Capítulo 1

4 1 0
                                    

POV Yuna

Flashback on

-Mamãe, mamãe olha o que eu achei!

Corri o mais rápido até minha mãe. Elas estavam sentadas no banco do parque, lendo um livro com a capa laranja e seus óculos vermelhos. Chego até ela com um trevo de quatro folhas em mãos.

-Que lindo minha filha! Você sabia que isso é um sinal de sorte? - ela tira seus óculos e me coloca em seu colo. Para uma criança de 6 anos, o colo de uma mãe é sempre o lugar mais seguro...

-Faz um pedido mamãe! - ela dá um sorriso gigantesco, daqueles que esquenta muito o coração de uma filha.

-Desejo que vivamos felizes para sempre! Juntas! - ela me abraça e assopramos o trevo para longe, levando seu pedido junto.

Flashback off

E lá estava eu. Vendo uma cena que eu não desejaria que ninguém visse tão cedo. Muitos poucos familiares vieram ao enterro de minha mãe. Eu ouvia "meus pêsames" de todos, mas nenhum parecia ser realmente real. Enquanto deciam o caixão de minha mãe para finalmente ela descansar em paz, peço para dar uma última despedida de minha mãe. Me ajoelho, com os olhos inchados e vermelhos e encosto minhas mãos na madeira já fria e digo:

-Eu vou te amar para sempre mãe. Você é minha heroína. Infelizmente não vamos cumprir o que prometemos, porém eu prometo que viveria o possível e o melhor para agradar você! Eu te amo...

Após mais um tempo ajoelhada, vendo o caixão descer, jogo uma última flor dentro do buraco que logo ia ser preenchido com terra.

-Orquídias. Eram suas favoritas.

Sento me na grama, o lugar já não tinha mais ninguém.

-O que será de mim sem você agora mamãe? - conversava  com um buraco recém preenchido - você era a única pra mim, a única na qual eu realmente poderia confiar. Por que fez isso comigo mamãe? Porque não me contou mais cedo sobre sua doença?

As lágrimas não paravam de cair. Era algo que doía muito, parecia que eu ia morrer. Eu gritava de tanto dor que aquilo me causava.
E eu apenas continuei ali, sentada na grama, conversando com a minha mãe, e ao mesmo tempo me perguntando:

-Como será a minha vida a partir de agora, será que o meu pai vai finalmente dar as caras por aqui?
Fico ali por mais alguns minutos e resolvo ir para casa.

Agora ela estava vazia, não tinha o cheira da comida maravilhosa dela, ou da sua linda voz cantando enquanto cozinhava.

Em meio a choros e lembranças deitada na cama, eu adormeço, com os olhos inchados de tanto chorar.

Acordo no dia seguinte e vou fazer minhas higienes, até que ouço o som da campainha tocar e penso:

- Mas quem será a essa hora da manhã?
Quando vejo pelo olho mágico, era um homem de terno com um monte de papelada em mãos. Quando abro a porta ele tira seus óculos escuros.

-Olá, desculpa incomodá-la. Você é a senhorita Yuna?

-Sou sim, o que o senhor deseja ?

-Posso entrar para conversarmos melhor?

-Ah, claro! Pode entrar - eu afasto para ele poder passar

-Meus pêsames. Sua mãe era uma mulher extraordinária. - ele diz quando se acomoda na mesa onde eu havia pedido para sentar. Dou apenas um sorriso fraco, pois eu não gostava de lembrar sobre o ocorrido.

-Obrigada... Então, sobre o que o senhor gostaria de conversar?

-Bom, a senhorita deve saber que ainda não tem idade para morar sozinha certo?

- Infelizmente sei sim, mas quem é você? - fico imaginando onde ele quer chegar com essa conversa.

-Sou o advogado da sua mãe, ela me pediu que quando viesse a falecer eu te fizesse essa visita.

-Ah sim. Ela já devia saber o que iria acontecer... - eu fico cabisbaixa

-Desculpa vim lhe contatar tão cedo. Eu sei como deve estar sendo difícil, mas o sistema está no meu pé, pois não querem que você fique sozinha por muito mais tempo, pois é contar lei. Vim apenas lhe mostrar o testamento que sua mãe lhe deixou. Deixarei uma cópia com você, e deixarei você raciocinar até o dia de amanhã, o que você acha? Não quero ficar lhe incomodando nem sendo rude, em um dia como esse.

- Ah claro pode ser sim, e  agradeço por estar sendo atensioso comigo nesse momento.

- Magina, sei o quanto é difícil perder alguém que amamos.

- Infelizmente é sim - digo com uma voz de tristeza...

- Estava quase me esquecendo, qual é o seu nome ?

- Ai nossa me desculpe, me chamo Min joon. Bom senhorita tenho que ir, foi um prazer conhecê-la e até amanhã.

- Até!
Após fechar a porta e traca-la, eu estava sozinha novamente. Meus pensamentos não paravam de rodar e tudo o que eu queria era chorar. Me encosto na porta e sento no chão, já começando a chorar. A dor ainda era muito forte e tudo o que eu conseguia pensar naquela casa, eram as memórias. Eu cresci com ela aqui  e cada lugar me lembrava ela. As lágrimas desciam pesadas, e eu já estava ficando sem ar.
Acabo molhando o envelope em minha mão de lágrimas. Tinha esquecido do testamento. Decido abrir o envelope, e ler o que ela havia escrito. Ver a letra da minha mãe era extremamente doloroso.
"Se você está lendo isso, é porque infelizmente o câncer ganhou de mim, e fez a gente se separar cedo demais minha filha. Tudo o que eu mais queria era te ver crescer. Pagar sua faculdade, ver você se formando, se casando, ter netinhos ... Mas infelizmente a vida nem sempre é justa. Eu quero que saiba que eu te amo muito minha filha, e eu sempre estarei no seu coração. Desculpa te decepcionar e não estar aí para te ver crescer..."
Não consegui ler o resto, pois era muito doloroso. Pulo para parte que o advogado havia pedido pra eu ler:
"... a menor será acolhida pelo pai, pois não poderá morar sozinha, e essa decisão foi feita pela responsável legal de Yuna..."

-PAI? - dou um berro após ler uma parte do contrato - OQUE?
- NÃO NÃO É POSSÍVEL, meu pai nunca cuidou de mim, nunca foi presente na minha vida, e agora eu vou ter que morar com ele ? Como assim!! E a minha faculdade?

E assim foi o resto do meu dia, pensando qual o sentido disso, sendo que eu nunca vi o meu pai em toda a minha vida, acabo criando muitas paranóias em minha cabeça e quando percebi já era tarde, resolvo ir dormir porque amanhã cedo terei que conversar sério com o Min joon sobre isso.

(...)
-De jeito nenhum eu vou morar com aquele homem! Eu nem conheço ele Min Joon. Ele me deixou e deixou minha mãe quando eu tinha apenas 1 ano. Esse homem é um monstro! - eu digo, balançando a papelada, indignada.

-Senhorita Yuna, se acalme! Tem muita coisa que você não sabe.

-E você sabe? Esteve aqui nos últimos 17 anos? Minha mãe cuidou de mim sozinha, sem precisar da ajuda de ninguém, principalmente desse homem.

-O nome desta casa está no nome de seu pai Yuna. Nós últimos 17 anos, quem pagou essa casa, foi seu pai...

-O-oque? Mas... - como assim? Não foi minha mãe que pagou essa casa?
-Infelizmente eu tenho um compromisso daqui 20 minutos e preciso da sua assinatura. Você será levada para Coréia do Sul para morar com seu pai amanhã de manhã. Arrume suas coisas. Caso você não colabore, a polícia virá até aqui.

-Mas... É só isso? Vocês simplesmente me tiram tudo e eu não posso falar nada?

-No momento, a lei e a sua mãe pedem para você se mudar até completar maior idade. Então, não poderá fazer nada até completar 18 anos... Me desculpe senhorita, mas eu preciso que assine isso. - ele coloca um papel e uma caneta em cima da mesa. Dessa vez eu chorava, mas era de raiva. Como que a minha vida conseguiu chegar a esse ponto?

Sete PecadosOnde histórias criam vida. Descubra agora