— Dakota e Marianne... Ah, também tem o Justin, mas ele 'tá viajando.
— Mas... Você não é o nerd esquisitão e amante de fliperama? — Jude não resistiu em implicar um pouco.
E sorriu quando Ariel revirou os olhos.
— Não é assim, eu-
— É pior. — A garota, a pouco apresentada como Marianne, pulou do muro onde estava sentada ao lado da outra menina. — Ele só sai de casa quando vamos lá buscar e, mesmo assim, depois de levar umas vassouradas da tia Rika.
Raymond não conteve a vontade de assobiar.
É, tinha mesmo algo de muito errado com ele, pois não ficou animado como normalmente ficaria ao ser apresentado a uma garota bonita como aquela.
Marianne tinha cabelos longos, cheios e repletos de cachos sem nenhuma organização, os olhos eram pequenos e puxados e a pele era uns dois tons mais clara que a sua. Ela usava roupas largas e simples, tinha um jeito despojado, era bem o seu tipo.
E que curvas!, pensou, mas suspirou frustrado ao se lembrar do rosto de Ariel rindo mesmo depois de pular de um balanço a uma altura nada indicada. Ainda sentia as dores, mesmo tendo sido há uma semana.
Não tinham se desgrudando desde então e agora ele estava ali, conhecendo as melhores amigas do garoto.
— Marianne, uhn?
Ela estendeu a mão, estourando a bola azul do chiclete que crescia cada vez mais em seus lábios.
— Me chame de Ann... Marienne era o nome da minha avó. — Bem, não parecia nome de avó.
— Jude Raymond.
Apertou a mão de unhas pintadas de azul, mas seu olhar caiu na garota que ainda estava no muro. Essa era loira, usava óculos e um boné com a aba para trás, mas podia ver que os olhos ali embaixo eram azuis. Ela só ergueu o queixo num cumprimento mudo.
— O Ari disse que você vai ficar com a gente o verão inteiro. — Marianne bateu palmas. — Podemos te mostrar a cidade quando ele estiver na floricultura! Tem feiras nos fins de semana e vão abrir um parque de diversões no outro bairro.
— Eu concordei em apresentar o Jude, mas não disse que seriam amigos para sempre. — McFly torceu a boca e estendeu a mão para a loira no muro, ganhando um chiclete sem precisar de muito esforço. — Nem sei se ele vai gostar de vocês. E eu não vou trabalhar na floricultura enquanto o Jude estiver por aqui.
— Você não me disse isso. — Jude o olhou estranho e tudo o que o Ariel pôde fazer foi erguer as mãos.
— Ela não queria que você ficasse deslocado... E tem o meu pai...
É, Jude ouvia as brigas de noite e elas estavam cada vez mais freqüentes, mas não seria ele a dizer algo a respeito. E também tinha notado que Ariel nunca mais tinha saído para trabalhar.
Ele não tinha gostado muito da história de Ariel largar o trabalho para servir de babá para ele. Já era estranho o suficiente depender de Rika e o marido dela, agindo silencioso como uma entidade naquela casa, não queria mudar a rotina de ninguém.
Ele mesmo andava saindo para procurar algo, Ariel já o tinha apresentado para dois amigos do pai dele que tinham negócio próprio, mas todos eles estavam sem vagas.
— Relaxa, Jude, a tia Rika disse pra minha mãe que a sua irmã a ajuda na floricultura. Que gracinha...! Eu sou louca pra ter uma irmã! E por que ele não gostaria da gente, Ariel? — Ann era a mais falante da turma, Jude já tinha percebido. — Não é como se ele fosse conhecer pessoas mais interessantes que nós por aqui, nesse fim de mundo.
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Cada Um Com Sua Cor
RomanceA vida de Ariel nunca teve muitas cores; na de Jude, faltavam sorrisos. Por sorte, o destino sempre foi bom na tarefa de unir o útil ao agradável e, enquanto Jude entende que não há nada de errado em deixar suas preocupações de lado, Ariel tem que...