Segredo • Rafael Sóbis ⚽

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Nota Inicial: este é um conto escrito por mim, mas que já foi postado um tempo atrás (2017) em outro perfil para um projeto de escrita, agora estou apenas hospedando ele aqui também.

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Ele era a última pessoa do mundo no qual eu imaginava encontrar naquele bar de esquina depois de tantos anos sem notícias. O cabelo e a barba grande quase fizeram com que eu quase não o reconhecesse, mas independentemente do tempo que passamos longe um do outro, eu jamais esqueceria os traços do rosto dele e seus ombros largos que pareciam estar agora ainda mais definidos por debaixo da camisa. Rafael Sóbis estava muito diferente desde o último encontro, ou melhor, desde a nossa última briga.

Quando entrei no local e notei sua presença, tentei recuar para fazer o caminho de volta para casa, porém Gabriela segurou meu braço impedindo que eu prosseguisse com meus planos. 

- Camila, você não vai embora só porque ele está aqui - ela disse séria e neguei - Eu não acredito que mesmo depois de onze anos você continua fugindo dele.

- Não estou fugindo de ninguém - protestei rapidamente - Só quero evitar falar com ele.

- Já passou da hora de superar tudo isso, né? - concordei ainda contra minha vontade e respirei fundo antes de entrar no bar - Quer pegar uma mesa perto dele?

- Se com perto você quis dizer do outro lado do bar eu quero sim - Gabi riu e fez questão de passar perto do rapaz - Para de graça, Gabriela.

- Acho melhor você não me irritar porque senão vou fingir que sou louca e começar a gritar bem aqui para chamar atenção - ergui as mãos em sinal de desistência e ela sorriu satisfeita - Ótimo, vamos beber alguma coisa.

Em um momento de distração da minha parte Gabriela resolveu deixar-me sozinha na mesa, só não a xinguei porque ao olhar para pequena pista de dança encontrei a loira na companhia de um moreno maravilhoso e não queria estragar o esquema dela para aquela noite. A quantidade de bebida que eu ingeri começou a fazer efeito e precisei buscar um banheiro imediatamente porque sentia que minha bexiga estouraria em poucos minutos. Como o universo gosta muito de sacanear nas piores horas, o banheiro estava lotada e quando finalmente consegui entrar na cabine eu ainda precisei passar pelo sofrimento diário de não poder encostar no vaso sanitário.

Banheiros públicos são uma droga.

Aproveitei que já estava de pé e juntei-me a Gabi na pista de dança para tentar esquecer as lembranças que martelavam na minha cabeça, porém três ou quatro músicas depois da decisão ridícula de dançar, ficou impossível fugir do passado.

- Dez anos depois e você ainda continua sem saber dançar? - a voz tão conhecida invadiu meus ouvidos e senti meu corpo inteiro se arrepiar - Mas pelo jeito só isso que não mudou.

- Rafael - virei-me com um pequeno sorriso no lábios para esconder o nervosismo - Onze anos na verdade.

- Muito tempo, né? - concordei e um silêncio constrangedor pairou no ar - Aceita uma bebida?

Não, eu não aceito! Dê meia volta e vai embora, Rafael.

- Aceito uma água porque minha cota de bebida esgotou por hoje - sorri sem graça - Amanhã trabalho cedo.

Burra! Você é uma burra, Camila.

- Então, como anda sua vida? - ele perguntou pedindo duas águas para nós dois - Ultima vez que tive notícias suas foi em 2009, eu acho.

- Foi nesse ano que comecei meu primeiro mochilão pela Europa - expliquei - Desativei quase todas minhas redes sociais na época e depois não fiz questão de ativá-las novamente.
- Fico feliz que tenha realizado seu sonho.

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