Destinada para o mafioso

Quebrada

Durante os próximos dias algumas coisas mudaram. Sofia parece estar uma espécie de namoro com esse tal de Alessandro. Ela obviamente esconde de todo mundo, e isso é fácil para ela já que eles se encontram escondidos na escola. Desde que iniciou esse... namoro? relacionamento? sei lá como se chama isso, já que ela é noiva de outro. Ela tem andado mais distante, e quando estamos juntas ela só fala sobre ele... enfim, Sofia parece estar apaixonada, mas essa não é a primeira paixonite de Sofia, então não levo tão a sério.

Descobri que o Mikhail é da máfia Russa, e está aqui de passagem fazendo algum tipo de acordo de negócios (que só pode ser ilegal, claro) com a família Pelleguini. Mas eu não me sinto segura na sua presença. Sempre que ele me vê ele esquadrinha o meu corpo, quando pode ele faz gestos obscenos, ou me dirige palavras igualmente obscenas, me deixando constrangida e desconfortável. Ando enfurnada no meu quarto a maior quantidade de tempo possível, para não me encontrar com ele. Não vejo a hora de que ele vá embora. Sofia me disse que ele vai embora amanhã, eu estou contando os minutos para que isso aconteça.

De vez enquanto volto a pensar nas coisas que Enzo me disse durante a festa... Ele parece não confiar na minha segurança aqui na casa dos Pelleguini, nem na influência de Sofia sobre mim. Será que eu realmente deveria ter medo? Eu praticamente cresci aqui, então eu meio que naturalizei todo esse comportamento da máfia. Eu acho normal estar constantemente rodeada por guardas, e morar dentro de uma fortaleza mais protegida do que muitos bancos existentes por aí. Eu não fico sabendo os detalhes dos negócios que a família Pelleguini gerencia, mas eu sei que eles mexem com coisas pesadas. Uma vez Sofia me comentou que o seu pai as vezes fica responsável de trabalhar com distribuição de drogas, sendo assim eu acho que é sobre isso que Mikhail veio negociar.

Eu não paro de pensar não somente nas palavras, mas também em cada momento que estive nos braços de Enzo... o perfume, o calor, a textura, as sensações... - Eu suspiro romântica. - Gostaria tanto que Enzo fosse o meu príncipe. A aparência ele tem, porém falta todo o resto. Ele é o vilão da história, ele é muito velho para mim, pelo menos por enquanto, e o mais importante: Ele é o noivo da minha melhor amiga. Ou seja, Está tudo errado.

Bato com frustração no travesseiro da minha cama. Tenho que tirá-lo da minha cabeça! isso é errado e doentio. O meu lado racional concorda totalmente, mas o meu lado irracional não cansa de babar por ele.

Decido que já chega de ficar no quarto, vou ajudar a minha mãe com a nossa janta. Ela já terminou o seu turno de trabalho na casa principal por hoje, e estamos só nós três em casa.

A nossa dependência de funcionários e pequena, mas cuidamos dela com muito carinho. Temos apenas dois quartos, sala, cozinha e um banheiro. Não gosto de compartilhar o meu quarto com o meu irmão, mas não há nada a ser feito quanto a isso. Pelo menos estudamos em turnos diferentes. O que permite que eu fique com o quarto só para mim pela manhã, que após toda a sua confusão matutina para se arrumar e sair para a escola, eu sempre fico na cama por mais tempo, enrolando e aproveitando um tempo de preguiça. A casa de manhã é só para mim. Minha mãe leva o Filipo cedo para a escola, e já segue para a casa principal para iniciar o dia de trabalho. Depois de curtir um pouco de preguiça, eu a ajudo nos trabalhos domésticos, antes de almoçar, me arrumar e ir para a escola à tarde.

- Finalmente você veio me ajudar com o jantar, pensei que você não ia mais sair daquele quarto. - Minha mãe se queixa ao notar a minha presença.

- Em que posso ajudar mãe?

- Cuide da salada, que eu faço o resto. - Ela aponta para os ingredientes que estão em cima da pia.

Eu começo a lavar as folhas do alface, deixando-as de molho em uma mistura específica para lavar os ingredientes da salada, enquanto isso vou lavando e cortando os demais ingredientes.