loft estava frio, mas ainda sim eu não me incomodava, o silêncio se instalou de um jeito brutal e pesado e eu me senti estranhamente em paz, não sei se essa era a expressão certa mas... Não sentia nada, nem dor, nem tristeza, nem agonia, mas também não sentia felicidade, amor ou qualquer outra coisa, eu estava simplesmente vazia. Tirei as roupas e fui tomar um banho quente, lavei os cabelos e os penteei, coloquei um pijama folgado e aconchegante, peguei minha caixa de macarons, me ajeitei na cama, liguei a TV e decidi fazer uma maratona Senhor dos Anéis, tinha que ser esse porque era meu filme preferido, e do Avi.também, minha mente vagou até ele por um segundo, mas logo foi atraída pela música suave e as cores belas e vivas do Condado... Ah, Condado.