vive por meus olhos.

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Era um dia importante na faculdade, tinha que entregar um trabalho que seria a conclusão de seis meses de um esforço diário para conseguir a bolsa para eu terminar meu curso em Sidney. Subo as escadas para chegar ao auditório onde seria a apresentação da minha proposta ao TCC que diria se eu conseguiria ou não a bolsa. Estou 5 minutos atrasado, entro no auditório onde estão os outros 3 candidatos que restaram da seleção de 50 alunos de todas as universidades do meu país,
Eu tinha certeza da perfeição do meu trabalho, revisei mais de 10 vezes e tinha 6 cópias dele em pen drives, HDs e meu celular, nada podia dar errado
- bom dia Sr. Bjorn !, Está atrasado 6 minutos...
- me desculpa professor, tive um problema com o Uber que me trouxe para a faculdade.
- tudo bem. Hoje é o grande dia de vocês!, São as 4 pessoa que terão a chance de uma bolsa na universidade de Melbourne e um emprego como secretario na Osis.
Hoje é o dia de vocês mostrarem que estão dispostos a mover montanhas pelos seus objetivos. - ele levanta e apresenta a banca de avaliação - esses são Katarina Valin, vice diretora da Melbourne e Mike Kinliss, CEO da Osis e quem vai decidir quem fica com o cargo. Podem começar por ordem alfabética.
Claro, eu seria o primeiro!

3 horas depois...

A apresentação foi um sucesso! Puta que pariu a bolsa era minha, eles praticamente me aplaudiram de pé enquanto quase dormiram na apresentação do resto dos candidatos. Eu tinha certeza que seria selecionado e poderia realizar meu sonho de sair dessa cidade.
- venham todos aqui !, Foi tomada a decisão, o escolhido foi -  ele faz uma cara de suspense - Maria Eduarda de Luste! – um absurdo que até ela ficou surpresa depois de ouvir seu nome - vem cá jovem para receber o prêmio e tirar as fotos oficiais. Aos demais quero dizer que todos estão de parabéns e eu me orgulho de ter um aluno meu aqui entre vocês - ele aponta para mim - parabéns Bjorn, você é uma inspiração para seus colegas.
  Nossa como eu tô puto por isso, decepcionado, meus amigos estão esperando para receber a notícia e quando eu saio de sala vejo uma mulher elegante no corredor tirando café da máquina que termina bem nada hora eu saio da sala. Ela vira para mim e fala.


- aquela garota dormiu com o teu professor ontem, você sabe que apresentação dela foi decadente

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- aquela garota dormiu com o teu professor ontem, você sabe que apresentação dela foi decadente... - eu ainda sem entender pergunto a ela se era comigo que ela estava falando.
- você está falando comigo ?.
- bem, com quem mais poderia ser ?. Deixa pra lá isso, preciso da sua atenção. Meu nome é Charlotte Alighieri sou dona da maior empresa de investimento do mundo e quero ter uma conversa séria com você... Bjorn não é?.
  Um ponto a ressaltar sobre a Charlotte, como ela era perfeita, seus movimentos, sua fala, seu andar eram como se fossem calculados e meticulosamente pensados.
Eu aprendi muita coisa na faculdade de direito, e como eu tinha uma ambição equivalente a do meu sonho de ser um homem de sucesso, eu aprendi a lidar desde cedo com gente poderosa, sabia que não podia parecer mais fraco que ela, mesmo não tendo nem ¼ do que ela tem, tinha que mostrar que ela não me intimida.
- sim, Bjorn! Em que eu poderia ser útil a Sra.?
- vamos almoçar e eu conto em um lugar mais adequado.
Wow, chega a ser estranho, esse povo rico não desce das nuvens para contratar gente, mesmo sendo do total interesse deles, sempre são subordinados para tudo, tinha algo a mais nessa mulher que me incomodava, a presença dela tinha ativado meu escudo quando eu estava na apresentação, eu sabia que algo ia acontecer mas por enquanto não sabia o que.
Entramos no carro estacionado na frente da universidade e quando meu professor viu eu dentro ele deixou as pastas caírem da sua mão.
Não, não fomos ao restaurante e sim ao Évolution, uma das torres de negócios da cidade, não a questionei, o controle devia ser dela até que os seus interesses fossem expostos. Chegamos ao elevador e fomos ao 130° andar e quando saímos do elevador e entramos no apartamento eu fui atacado, um cara lançou uma adaga negra na minha direção, minha reação foi automática de criar o escudo para pará-la, mas não era só isso um cara veio com um machado para acertar um golpe o qual eu parei com a água de uma fonte que tinha em uma das paredes do apartamento, eu precisava neutralizar um dos dois e foi primeiro o das adagas que eu lancei o escudo que jogou ele na mesa de vidro da sala de jantar. E depois quebrei o braço e prendi a perna do idiota do machado. Foi nessa hora que eu prestei atenção no olhar incrédulo do mordomo e do sorriso no rosto da Charlotte, isso tinha dedo dela.
- pode me explicar o que tá acontecendo aqui por favor?. – nessa hora meu sangue esquentou e eu sabia que precisaria de explicações do porque dos ataques, minha espada tinha sido invocada mais eu não tinha pegado da costa.
- preciso retirar algo do seu corpo, talvez você não saiba da história completa nem dos seus poderes e nem do que você e capaz. Vamos almoçar, tem como por favor você consertar a mesa?.
- a mesa é de vidro... Espera só um minuto. – eu sabia que eu controlava areia e tinha a pouco mais de um ano descoberto minhas habilidades com o ponto de fogo, só não sabia se seria capaz de juntá-los nem muito menos trazer vidro de volta a sua forma original.
Eu iria questionar que não conseguia fazer aquilo quando ela voltou a falar
- você pode muitas coisas Bjorn, você tem sangue puro de quase todos os Deuses do panteão pagão e foi criado para ser o ser mais poderoso do seu plano e século. Eu sei que a única coisa que te limita são seus próprios pensamentos e está na hora de tirá-los de uma vez da caixa. Mas por hora só precisamos de uma mesa e você não é meu foco aqui.
Eu olhava para os milhões de cacos de vidros e sabia que ela tinha mais informações sobre quem eu era, precisava descobrir mais coisas. Eu sabia que fundindo os bastões de fogo e terra eu conseguiria algo para consertar a mesa. Invoquei o bastão de fogo que surgia sempre de um brilho que era como um flash de câmera e o bastão de terra que surgia de uma fumaça negra que materializava-o. Eu tinha os dois ali e quando os pus juntos ele criaram algo parecido com uma espada com a lâmina branca brilhante com o meio totalmente negro, a luz saia do fio da lâmina e se perdia em seu meio. Eu empunhei a espada e senti uma dor de cabeça enorme.
- você está avançando sobre seus poderes, e usando-os, precisa de energia para isso, pelo que eu sei a sua é açúcar, não se preocupe eu mandei preparar sobremesas para você, conserte logo a mesa.
Eu peguei a espada e sabia que era só pensar na mesa como era antes, encostei a ponta da lâmina em um dos cacos de vidro que logo derreteu e virou aquele vidro incandescente que foi se juntando e se misturando aos outros e logo o vidro foi tomando de novo a forma da mesa até que em um minuto ele formou algo diferente, tinha o formato da mesa antiga mas o vidro era totalmente negro e tinha um brilho como de cristal.
- impressionante, você criou pastiner, esse cristal é muito poderoso e só existe nas torres de proteção da Capital Celeste. Bem... Pelo visto agora tem uma mesa feita dele.
Eu despenquei, me sentia fraco e a espada rápido voltou a ser o dois bastões que também rápido sumiram da minha mão
- vamos Salto, ajude ele a sentar a mesa.
Fui posto na mesa meio grogue pelo mordomo, nesse momento um homem surge da varanda, eu pude ver ele passando de uma armadura de batalha a um terno branco, ele parecia ter saído de um filme de idade média sua barba era longa e seu olhar estava focado em mim.
- Töten, que bom que chegou, aqui está o garoto,
- O grandioso salvador do milênio!, Sou grato pelo que fez pelo meu filho, vim libertar ele do seu corpo! E será agora!
- não Töten ! Ele está fraco, pode acabar machucando ele e pondo em risco todo o processo.
Vamos esperar que ele recupere as energias no banquete.
- tudo bem, mas quero logo a alma do meu filho!
Eu não estava entendendo nada. Eles sentaram a mesa e o banquete foi servido. Na minha parte da mesa eram apenas doces, bolos, tortas e copos de refrigerante, enquanto comida normal era servido a Charlotte e ao Töten. Eu simplesmente não conseguia pensar, aquilo era como droga pra mim, eu comia desesperadamente e não conseguia parar, parecia que não comia a anos. Ela olhava pra mim com um sorriso sádico no rosto enquanto o Töten sorria mastigando um pedaço de carne.
Em alguns minutos eu tinha comido todo o doce da mesa e tomado incríveis 5 garrafas de refrigerante, eu era praticamente um torrão de açúcar naquele momento, acho que se eu fosse um ser humano normal eu saia dali com diabetes tipo 20.
- provavelmente está na hora do ritual – Charlotte anuncia fazendo sinal para que os empregados retirem os pratos da mesa – faça as honras Töten.
Ele pega uma espada feita de cristal e vem na minha direção.
- opa opa mais que poha tá acontecendo? Que merda é essa ? João e Maria ?- falo e abro o escudo de absorção e jogo na mesa que absorve totalmente ele – mano a mesa engoliu meu escudo!?
- é a habilidade do pastiner, ele é um absorvente de qualquer coisa que possa representar uma ameaça, você usa seus escudos não só como defesa, então o pastiner iria absorve-lo. – Charlotte fala e deixa uma faca cair na mesa que na mesma hora absorve a faca.
- deixem de conversa e deixe me pegar meu filho – Töten volta a apontar a espada na minha direção.
- por favor não me mata!- falo pondo a mão na minha frente.
- o que me surpreende é você se sentir ameaçado. És o filho dos deuses e ainda sim sente medo!?.
- ele é só um garoto ainda Töten e não tem conhecimento nem de uma gota dos seus poderes. Ele criou um material celeste na minha frente, e foi com pouquíssima energia.
- DO QUE VOCÊS ESTÃO FALANDO? PELO MENOS ME EXPLIQUEM QUE MERDA É ESSA ?
Charlotte faz menção a falar mais é interrompida pelo Töten.
- você foi o receptáculo da alma do meu filho. Bem eu vou explicar. A 21 anos atrás  a morte me presenteou com um filho, era uma benção após a batalha do caos, meus homens neutralizaram e aprisionaram a caos do universo e eu matei o ser que o libertou. Após isso fui recebido em todos os panteões com respeito. E ganhei a possibilidade de ter um filho dado a mim pela morte. Escolhi o panteão pagão para ser minha morada. Mas em um fatídico dia eu cheguei de uma reunião e minha morada estava revirada e meu filho havia sido morto por alguma força maligna, eu entrei em desespero. Era meu único filho !. Fui correndo a morada dos Deuses e supliquei pela misericórdia deles. Nesse dia você havia nascido. E foi firmado um acordo que a alma do meu filho viveria dentro de você até que eu conseguisse um corpo para ele. Bem... Eu consegui! .
- okeeii... tem uma alma dentro de mim?, Meu santo panteão eu tô passando mau. Eu preciso morrer pra tirar ele ?
- óbvio que não infanto, essa espada é um receptor de almas e o corpo dele está alí.
Ele aponta pra uma cadeira que a segundos estava vazia e agora tem um garoto da minha idade que parece estar morto...
- meus deuses da onde saiu esse corpo?. Ok faz logo isso!
- eu fazer? Não não, você só precisa segurar a espada e bomm, A mágica acontece.
Ele fala e segura a espada pela lâmina dando-a para que eu a segure.
- é só segurar?- falo um pouco antes de por a mão na espada.
- sim.
Eu pego a espada e ela cria um vácuo no ambiente que logo se converte numa implosão leve, a espada começa a pegar uma cor vermelha sangue que vai enchendo, ela vai se tornando cada vez mais pesada ao ponto que eu não consigo segurá-la e em um segundo a espada fica totalmente vermelha e seu peso faz com que eu deixe sua ponta encostar no chão, parecia que tinha uma pessoa dentro da espada, e que louco! Tinha mesmo!.
- muito bem, agora me de isso aqui – ele fala pegando a espada como se ela fosse feita de isopor – agora e só por isso na mão dele
A espada foi posta na mão dele e eu esperto abri um escudo, depois de tudo que aconteceu hoje eu não me surpreenderia se esse garoto acordasse e quisesse meu pescoço. Em um efeito bem menos espalhafatoso a espada começou a esvaziar na mão dele e voltar a ser de cristal, em segundos a espada estava vazia e o garoto tinha deixado de ter um aspecto de cadáver mas sem se mexer ainda
Ele abriu os olhos e sua pupila saiu de um vermelho sangue para um verde oceano lindo, ele deixou a espada cair no chão fez uma cara de quem estava a anos perdido. O Töten correu na direção do garoto e o abraçou.
- meus deuses, como eu esperei por esse dia filho – o garoto ainda estava meio sem reação até ele bater o olho em mim, sua reação foi se afastar do pai e vir na minha direção, na minha frente ele se ajoelhou e falou a frase que até hoje me dá arrepios.
- você é a parte mais importante da minha vida, eu sei quem tu és Bjorn, eu te amo por isso.
Bem eu não estava esperando aquilo e minha reação foi tentar me afastar mas ele me abraçou e começou a chorar.
Definitivamente também não era a recepção que o Töten esperava que o filho o fizesse, ele fez menção de começar a falar mas a Charlotte pôs a mão no ombro dele e disse algo no seu ouvido que o fez recuar.
Ele pegou a espada dele e foi em direção a varanda. o garoto se afastou de mim e a Charlotte veio e o abraçou
- você é meu filho agora!, Salto por favor sirva algo para que o ele possa comer. Deseja comer com ele Bjorn?.
Eu estava tonto e não me sentia muito vem, a única coisa que eu queria era minha cama e uma boa noite de sono.
- não, obrigado pelo convite mas eu agora só quero meu quarto e dormir um pouco.
- tudo bem, mas amanhã você precisa ir até essa mulher – ela pega um cartão em cima de uma mesinha e põe no meu bolso – ela vai te esclarecer muita coisa e quando terminar de falar com ela venha novamente aqui.
- ok agora eu vou embora.
Peguei minhas coisas e sai do apartamento quase correndo. Quando eu cheguei na recepção do prédio um dos funcionários disse que tinha um carro esperando no estacionamento para me levar para casa.
Fui ao estacionamento e o Salto esperava perto do carro que trouxe a gente para cá
Foi uma viagem meio curta, ao mesmo tempo que eu parecia estar sugado, minha cabeça não parava de fazer perguntas. O que tinha acontecido ali? Como assim filho de deuses ? Mas quem era aquele homem ? E como aquele garoto vivia dentro de mim?
Em alguns minutos eu adormeci.
Eu acordei horas depois no sofá da minha casa. Na mesa de centro tinha um bilhete uma chave e um cartão, o bilhete dizia:
“ cortesia da Srta. Charlotte, amanhã haverá uma festa, faça umas compras. “
Eu deixei a carta na mesa e  fui a cozinha beber água. Com o copo na mão eu sabia que tudo seria diferente daquele dia em diante e quando eu percebi eu desliguei a torneira com meus poderes. Nunca tinha feito isso. Olhei o relógio e iria dar 1h da manhã. Fui tomar um banho e quando me olhei no espelho eu estava destruído, meu cabelo todo bagunçado e meu bigode todo sujo. Eu tomei o banho, troquei de roupa estava prontos para voltar a dormir.
Fui para o quarto e apaguei, acho que naquela noite eu tive um dos piores pesadelos da minha vida.




 

filho do séculoOnde histórias criam vida. Descubra agora