Sentado sobre uma cadeira de balanço na sua varanda, ele encarava o céu limpo, repleto de estrelas e com uma majestosa lua cheia naquela noite quente de verão. Observar os pontinhos brilhantes, bem como o satélite natural da Terra, era um passatempo que tinha adquirido desde a adolescência, justamente quando começou a nascer dentro de si a enorme paixão que sentia pelos astros. De pesquisa em pesquisa sobre o universo, acabou então tomando conhecimento da Astrologia.
A mesma dizia que os corpos celestes não eram meras matérias que habitavam o espaço sideral, mas sim que eles possuíam influência sobre as personalidades, as relações humanas e outros assuntos relacionados à vida dos seres humanos. Assim, com o tempo, deixara de ser apenas uma admiração pela beleza dos mesmos e passou a ser uma crença, a medida que seu estudo nesse meio se intesificara, a qual seguia devotamente até os dias atuais.
Ao se tornar um astrólogo, Kim Taehyung certamente sofrera no início com atitudes preconceituosas, vindas principalmente de membros de sua família que eram altamente intolerantes com quaisquer outra fé que não fosse a sua. No geral ignorava veemente os insultos e afirmações que diziam que sua alma seria condenada caso não deixasse de lado tamanho pecado que era acreditar naquilo, mas nas vezes em que não conseguia evitar de ficar abatido pelos comentários extremamente julgadores que recebia, passava bem longe das confraternizações organizadas por ser parentes, até que chegou em um ponto onde raramente os via.
Ele se entristecia por isso algumas vezes, mas no fim se convencia de que era melhor manter distância, visto que eles, com exerção de seus pais — que pelo menos ligavam para perguntar como estava — também não faziam sequer questão de entrar em contato e convidá-lo para mais nada. Não era fácil, mas Taehyung preferia mil vezes ser honesto consigo mesmo e os outros no que diz respeito a quem era — porque, ainda que não não por todos, ele também era criticado por gostar de pessoas do mesmo sexo — as coisas que acreditava e queria praticar, do que fingir em ser alguém que não o representa apenas para agradar aqueles que na verdade deveriam ser a sua maior base de apoio, independente do que seja.
— Não sei o que fazer, hyung. Eu estava tão convicto de que ele era a pessoa certa para mim. Meu horóscopo até dizia, exatamente no dia em que esbarrei nele pela primeira vez na escadaria, que alguém especial iria aparecer e abalar minhas estruturas — externou a tristeza e frustração que sentia ao mesmo tempo. — Quando o vi senti uma coisa tão forte — sorriu bobo. — Como se por toda a minha vida eu estivesse esperando por tal momento, só que sem saber, entende? — suspirou, acariciando os fios macios e arrepiados de Yeontan, que dormia tranquilamente em seu colo.
— Olha, ele mora bem aqui do lado. Literalmente a dois passos do seu apartamento — disse Hoseok, seu melhor amigo e colega na empresa de turismo onde trabalhavam. Era também na família do mesmo onde se sentia de fato amado e querido. Os Jung's o receberam bem desde que pisou na casa deles há alguns anos e o tratavam como um alguém que carregava o seu próprio sobrenome, nunca lhe excluindo de absolutamente nada que faziam unidos. — Sei que quem tomou a iniciativa de chamá-lo para jantar fora você, depois de eu ter insistido muito, diga-se de passagem, mas ainda acho que vale a pena conversar com o mesmo e tentar uma outra vez — sugeriu e não permitindo que um possível argumento contra fosse dito pelo amigo, ao emendar: — Não adianta dizer que não quer isso de fato, pois eu te conheço bem. Você é a pessoa mais determinada de todas que já vi e tão raramente desiste de algo ou alguém, ainda mais acreditando que o universo está envolvido nisso.
— Acha mesmo que vale a pena fazer isto? — indagou — Ele não foi nada agradável comigo. Já passei por ofensas maiores na vida por conta das minhas crenças, sem dúvidas, no entanto, vindo dele foi mil vezes pior. Eu definitivamente não quero me sentir tão mal de novo — falou, deixando o cachorro na cadeira e levantando- se para se juntar ao mais velho no parapeito. — Não discordo do que disse sobre mim, mas até eu que sou eu, tenho os meus limites, Hobi. Não consigo sentir que dar uma segunda chance para nós seja o certo a se fazer, pois Namjoon não me deu sequer um resquício de que iria tentar compreender a forma como eu vejo as coisas. Ele só… — a voz embargou um pouco e ele teve a mão do Jung cobrindo a sua num aperto forte. — Nem sequer me deixou falar direito. Nós somos diferentes demais, incompatíveis. E sabe, pelo visto nem mesmo o universo acerta sempre.
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Sincronicidade
RomanceTaehyung possui um interesse romântico, que é mútuo, por seu vizinho Namjoon. Entretanto, após uma atitude intolerante no primeiro encontro vinda do mesmo, ele repensa sobre se aquele possível relacionamento realmente tem algum futuro. Felizmente...