— Pronto, Eds?
Eddie ouve uma voz feminina longe o chamando. Os losers haviam combinado de jantar juntos naquela noite, já fazia um tempo desde que todos os sete tinham se reunido para conversar. Beverly, a dona da única voz feminina possível que Eddie conhecia já que seu meio social não mudou muita coisa em comparação à quando ele era mais novo, havia passado a tarde com ele e Richie.
Richie "Trashmouth" Tozier, o homem das mil vozes.
Richie sempre insistiu em chamá-lo de Eds, e Eddie odiava quando isso acontecia. Ele secretamente amava, entretanto. Mas ninguém podia saber disso, muito menos Richie! A moral de Eddie poderia despencar se seu marido soubesse que – no fundo – ele gostava de ser chamado assim por ele. Eddie não se importava se outra pessoa o chamasse assim, o problema é o Tozier. Richie pega no pé dele até hoje mesmo com 40 anos de idade nas costas.
— Eddie? – ele foi chamado outra vez.
Eddie virou para olhar a amiga encostada na porta de seu quarto, de braços cruzados, porém sorrindo. Ele também sorriu.
— O que está fazendo? – ela se aproximou dele e pediu espaço no banquinho. Eddie estava sentado em frente à sua escrivaninha, vendo fotos de quando era criança. Algumas delas estavam cortadas em pedacinhos.
— Vamos dizer que estou... finalmente descartando umas memórias que demoraram muito para serem descartadas.
Bev o olhou com confusão, com medo de demostrar a curiosidade que sentia e de repente invadir o espaço pessoal do amigo.
— É sobre a mamãe – ele respondeu a dúvida claramente exposta no rosto de Marsh. — e sobre o seu pai.
Beverly soltou um suspiro cansado. Fazia tempo desde a última vez que pensava em seu pai.
— Sabe, eu nunca havia parado pra pensar o quanto nós temos em comum – disse Eddie estranhamente animado em contar sua realização.
Algumas cenas passaram pela mente de Beverly.
— Hm, é verdade – respondeu ela, surpresa. Lembrou de tudo o que passou nas mãos de seu pai abusivo e como a mãe de Eddie também era horrível com ele.
— Tem uma coisa específica que me veio à cabeça e me deixou muito feliz...
— O quê? – ela olhou diretamente nos olhos dele.
Eddie colocou a mão sobre a escrivaninha de forma com que a palma ficasse virada para cima, pedindo silenciosamente para que Beverly colocasse a dela por cima. Ela colocou. Eddie as entrelaçou gentilmente e disse sem pressa alguma:
— Mesmo depois de pais abusivos, parceiros amorosos iguais a eles, nos mostrando uma forma tóxica do amor, se é que podemos chamar aquilo de amor, nós conseguimos encontrar pessoas que realmente nos amam. Sofremos muito como crianças, presos em nossas próprias casas com monstros. Crescemos e, novamente, ficamos presos com as pessoas erradas. Mas finalmente achamos as pessoas certas e hoje somos felizes. E eu achei isso incrível.
Beverly agora tinha os olhos marejados.
— Poxa, Eddie, eu só tinha vindo te chamar pra irmos jantar! – disse Bev ao limpar lágrimas rápidas que caíram de seus olhos com a mão livre. Eddie ria. Bev deitou a cabeça no ombro de Eddie, apreciando as duas mãos juntas.
— Mas agora esse capítulo está fechado e terminado – Eddie disse por fim.
— O que vocês estão fazendo? – a voz de Richie soou atrás deles. Eddie virou a cabeça para olhá-lo e sorriu, recebendo um olhar apaixonado de Tozier. — Ah, não, a Beverly tá chorando. O que você fez com ela, Tozier?
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𝗁𝖺𝗉𝗉𝗂𝖾𝗋 | reddie, benverly
Fanfiction𝐎𝐍𝐄𝐒𝐇𝐎𝐓 | Mesmo em um universo onde palhaços assassinos são apenas histórias de terror, não se podia negar que Eddie Kaspbrak e Beverly Marsh tiveram uma infância conturbada. Pais superprotetores, abusivos e manipuladores, cidade preconceituo...