O que acontece na festa da firma fica na festa da firma?

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Você! Você mesmo. Sabe qual a pior coisa que pode te acontecer nesse final de ano? Começa com "Festa" e termina com "da firma". Nada mais do que isso, apenas três palavras pesadas demais para que eu consiga traduzir o atual terror que me encontro neste exato momento por estar sendo obrigado a estar vestido com roupas formais, diferentes dos meus moletons diários.

― Eu não deveria ter vindo ― repito pela milésima vez para Oh Sehun, meu melhor amigo e colega de trabalho entusiasmado que está sentado ao meu lado. O dono dos ouvidos que serão obrigados a me ouvir reclamar até que essa noite finalmente termine.

― Bebida boa e de graça ― ele levanta a taça de champanhe rose em minha visão e eu suspiro pesadamente, ciente do que está por vir ―, música agitada e gente rica. Como você ousa resmungar desse jeito?

Certo! Acho que Oh Sehun não é desse mundo, eu já tentei entendê-lo, mas eu juro que se isso não fosse uma fanfic, eu não conseguiria lidar com essa positividade diariamente. Primeiro, eu realmente sou um velho, tenho meus trinta anos bem vividos, mas minhas costas doem por carregar a publicidade dessa empresa.

Nesse instante, deitar na minha cama quentinha e colocar uma meditação para ouvir, me parece uma ideia mil vezes melhor do que a de encher a cara, vomitar desnecessariamente em alguém, ser fotografado fazendo isso e acordar no dia seguinte com ressaca, sendo um eterno protagonista na história de um inocente que voltou cheirando a bolo e álcool misturados, por culpa do meu estômago fraco. Eu me pergunto como adolescentes conseguem fazer isso todos os dias.

A confraternização dessa vez está acontecendo numa casa noturna, com muita bebida alcoólica, gente de idade tentando parecer jovem e uma incrível ― insira ironia nessa última palavra ― brincadeira de final de ano a ponto de acontecer. Eu sempre costumava fugir de todas, trabalho numa empresa de computadores há três anos e nos últimos dois anos, eu havia conseguido inventar desculpas para não precisar estar reunido com tanta gente que não conheço.

Pra resumir bem, porque provavelmente você não curte aventuras longas ― assim como eu que passo longe de Senhor dos Anéis ―; atualmente eu trabalho com marketing, o tão odiado setor conhecido por gastar dinheiro exacerbadamente da empresa. Não são minhas palavras, mas sim, palavras do cara que estou encarando nesse exato momento.

Park Chanyeol é seu nome e me irritar, o seu objetivo. Ele faz parte do departamento que eu mais abomino: o financeiro. É para aquele grupo de homens vestidos de terno e gravata borboletas sufocando suas gargantas, que eu preciso pedir permissão para colocar todos os meus projetos em prática e acredite em mim quando eu digo que é mais fácil o EXO ganhar muitas promoções do que essa empresa aprovar rápido algo que eu crio.

Sei que pode parecer dramatização gratuita, mas o que esperar de uma one-shot escrita ás pressas? Eu juro que toda vez que preciso bater na porta daquela sala extremamente ajeitadinha e ar condicionado no último, que a raiva aperta-me a alma e eu saio de lá me sentindo um completo inútil. Eles sempre são extremamente obcecados com planilhas, pragmáticos com detalhes e corretíssimos com datas. Ou melhor, Park Chanyeol é.

Tudo seria perfeitamente aceitável e fácil de ser ignorado se ele tivesse setenta anos e fosse casado. O problema é que ele é um gostoso do caralho, tem vinte e cinco anos de muita saúde ― e que saúde! ― com um corpo do caralho e um caralho do caralho. E como eu sei disso? Eu estudei com esse cara no meu ensino médio inteiro e conheço cada partezinha daquele ser humano nu, pois nós também tínhamos aula de natação juntos. E eu sei que você chama de bela coincidência o que eu chamo de castigo, porque durante todos esses anos, ele é o principal alvo das minhas homenagens noturnas e dos tributos matinais, se é que você me entende.

Está tocando Now de Chase Atlantic e eu não consigo tirar meus olhos daquele cretino. O topete loiro penteado cuidadosamente para trás com certeza divulga que ele tem quadros caros pela casa inteira e ninguém pisa de sapato no carpete de milhões que é venerado na sala dele.

MAIS DO QUE AMIGOS, AMIGOS DA ONÇA | ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora