Prescila Francioli
Tanto sol pela manhã, e agora, tá esse céu nublado. As folhas das árvores começam a se fechar, parecem perceber que o clima vai mudar totalmente. As flores estão se encolhendo junto com o sol que está prestes a se por, em duas horas no máximo.
Há um movimento quebrando o silêncio acolhedor da floresta. Ouço uma voz gritando:
— Anaaa...Anaaa...onde você está? Me ajudem!
— Vamos ver o motivo dessa mulher estar gritando tanto Dorival – fala Marcela para seu namorado.
Correram até lá, vencendo o escuro ajudados pela lanterna nas mãos da mulher.
— Podemos ajudar em alguma coisa? Estamos acampando próximo daqui e notamos que você está gritando.
— Eu estava no riacho e me distrai por um instante, quando percebi, ela não estava mais lá. Não consigo acha-la. Ela é tão menina. Estou apavorada.
— Há alguém que a gente possa chamar para te ajudar?
— Tem a Leandra que mora na saída da floresta. Ela conhece muito bem tudo isso aqui.
— Nós vamos atrás dela – decidiu Marcela.
Os dois entraram na caminhoneta S10 e sairam a toda velocidade. Ao chegarem na saída da floresta, notaram duas casas de madeira na cor branca, com janelas azuis escura.
— São iguais e agora? – Fala Dorival com o semblante decepcionado.
— Agora é perguntar né querido. – Afirma Marcela em tom de deboche - vamos homem, é a vida de uma menina.
Batem na porta com toda força. Ouvem um caminhar pesado. A porta se abre fazendo um barulho irritante. Aparece um homem de cabelos grisalhos e com o semblante nada acolhedor.
— Por que estão tentando derrubar minha porta?
— Estamos procurando pela Leandra.
— Ela mora na outra casa.
— Obrigada.
Na outra casa, Marcela bate na porta. Logo aparece uma jovem alta, de cabelos negros, pele bronzeada, olhos verdes, lábios carnudos, passos firmes.
— Em que posso ajuda-los? – Pergunta ela com um sorriso iluminado.
— Venha conosco para a floresta, ajudar a procurar uma menina que desapareceu.
— Nossa, não! Tenho medo de cobra e já escureceu, e não posso deixar minha avó e minha filha de dois anos sozinha.
— Seu esposo, ele não pode ficar com elas?
— Esposo? Não tenho esposo, sou mãe solteira.
— Leandra, é esse seu nome? A mulher disse que você é quem mais conhece a floresta e afirmou que se você não conseguir achar a menina, ninguém mais conseguirá.
— Quem é a mulher?
— Não sei o nome, não é muito alta, tem olhos castanhos escuros, cabelos curtos pretos e pele clara.
— Meu Deus! Quanto mais sonho com a cidade, mais me enfiam pra dentro da floresta. Minha mãe já morreu por aqui. Imagina eu morrer. Quem irá cuidar da minha vó e da minha filha?

VOCÊ ESTÁ LENDO
A MEGERA, O AÇOUGUEIRO E O ANJO
ContoEm uma pacata cidade, a pequena Ana de cinco anos desaparece e a floresta negra é acordada de seu silêncio assombroso juntando pessoas em uma missão de salvamento. Onde estará Ana?