1:00 AM

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Calafrios, ventos e neblinas. Uma sensação de paralisa tomou conta do meu corpo. Não conseguia falar, gritar, gemer, nada! Com os olhos abertos sentia uma das piores sensações da minha vida. Posso tentar descrevê-la e falhar miseravelmente ou apenas contar o que aconteceu naquela noite estranha. Horas atrás, havia me despedido do meus amigos e familiares para dormir e nada de estranho aconteceu. Apaguei a luz, fechei as imensas cortinas brancas que cobriam uma janela relativamente assustadora que ficava ao lado esquerdo da minha cama e logo adormeci - como em qualquer outro dia. No entanto, no meio da madrugada, comecei a sentir calafrios horríveis que pareciam quebrar a minha espinha lentamente. Uma sensação de medo e ao mesmo tempo coragem para abrir a boca e gritar tomou conta de mim. Porém, não conseguia nem mover os meus pés, quem dirá gritar para pedi socorro. Olhei para o relógio que estava na parede de frente para a minha cama e ele marcava 01:00 AM. Tentei balançar meu corpo, puxando toda a força interior que eu tinha mas falhei. Não conseguia levantar a cabeça. Tentei gritar mas parecia que alguma coisa, alguém ou alguma criatura estava segurando a minha garganta para que eu não conseguisse. Olhei para o relógio novamente e ele já marcava 01:10 AM. Já havia 10 minutos de paralisia - o que cientificamente era impossível. Fiquei desesperada! Comecei a ter a sensação de que eu era a protagonista de um filme de terror em que o assassino tortura e mata lentamente a sua vítima. Como se já não bastasse todo esse misto de sentimentos, depois de muito esforço, consegui virar minha cabeça para o lado esquerdo do quarto - onde ficava a janela. A alegria de conseguir mover uma pequena parte do meu corpo durou pouco. Assim que mirei meus olhos na janela, uma espécie de neblina sombria começou a entrar e se difundir pelo chão do meu quarto. Por um momento, senti-me em uma viagem entre os diversos planos espirituais. Olhei novamente para a neblina e ela tomava conta de tudo, inclusive dos pés da minha cama. Levantei meu olhar e cravei-o na janela. Meu sangue gelou. Fiquei novamente paralisada. Uma sombra parecia estar se formando e eu só conseguia ver as silhuetas que ficavam na parte externa da janela. Aquela cena era assustadora! Enquanto as cortinas brancas balançavam com o vento, a luz da lua iluminava alguma criatura que estava sentada na parte externa da minha janela e, consequentemente, a sombra se refletia. A criatura parecia pequena, com orelhas pontudas e corcunda. Ela parecia carregar na mão um cajado. Enquanto eu olhava para aquela criatura, um frio assustador começou a entrar pelo meu quarto. Meus olhos se encheram de lágrimas mas congelavam antes de escorrer pelo meu resto - o que parecia impossível! Fiquei olhando novamente para aquela criatura e com muito medo, contudo, pensei em toda a minha família, todos os meus amigos, não podia deixar-me vencer dessa forma tão fácil, não podia ter medo! Um fogo dentro de mim começou a ascender. Um espírito de esperança e coragem tomou conta de mim até que finalmente consegui me levantar da cama. Aquela sombra se dissolveu na luz do luar, a neblina, que até o momento cobria toda a superfície do chão do meu quarto, também se dissolveu! Agora, eu conseguia mexer meus dedos, mãos e pés. Fiz um breve alongamento e comecei a andar pelo meu quarto, pensando e refletindo no que havia acabado de acontecer. Pensamentos e pensamentos tomaram conta do meu cérebro e, apesar de diversas incertecezas, sabia que não podia contar para os meus pais. Não iam acreditar em mim e, mesmo se acreditassem, aquela criatura podia fazer algo com eles. Andei pelo meu quarto para lá e para cá, até que, ao me aproximar da janela, comecei a ouvir vozes na minha mente:"Garota, você sabe demais! Precisa vir até a janela, venha! venha! venha!"Apesar de todo aquele terror, ignorei as vozes e me deitei na cama para tentar dormir novamente. Entretanto, não consegui! Parece que as vozes só aumentavam e um sentimento de curiosidade começou a tomar conta de mim e resolvi verificar a janela. Me levantei da cama, prendi meus cachos sedosos e coloquei meus óculos cor de rosa. Minha camisola de seda parecia brilhar com a luz da lua. Ao me aproximar da janela, meu corpo gelou.

A lua de sangueOnde histórias criam vida. Descubra agora