Tragic childhood, but with a start for us

283 47 58
                                    

Naquele tempo, o seu sorriso que ofuscava até a luz do sol, libertou o breu que se alastrava em meu peito.

...


Lembro-me que naquele dia estava esperando a minha mãe me buscar como sempre fazia, a ansiedade em voltar pra casa e poder brincar com meu novo conjunto de jogos matemáticos que havia ganhado do meu irmão no meu aniversário de sete anos, que tinha sido dias atrás, fazia-se presente a cada instante em que eu fitava a porta da escolinha, com a esperança embutida em minhas íris de ver a mulher de lindos cabelos negros passar por ela.

Passaram-se segundos, minutos e horas, mas ela não passou por aquela porta.

Me lembro dos olhares de confusão e pena que eram direcionados a mim, e eu não entendia, será se eu tinha feito algo de errado? Será se a demora da minha mãe estava relacionado com algum comportamento que eu tive? Ela estaria brava comigo?

Minha professora estava comigo, me fazendo companhia enquanto minha mãe não chegava, e pude perceber que naquele momento, ela estava bastante diferente. Ela costumava ser bastante calma com todos, sempre transmitia uma aura relaxada, mas naquele momento eu pude ver o quão atormentada ela estava com algo.

Eu só queria ir pra casa, assistir meus desenhos, ouvir a voz doce da minha mãe me chamando pra ir almoçar, sentir o beijo na minha cabeça que o meu pai sempre dava antes de ir trabalhar, abraçar ele quando chegasse, ouvir minha mãe contar uma história para que eu pudesse dormir. Por que eu tinha que esperar tanto pra ter tudo isso?

A resposta veio quando o meu irmão passou por aquela porta, e não a mulher de cabelos negros.

O meu irmão não morava mais conosco faziam dois anos, ele passou a morar em outra cidade com nossos tios quando conseguiu passar na faculdade que tanto almejava. Lembro-me da felicidade que transbordava entre cada palavra que saia de sua boca quando ele foi contar aos meus pais, que receberam aquela notícia com um sorriso estampado em suas faces e com muito amor no abraço apertado que deram nele naquele dia. Ele ia visitar a gente quando podia, e sempre levava algum presente para mim com o rosto que exalava alegria.

Mas daquela vez, fui recebido com uma expressão de pura tristeza, e sem nenhum presente em suas mãos.

Ele conversou com minha professora, e logo após veio até mim. Suas mãos frias tocaram a minha, e ele disse que era ele quem ia me levar pra casa naquele dia, fiquei feliz e o abracei, pois não era todo dia que meu irmão ia me buscar na escola. Assim que envolvi os meus braços em seu corpo, ele se abaixou e me puxou pra que eu o abraçasse ainda mais, senti as mãos dele agarrarem o meu uniforme com força, e gotas caírem sobre meus ombros.

Ele simplesmente se levantou e carregou a minha mochila com um de suas mãos, com a outra ele segurava minha mão. Ainda feliz por ele ter ido me buscar, e não a minha mãe, como era o usual, ergui minha cabeça e mirei em seus olhos que estavam bastante inchados e com algumas lágrimas. Eu estava estranhando todo aquele comportamento, mas estava feliz por ele ter ido me buscar. Em seguida, fiz a ele a pergunta em que ele certamente não queria ouvir naquele momento, pois quando eu terminei de falar, ele parou de andar e mais lágrimas caíram de seus olhos.


Niichan, por que a mamãe não veio me buscar hoje?

...

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 26, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

My life with himOnde histórias criam vida. Descubra agora