Prólogo

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                                       💃🏻

Eu corria, ofegante, por aquelas ruas de paralelepípedos de Sevilha na esperança de encontrar o que os meus olhos juraram ter visto. Meu coração batia forte, não sei se pelo excesso de velocidade das minhas pernas, ou pela emoção que a esperança – talvez de uma ilusão da minha mente – fazia-me crer.

Mesmo com todo o preparo físico de uma dançarina, minha respiração era entrecortada e rápida. Claro que o motivo não era físico, e sim emocional. Sentia meu sangue correndo quente pelo meu corpo, não por causa do movimento externo, mas pela movimentação interna e frenética, a movimentação do caldeirão das minhas emoções, que estava em ebulição.

A possibilidade daquele homem, que se encontrava a alguns metros de distância, caminhando tranquilamente, ser quem eu pensava que era, ser quem eu queria que fosse, fazia-me impulsionar os meus sentimentos de uma forma, que acelerava o metabolismo de meu corpo.

Eu tentava alcançá-lo sem querer chamar por seu nome, já que não tinha certeza de sua identidade. Então, corria, corria como podia com aquelas sandálias de salto alto. Por mais que tivesse o equilíbrio do meu corpo como aliado, pois fazia parte da minha profissão, por conta daquele salto agulha eu não conseguia correr o tanto que eu podia e queria. E eis que o maldito salto se prende entre os paralelepípedos.

Naquele momento quase cai de joelhos, foi por pouco. Imagina se caio! Seria forte a chance de descer, rolando, ladeira abaixo. Bem, pelo menos daquela forma eu chegaria rapidinho ao meu destino. Mas não caí, ainda bem! Consegui me equilibrar, entretanto, perdi um pouco de tempo tentando libertar o salto daquelas lindas pedras, que eu tanto amava por proporcionarem um toque pitoresco àquela cidade, mas que naquele momento eu odiava com todas as minhas forças.

Foi preciso tirar a sandália do pé para conseguir soltá-la do meio daqueles algozes de pedra, que a torturavam sem piedade. Eu, que já tenho o sangue quente, bufava de raiva, ao mesmo tempo em que tentava não tirar os olhos do meu foco. E ia observando aquele homem cada vez mais longe, se distanciando de mim.

Finalmente, consegui com toda a minha força puxar a sandália, e eis que libertei meu salto. Não me fiz de rogada e me livrei do outro pé, pondo-me a correr, com o par de sandálias nas mãos, atrás do meu objetivo. Ao mesmo tempo,  eu já me questionava se aquilo tudo não seria apenas uma loucura, uma grande pegadinha do meu inconsciente querendo me mostrar que eu ainda não estava pronta para largar a terapia.

Ora, mas a terapia não foi por causa dele, disse para mim mesma. Mas o que me intrigava era a pergunta que não queria calar: o que Marco estaria fazendo na Espanha?!

                                  ❤️❤️❤️

O Segurança e a Dançarina - Amor em pedaços Onde histórias criam vida. Descubra agora