Capítulo Três

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-- É verdade?

Embora fizesse dois anos que Heather ouvira essa voz pela última vez, ela a reconheceu no mesmo instante. Era incrível como essa frase parecia um bordão entre eles. Da última vez que eles tinham conversado também tinha sido assim:

-- É verdade que meu irmão esteve em Malfoy Manor na Páscoa?

-- Como você sabe disso?

-- É verdade?

-- Sim. Eu tentei fingir que não sabia quem eles eram, mas minha tia reconheceu Potter e torturou Granger, mas eles conseguiram fugir.

Heather sentiu os olhos marejarem. Odiava chorar na frente dos outros -- ainda mais na frente dele! --, mas não conseguia impedir as lágrimas. Merlin, quando essa guerra acabaria? Perderia o único irmão que realmente se importava com ela?

-- Eles estão bem -- Draco disse colocando as mãos no rosto dela é limpando suas lágrimas com o polegares.

-- E-ele parecia tão machucado...

-- Parecia? -- perguntou confuso. -- Como você sabe?

-- Eu sonhei com isso -- confessou. Havia deixado Sirius louco ao contar o que sonhara. Heather havia passado o feriado em Grimmauld Place e tentara esconder sua aflição, mas Tonks, que estava morando ali com Lupin, havia percebido e a colocara contra a parede. Harry havia fugido sozinho com Rony e Hermione para caçar as Horcruxes alguns meses antes e Sirius só não havia ido até a mansão dos Malfoy porque Tonks começara a passar mal. Sua gravidez estava muito adiantada e o bebê poderia nascer a qualquer momento.

-- Você sonhou?

-- Isso acontece às vezes. Eu sonho algo e aquilo acontece.

-- Você prevê o futuro?

-- Não exatamente. Algumas vezes, muito raramente, na verdade, eu sonho com algo que vai acontecer naquele dia. E acontece.

-- Impressionante.

Ela não achava tão impressionante assim, mas não tinha forças para discutir naquele momento. Então desviou de assunto.

-- Harry estava muito machucado?

-- Não. Acho que foi coisa da Granger para não reconhecerem ele, mal dava para ver a cicatriz. Se fosse outro Comensal que tivesse encontrado com eles, duvido que o teriam reconhecido.

-- Obrigada por ter tentado protegê-los.

-- Não fiz isso por vocês. Eu conheço Potter o suficiente para saber que ele conseguiria se livrar das garras de Voldemort e nossa família sofreria as consequências - exatamente como aconteceu.

-- Eu sei -- Heather concedeu, embora duvidasse das palavras dele. -- Mesmo assim, eu agradeço. Daphne e eu nunca fomos próximas, mesmo crescendo juntas e estando na mesma Casa. Já Harry e eu temos uma ligação, mesmo discutindo e estando em Casas diferentes. Eu não quero que ele morra -- sussurrou a última frase sentindo as lágrimas rolarem de novo.

-- Cadê a sonserina de língua afiada que eu conheço? Não chore. Harry Potter é O Menino Que Sobreviveu. Ele vai sobreviver de novo.

Ela balançou a cabeça, tentando se convencer disso, mas era difícil. Céus, odiava chorar.

-- Me beije -- pediu, sentindo as bochechas corarem.

-- Quê?

-- Eu preciso me distrair e você não beija tão mal assim.

Ele a beijara, mas foi a última vez que haviam conversado. A guerra chegara em Hogwarts poucas semanas depois. Heather sonhara com ela. Como sempre vira apenas as pessoas ligadas à ela de alguma forma: Tonks, Lupin, Fred, Draco. E então havia sido acordada antes de descobrir o que aconteceria com Harry.

Heather contara para Ginny o que havia sonhado e deixara nas mãos dela manter Fred vivo. Quanto a Tonks e Lupin, Heather desarmou os dois, amarrou-os, os desiludiu e os contrabandeou para as masmorras. Pelo sonho, soubera que a guerra não chegaria ali.

-- Por quê você está fazendo isso, Heather? -- Tonks perguntara indignada, antes de ser amordaçada.

-- Teddy não merece ter o mesmo destino que Harry e eu.

Depois disso, a guerra se desenrolara como Draco havia previsto: Harry sobrevivera. Voldemort fora derrotado. Os Malfoy foram soltos por terem ajudado Harry no final. Mas Heather não vira mais Draco até aquele momento na Madame Malkin - Roupa para todas as ocasiões.

-- É verdade que você está saindo com o Weasley?

Heather virou-se para Malfoy. Que audácia perguntar isso depois de dois anos e nem sequer a cumprimentar primeiro.

-- Qual deles?

-- Não importa. É verdade? -- perguntou irritado.

Ora, ora. Isso era interessante.

-- Parece que você se importa.

-- Óbvio que não! -- ele exclamou e só então pareceu perceber o que estava fazendo. Virou as costas para ela e começou a se afastar, mas Heather não o deixaria ir tão facilmente.

-- De onde você tirou essa ideia? -- perguntou curiosa.

Ele parou.

-- Eu ouvi a Granger e a Weasley conversando na Floreios e Borrões.

-- Onde está Heather?

-- Na Madame Malkin, escolhendo um vestido para o encontro.

-- Espero que ela encontre algo lindo. Meu irmão está tão nervoso.

Heather sorriu. Então elas estavam bancando o cupido?

-- Elas tinham visto você?

-- Não sei -- ele franziu a testa. -- Acho que sim.

-- Se você me levar a um encontro, Rony, com certeza, ficará muito nervoso. Encontrei o vestido perfeito.

💚💚💚💚
Notas Finais


Eu tinha finalizado a fic, mas a dona Clenery ficou me dando ideia. Então vai ter mais um capítulo ainda

HeatherOnde histórias criam vida. Descubra agora