quando ouvi teu nome

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Nossos caminhos se cruzaram muito cedo, a caminhada estava difícil e eu preferi pegar outra estrada, com menos buracos, menos pedras, era para ser perfeito, mas você não estava lá. Era frio, sem vida, mas eu não sabia disso. Não antes de saber que você sempre esteve pelo outro caminho, mas que preferiu dar meia volta e me surpreender, como se dissesse que me esperou por todo esse tempo, como se dissesse que estava ali desde sempre, mas que eu estava impedida de vê-lo, porque era verão, o dia estava ensolarado, e eu ouvi o teu nome pela primeira vez. Eu não prestei atenção, mas talvez isso tenha sido um aviso de que você estava me esperando

Dois anos depois, era inverno, eu ouvi teu nome pela segunda vez. Eu não dei importância. O céu estava cinza demais e as pessoas falavam muito baixo, tudo parecia estar em câmera lenta e eu só queria estar em casa. No ano seguinte eu ouvi teu nome pela terceira vez. Você era impressionante, mas eu não prestei atenção. 

No outro ano, eu ouvi teu nome pela quarta vez. Era verão de novo, eu lembro daquele dia, a memória fresca em minha mente, o céu azul, era cedo da manhã, a brêtema pairando perto do chão, se despedindo de nós mais uma vez. E ali estava você, com aquela calça com estampa militar, botas pretas e um moletom da mesma cor, com um olhar que parecia que hipnotizava a todos, ou talvez tenha sido impressão minha, ou talvez eu tivesse sido hipnotizada por você. Eu não queria. Não queria ser hipnotizada, não queria entregar o meu coração, não queria, não queria... Então eu ignorei, fingi não estar completamente apaixonada e segui a minha vida.

No outro ano, eu ouvi teu nome pela quinta vez. Com o olhar perdido naquela janela do trem, nada a dizer, vestindo aquele blusão branco de gola alta, foi ali, bem ali, que eu me rendi. E dizer que você era a pessoa mais apaixonante que eu já havia conhecido seria um mero eufemismo, porque você, sem dúvidas, era muito mais. E então eu ouvi teu nome pela sexta, sétima vez, e eu achei lindo. O teu nome estava gravado na minha mente, era quase lírico, e também havia se tornado o motivo das minhas poesias mais enternecidas. Eu não pude admitir de início, mas o meu coração havia sido tomado por você, tinha o feito de morada, havia até alguns móveis e parecia um quarto de adolescente na sua fase mais rebelde, quando colava um adesivo que dizia "Não entre!". 

E então, quando eu ouvi teu nome pela oitava vez, você quis que eu te conhecesse, e eu descobri que quando você sorri com os olhos antes de abrir aquele sorriso de orelha a orelha talvez seja o meu momento favorito, porque dá para ver um brilho especial nas suas pupilas, como se você estivesse explodindo em milhares de confetes prateados de festas infantis, mas isso seria apenas um eufemismo, perto do tamanho das palavras que eu deveria usar para descrever esse seu sorriso verdadeiro. É um eufemismo, Jungkook, porque você brilha. Brilha tanto que parece que o universo cansa de habitar dentro de você e resolve aparecer em seus olhos. E também descobri que quando você fica concentrado em algo e seus lábios se curvam de uma forma engraçada, como se quisessem tentar ajudar naquela tarefa difícil, eu acho uma graça, porque parece que o mundo parou e só existe aquele problema em questão, você fica quieto e, quando consegue resolver, vibra. Vibra tanto que pula, abre um sorriso de satisfação e quer mostrar para todos o seu feito. Mas talvez seja um eufemismo, porque a felicidade que toma conta de si é maior que a palavra "vibrar". Eu descobri que amo o teu sorriso e amo quando você deixa escapar a sua criança interior. Descobri que amo as constelações que você possui, existem tantas nomeadas por aí, mas nenhuma se compara com a que eu nomeei: Jeon, o menino estrela.

Quando ouvi teu nome pela nona vez, eu estava inerte, precisando ser puxada para a superfície, então você me ergueu e eu entendi que em todas as outras vezes que ouvi teu nome foram necessárias para chegarmos neste momento, e era por isso que estávamos aqui. Era por isso que estávamos juntos, olhando para aquela parede branca que precisava de uma nova pintura, cantando baixinho que estava tudo bem. Era por isso que eu precisei ouvir teu nome nove vezes para entender que você sempre esteve ali, me esperando, e que estava tudo bem. E então você sorriu e eu considerei um eufemismo dizer que meu coração explodiu de alegria e amor.

Quando eu ouvi teu nome pela décima vez, eu descobri que depois de te conhecer, toda e qualquer palavra utilizada para te descrever havia se tornado um eufemismo, porque você era a mais pura hipérbole. Era um eufemismo dizer que você era o mundo inteiro, que era a própria luz e que o meu amor por ti era imenso. E então eu descobri que nossos caminhos nunca foram separados, não era culpa minha ter mudado a rota ou você ter continuado na mesma, a verdade era que os nossos caminhos eram um só, apenas precisávamos deste tempo para preparar o coração para fazê-lo morada.

jeon jungkook e todos os seus eufemismosOnde histórias criam vida. Descubra agora