O começo do início...

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O chão estava imundo, haviam baratas para todo lado, me lembro como se fosse hoje, mamãe estava deitada de lado, no chão, olhava fixamente para um nada alem de mim.

Ela acabara de ter uma briga feia com Téo, seu namorado, os dois discutirão feio, ele estava bebado, como de costume, e bateu muito nela, antes de sair, na minha frente, deu um murro com toda sua força no olho esquerdo de mamãe.

Dês que ele saiu ela esta assim, deitada no chão olhando pro nada, no meio da sala, com o rosto inchado de tanto chorar, não intendia porque ela estava assim, eles brigavam direto.

Dessa vez foi diferente, mamãe apainhou mais que o normal sua cabeça estava cheia de hematomas, alguns ate saiam sangue, mais no entanto ela estava ali deitada no chão frio e imundo.

Eu não podia fazer nada, pra uma criança de oito anos, eu estava limitada a pegar um pano úmido e limpar seus ferimentos. Ela não se movia nenhum centimetro, se não escostasse nela e sentisse sua respiração iria achar que estava morta.

Naquela noite fazia frio... Muito frio, mais queria dormir, com mamãe no chão, então peguei meu cobertor e joguei em cima dela, me aconcheguei nos seus braços pequenos e frios, e adormeci. Quando acordei ela estava na mesma posição não havia mexido um músculo sequer, continuava com aquele semblante vazio. Não me importava, ela só queria um pouco de privacidade, peguei uma bolacha no armário e fui ver TV.

E essa era minha rotina por três dias, dormir com a mamãe no chão e assistir tv. No quarto dia a casa estava com um cheiro prodre, poderia ser algum rato morto, mais eu não achei nada dentro de casa, então fui logo acostumei com o mal odor.

Estava deitada no chão com mamãe quando ouvi batidas violentas na porta, achei que ela ia se partir no meio, quando a pessoa do outro lado grita:

- Abre a porta e a polícia!

Eu não conseguia me mover, mamãe me prendia em seus braços agora mais rígidos.

Então o policial arromba a porta com um chute violento, e se depara com eu e minha mãe deitadas no chão, os olhos dele estavam ilegíveis havia um misto de nojo, pena e serenidade emplantados em um rosto de feição dura como pedra.

Ele correu ate nos e praticamente me arrancou dos baços de mamãe, e me conduziu a uma policial que estava do lado de fora de casa com uma prancheta na mão. Eu não estava entendendo nada, a moça me conduziu ate a viatura e me entregou um cobertor, chegou bem perto de mim e perguntou:

- Qual é seu nome florzinha? - disse serena.

- Jhenna - respondi eu com o rosto em chamas de vergonha.

- quantos anos você tem?

- oito.

- você quer saber meu nome? - ela tentou descontrair com um sorriso nos lábios.

- sim - respondi ainda tímida.

- meu nome é Suzana. Você quer fazer alguma pergunta?

Balancei a cabeça em afirmativa.

- o que esta acontecendo?

- hoje o seu padrasto, Téo, foi ate a delegacia se entregar, relatou ter obrigado sua mãe a beber veneno em serguida ter espancado ela, ele passou o endereço e disse que a filha dela, você, ainda estava na casa com ela a cinco dias, e estamos aqui pra ajudar você. - ela disse firme e séria, mais com siceridade nos olhos.

Eu fiquei chocada não conseguia fazer nenhum movimento, estava petrificada, só sentia as lagrimas quentes escorrerem pelo meu rosto. Em um curto segundo eu já não sabia onde estava, então aquele cheiro podre não era rato algum, era mamãe, ela estava morta, e eu dormia com ela mesmo em estado de decomposição. Meus desvaneios foram quebrados pela imagem de um saco preto sendo carregado, por dois homens de braco, em uma maca, eu sabia exatamente quem era, mamãe, sem exitar pulei da viatura e corri em direçao à ela, se não fosse Suzana ter me segurado eu teria ido ate ela. Eu tremia, chorava e me debatia nos braços da policial, quando eu estava mais calma ela me aconchegou nos seu braços e disse:

- calma vai ficar tudo bem!

AbismosOnde histórias criam vida. Descubra agora