A morte maquinada.

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— Agora ele está morto. Ele foi assassinado.

A voz de Hoseok saiu embargada, ele estava desesperado. Passou a noite em claro olhando o corpo de Yoongi na sala de casa, esticado na mesa, totalmente sem vida. Queria entender qual o nível de loucura que alguém deve chegar para cometer aquele ato, era uma simples pintura!

Os amigos do casal que estavam na Praça, ajudaram Jung a voltar para casa com o outro, as lágrimas não cessavam nem por um minuto. Ele queria ter forças para caçar o assassino, porém mal conseguia levantar do sofá.

Agora ele vestia preto, Yoongi foi trajado com as suas roupas de pintura, nada melhor do que ser visto pela última vez da maneira que mais amava. Bem, o velório vai começar, os parentes e amigos chegavam para tentar confortar o viúvo.

O primeiro passo é abrir a janela da sala.

O vento frio entrou, a mãe do falecido se preocupava em manter as velas acesas, Hoseok recebia sentimentos e pêsames na porta da casa e as pessoas iam acomodando-se ali na sala, mas não eram sequer uma dúzia.

Até que todos chegassem, passou-se duas horas. Hora de fechar novamente a janela.

As horas agora não importam mais, parem todos os relógios. Hoseok cobria todos os espelhos da sala com pinturas que Yoongi nunca tinha revelado ao grande público, alguns desviavam seus pensamentos e olhares para observá-las, admirá-las. Não foi apenas Jung que perdeu um grande artista.

— Famosos artistas entram para a história depois de morrerem... Eu não estava pronto para ver-te grande — ele segurou a mão fria do outro, ainda estava um pouco suja de tinta.

Então agora o banho do corpo.

Hoseok passava as etapas de um enterro na cabeça várias vezes, estava enlouquecendo gradualmente, "o assassino vai ter seu karma, isso retornará". Com um balde de sua oficina e um paninho qualquer, ele limpou com cuidado as mãos de Min, passou água em todas as partes visíveis, com maior cuidado ainda no rosto, que parecia descansar sereno. Só que o ainda vivo não estava perto disso, ele calmaria-se depois da vingança.

Depois de largar o balde num canto do quarto, pegou uma manta branca e assim usou-a para cobrir o amado, deixando apenas sua cabeça descoberta. Quinta fase concluída.

As lágrimas voltaram violentamente aos seus olhos, Hoseok apoiou os braços na mesa e a testa nesses, era pedir demais para ter uma chance de vê-lo uma última vez? Apenas uma despedida, um abraço, um beijo, quem sabe até contar que a máquina ligou. Um a um foi parando ao lado dele, encostando a mão nele, começando a chorar junto. Esse era o momento de enterrar de vez aquela história, aquela vida, aquela paixão.

Um dos atos finais foi Hoseok pegando sua cartola favorita, a que Yoongi quase sempre pegava emprestado, e colocando nele. Um pedacinho que o representava iria para debaixo da terra, as engrenagens perseguiam-no outra vez.

O corpo estava no caixão, em cima da carruagem, todos prontos para ir ao cemitério, quando Hoseok sentiu mais uma mão em seu ombro. Ele olhou e viu a única pessoa que não queria: seu pai. E, como se alguém falasse em seu ouvido, o sorriso do pai o entregou.

— Tu és o culpado! — Jung empurrou seu progenitor e seu rosto triste tornou-se ódio.

Aconteceu tão rápido quanto a morte na Praça, primeiramente ele negou, porém confessou-se depois de ser amarrado na árvore da casa. O sol não chovia, o sol chorava com a morte injusta de um romance, e o olhar de Hoseok era mortal, como nunca fora antes. O karma era ele, a vingança estava em suas mãos.

— Deixe-o queimar! — num instante atearam fogo e se formou a fogueira. — O encontro no inferno.

Na humanidade moderna, a antiguidade voltou: eles queimaram o assassino. Jung Hoseok dormiria tranquilo, mesmo sozinho, e Min Yoongi realmente descansava em paz.

Pecados e Morte // yoonseokOnde histórias criam vida. Descubra agora