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Acordo com os burburinhos das meninas do quarto, Marie, minha melhor amiga está de pé cravando seus olhos claros nos meus, chego a levar um susto.

- É hoje Natalie!!! É hojeee!!- ela da saltinhos alegres igual a um veado na mata.
Deito novamente e cubro a cabeça ao lembrar que hoje, três dias depois do meu aniversário de 18 anos, serei obrigada a ser parte da família real. Me causa dor nas entranhas só de pensar, por que esse principezinho não arruma alguém da realeza? Logo eu uma Camponesa Moralliana, a próxima princesa, e pior, a próxima rainha.
Solto um gemido ao ouvir dona Lucinda adentrar nossos aposentos.

-Natalie- chama ela cantarolando- Vamos minha querida, temos que arruma-la, o carro real irá busca-la para almoçar com a realeza, assim, conhecerá sua nova família, seu novo lar.

Ao ouvir suas últimas palavras saio debaixo da cobertas e faço uma careta, levanto com os cabelos em um lindo emaranhado de fios cor cobre e dou um beijo estralado na bochecha de Lucinda.

-Ótimo, espero conseguir faze-los mudar de ideia, e ver que não nasci pra ser uma princesa- digo e abro um sorriso sarcástico, Lucinda arregala os olhos.

Marie balança a cabeça em negação e as meninas voltam a cuchicharem sobre mim.
Tomo meu banho relaxante e visto um vestido verde claro, realçando a cor de meus olhos verdes também. Me olhos no espelho e não me vejo usando uma coroa.
Como um príncipe iria querer a mim? Não tenho nem uma beleza estrutural comparado a rainha. Meus cabelos são um tom castanho avermelhado, como o cobre, tenho um sorriso alinhado mas não tão perfeito e faço sons estranhos ao gargalhar, isso não é nada bonito.

-Aaaah, você está linda!!- Diz Marie ao entrar no banheiro para me fazer um penteado e passar um pouco de maquiagem, coisa que eu precisava muito.

-Estou repugnando toda essa ideia, mas não tenho escolha.

- Naty, você viu a família real na televisão, o príncipe é muito lindo e parece ser um cavalheiro, você não deveria repugnar tanto - ela diz fazendo uma expressão de apaixonada o que me faz rir.

- Se você acha isso tão empolgante, por que não troca de lugar comigo??- digo refutando sua ideia de amenizar a minha situação.

- Porque a senhorita foi escolhida, não perebe a sorte que tem??? Quantas garotas não querem estar em seu lugar?- ela diz terminando o penteado com uma fita linda verde escura.

Me ponho de pé e me viro para ela que segura minhas mãos.

-Só tenta amiga, lembre-se da carta de seus pais, eles estariam se orgulhando agora- ela diz e meus olhos marejaram, ela sela aquele momento com um abraço. Marie era minha irmã de coração, claro que somos muito diferentes, ela é morena e seus olhos são de um tom mel ou dourado, e ela é espetacularmente linda e delicada, o oposto de mim.

Após comer apenas uma maçã às pressas, ando com dona Lucinda, Marie e algumas garotas fuchiqueiras atrás de nós. Na porta do orfanato um carro muito lindo de cor preta me esperava, um guarda muito bonito estava posicionado à porta e o motorista ja com as mãos no volante.

-Senhorita Natalie Leroy?- diz o guarda com sua voz grave, de alguma forma subiu um frio imenso nas minhas entranhas, era como borbulhos, estava muito nervosa com a situação.

- Sou eu mesma- digo e ele abre a porta para eu entrar.

Me despeço das meninas. Dona Lucinda escondia as lágrimas atrás de sua postura impecável de uma perfeita dama. Dou um grande abraço nela

-Obrigada por tudo- digo

- Não se esqueça de tudo o que te ensinei- nos afastamos e ela segura meu rosto- Seja educada, jamais levante a voz, sei que você é bem esquentadinha, mas eu treinei você a vida inteira, sei que está pronta- ela beija minha testa, era como ter uma mãe.

Destinada à RealezaOnde histórias criam vida. Descubra agora