Prólogo - Audição

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O silêncio preenche o ar do auditório, sinto todos os olhares focarem-se em mim, a minha respiração tornar-se cada vez mais acelerada, os meus ritmos cardíacos aumentam de segundo para segundo, um nervosismo invade-me o corpo.

Conheço tão bem esta sensação de ansiedade e nervosismo, mas apesar de tantas audições já ultrapassadas parece que nada mudou desde a minha primeira. É como se fosse um ritual que tenho que executar para alcançar o meu objetivo. Mas não vou falhar só porque os meus nervos e os meus medos pretendem dominar o meu corpo, não desta vez, porque esta audição poderá ser a porta para um futuro brilhante e harmonioso, para ter a vida que sempre sonhei.

Fecho os meus olhos e imagino que estou completamente sozinha, num jardim de cerejeiras onde as pétalas rosa caem graciosamente das árvores e são levadas pelo vento, sinto a brisa acariciar os meus cabelos e o cheiro das cerejeiras perfuma o ar a minha volta.

Estou pronta para dar início a doce melodia que me trouxe até aqui, chegou a hora de dar início a minha apresentação.

Levo os meus dedos até as firmes cordas do koto, sinto a sua textura e a aura de paz que estas emanam. Levemente faço com que as cordas vibrem reproduzindo uma doce melodia que envolve todo o auditório e afasta o silêncio que anteriormente predominava.

Os sons que vou reproduzindo complementam-se uns aos outros, trazendo consigo uma senão de paz e leveza. Consigo sentir o bem-estar que a harmonia do koto provoca no público, consigo sentir conforto que a minha música lhes provoca e então sei que consegui transmitir os meus sentimentos para a plateia, sei que conseguem sentir a pureza que o vibrar dos meus dedos com as cordas emite. Ate que acabo por reproduzir a última nota da melodia.

Ainda sinto o vibrar das cordas nos meus dedos deixadas pelo koto. Respiro fundo e então uma chuva de palmas invade o auditório. O nervosismo abandona o meu corpo e começo a sentir a felicidade a percorrê-lo, consegui satisfazer o público e isso provocam-me um leve sorriso no rosto.

Levanto-me e agradeço os aplausos com uma leve inclinação.

Sei que consegui conquistar o público, mas esse não era o meu principal objetivo, o que eu queria mesmo era conseguir conquistar o júri, mas só saberei se consegui ou não no final de todas as apresentações, visto que ainda falta mais 50 pessoas, vou ter que aguentar os meus nervos e esperar com ansia o resultado do concurso.

Passo agora a apresentar-me, chamo-me Amber Volger, tenho 18 anos, vivo em Liverpool na Inglaterra. Desde pequena sempre foi fascinada pela cultura asiática, principalmente japonesa.

Os meus pais morreram quando tinha 2 anos, num acidente de carro.
Por causa dessa tragédias quem acabou por me criar e cuidar foram os meus avós maternos. Apesar de não ter pais, nunca me senti sozinha e foi raro os momentos em que chorei por causa da falta deles, visto que os meus avós estavam sempre presentes para me consolar e afastar a magoa. Eles foram sem sombra de duvida os meus segundos pais, sempre me deram tudo o que eu precisei para crescer saudável e bem educada, para mim são os melhores avós do mundo!

Mas foi graças a minha avó que eu conheci a magia do Koto, ainda me lembro tão bem desse dia. Foi num lindo dia de primavera que tudo começou, uma amiga da minha avó veio visita-la, ela era uma senhora já com uma certa idade, por volta dos 50 anos, era pequenina, tinha cabelos lisos grisalhos e traços asiáticos.

A minha avó fez questão que eu a conhecesse, e foi desta forma que conheci a minha professora de koto. O seu nome era Aikawa Saki (*no japão o último nome vem antes do primeiro nome, ou seja, Aikawa é o que nos chamamos de último nome, e Saki é o primeiro nome*) ela tinha vivido toda a sua vida no japão, mas naquele ano surgiu um grande problema na sua família, isto obrigou-a a afastar-se por uns anos do seu pais natal, o que a levou a viajar até Inglaterra. Ela e a minha avó conheceram-se quando eram novas, numa missão de voluntariado na china e desde então tornaram-se grandes amigas. Aikawa-sensei (*Sensei - é o termo japonês que significa professor/a*) passou a morar em casa dos meus avós.

Poucos dias depois de Aikawa-sensei chegar, eu estava a brincar no pátio e escutei uma melodia vinda da sala de estar, aquela melodia preencheu-me a alma e senti borboletas no estômago, queria descobrir que som era aquele, eu nunca tinha ouvido nada como aquilo, aquele instrumento era completamente distinto de todos os outros que eu tinha conhecido ate então.

Dirigi-me até a sala de estar, e foi então que o conheci o koto, era enorme, tinha tantas cordas que se estendiam de uma extremidade do instrumento até a outra.
E quem tocava aquele maravilhoso instrumento era a amiga da minha avó, ela mostrava uma expressão de calma e leveza era como se ela estivesse, num mundo só dela.

Foi naquele exato momento que eu percebi que também queria fazer parte desse mundo, queria sorrir daquela maneira, queria conhecer aquele mundo que Aikawa-sensei tanto parecia amar, queria tocar aquele instrumento com a mesma intensidade que Aikawa-sensei. De alguma forma aquele instrumento parecia-me ser algo que eu esperava há muito tempo.

Não resisti ao impulso e gritei:

- Eu também quero tocar!

Eu sei que não foi propriamente bem educada, mas naquele momento agi por impulso, eu precisava dizer aquilo.

Aikawa-sensei parou de tocar e olhou-me com um sorriso dizendo-me:

- Então, o que achas de eu te começar a dar aulas para aprenderes a tocar?

Foi com uma simples pregunta que a minha paixão pelo koto começou a crescer.
Aikawa-sensei todos os dias ensinava-me algo novo, comecei por aprender a ler partituras e a tocar melodias simples, mas a medida que o tempo passava eu queria saber mais e mais, queria tocar melodias mais complexas, queria fazer do Koto a minha vida.

Quanto acabei o liceu, a minha avó inscreveu-me num concurso em que estava em jogo 10 bolsas de estudos no Japão para 10 músicos que tocassem instrumentos tradionais japoneses, essas bolsas eram o bilhete de aceso para uma das maiores e melhores escolas de música tradicional japonesa.

O cuncurso era dividido em duas partes, na primeira os concorrente teriam que gravar um video a tocar o seu intrumento, e os 100 melhores músicos passaram à ultima fase que será tocar numa audição em londres.

Graças a Aikawa-sensei consegui elaborar um bom video e acabei por conseguir passar na primeira fase...

E bem, neste momento estou sentada, numa sala cheia de músicos nervosos e impacientes, cada um com o seu instrumento, que tal como eu estão á espera do resultado da audição que revelará os grandes vencedores.

Alguém abre a porta da sala, todos os olhares fixam-se naquele individuo-o.
Finalmente depois de tanto tempo irei saber se a porta do meu destino finalmente se destrancou.

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Olá meus queridos leitores, este é o primeiro capítulo da saga que estou a começar a elaborar, bem vou só falar um bocadinho do que pretendo fazer... Se tudo correr bem quero fazer uma trilogia, por isso desenhem-me sorte *.*
Ah, e antes que me esqueça, pretendo publicar os capítulos todas terças e sábados...

E pronto, obrigada por lerem, se gostaram metam estrelinha e deixem a vossa opinião nos comentários, pk para mim a opinião dos meus leitores é essencial para uma boa história :)

Bjs :*

O Despertar do DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora