Andando pela rua de um bairro humilde, um homem caminhava com as mãos enterradas no bolso da calça cabisbaixo e triste por ter sofrido uma perda.
"O que vou fazer agora? Como será daqui pra frente?", se questionava constantemente, cobrando uma boa resposta de si mesmo que nunca surgia.
Este homem usava um boné do qual gostava muito devido o slogan do seu time de basquete favorito. Quando ele chegou no meio do percurso da rua, soprou um vento forte que tirou o boné de sua cabeça. Ele ergueu os braços tentando apanhá-lo no ar, mas não tendo sucesso, acompanhou o acessório com o olhar. O boné sobrevoou para um pequeno campo árido cercado ao lado.
O homem olhou para todos os lados, casas e janelas se certificando de que ninguém o estivesse vendo, dirigiu-se à cerca de arame farpado apreensivo e, passando por entre ela, adentrou o campo e andou depressa até o boné que estava quase no meio do terreno. Ao pegá-lo rapidamente, reparou em um brilho minúsculo encravado no chão. Mesmo tão pequeno, era impossível não reparar de tão reluzente.
Ele se agachou, passou o dedo por cima e tentou remover com as unhas provocando uma agonia em si mesmo pelos arranhões que fazia no solo.Olhando ao redor, buscava visualmente por algo que lhe ajudasse quando viu algumas ferramentas largadas em um canto. Ele pegou a mais discreta e pontiaguda que tinha e começou a perfurar o solo ao redor daquele pontinho brilhante que começava a crescer. Ele continuou cavando até que conseguiu descobrir do que se tratava: era uma grande pedra preciosa e brilhante. Ele não sabia que tipo de pedra era aquela, mas tinha certeza que era valiosíssima.
Ele enterrou a pedra novamente, batendo e espalhando a terra com as mãos para disfarçar o máximo possível e saiu rapidamente de lá. Procurou por uma placa com o contato do dono, bateu em algumas casas pedindo informação até que conseguiu o número do proprietário.
- Oi, quero falar com o proprietário do campo, por favor.
- Sou eu mesmo. Em que posso ajudar? - respondeu o dono.
- Eu passei aqui pela rua e vi o seu campo. Quero comprá-lo. Quanto custa?
- 5 mil.
- 5 mil? - questionou surpreso. - Mas esse campo é muito pequeno pra custar 5 mil reais.
- O preço é 5 mil. - respondeu o dono serenamente irredutível.
O homem lembrou que o tesouro que encontrara certamente valia muito mais que aquele valor. Ele respirou fundo, engoliu as reclamações e disse:
- Tudo bem, eu fico com ele. Quero pra hoje.
O homem encerrou a chamada e foi pra casa. No caminho, encontrou alguns outros homens com quem conseguiu fechar negócio para lhes vender algumas coisas e passou o endereço para que eles fossem buscar as mercadorias.
Ao chegar em casa, o homem correu pro quarto e pegou tudo o que tinha: roupas, calçados e outros pertences. Ele começou a colocar a casa de cabeça pra baixo, desmontando tudo o que podia, empacotando, limpando e deixando tudo preparado para quando os homens chegassem.
De repente ecoaram batidas na sua porta. Achando que fosse os homens com quem fechou negócio, foi depressa atender. Para sua surpresa, era um dos seus tios, o qual não via há muito tempo.
- Tio? O que está fazendo aqui? - questionou esboçando naturalmente toda a sua surpresa.
- Bom te ver também, meu sobrinho. Obrigado pela recepção. - ironizou. - Posso entrar?
- Claro... Ignore a bagunça...
Seu tio entrou assim que o homem o concedeu passagem.
- Vai se mudar? - perguntou o tio.