Prólogo

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Tarphia é uma próspero e rico reino beirado pelas águas do mar Nephi, repleto belas paisagens e terras férteis. Uma terra abençoada pelo Criador, onde todos em que ali vivem podem se servir dos frutos da terra, da água de suas fontes naturais e de sua grande variedade de animais.

Entretanto, nem tudo é perfeito. Há cerca de um século, o clã do fogo recebeu um novo rei, que deu um grande banquete em sua homenagem. Homens sábios, magos e reis de todos os clãs foram convidados; além de um representante de cada do templo para abençoar o reinado para que fosse longo e próspero. Cada líder e mago ali presente se apresentava perante o rei e abençoava ao rei, seu reinado e o seus futuros herdeiros.

Todos se deliciavam e elogiavam as bebidas e comidas servidas naquela ocasião. Os homens da nobreza riam histéricamente, visivelmente alterados pela alta quantidade de vinho que se serviram, enquanto suas esposas conversavam entre si. Os sábios e os magos se destacavam facilmente desta gente. Por serem calmos e falarem apenas o necessário chamaram a atenção do rei que, a todo momento, conversava com eles.

Cerca de um terço de hora após o início da comemoração, o entretenimento destas pessoas que nem ao menos perceberam a presença do homem que havia acabado de chegar. Suas vestes eram azuis como o céu do verão, assim como o manto que lhe cobria a cabeça. Ambas eram adornadas com fios de ouro e formavam desenhos incapazes de serem decifrados por pessoas normais. Em sua mão direita carregava um cajado, também de ouro, e nos dedos das duas mãos portava anéis de jóias finas que apenas um homem rico e poderoso poderia ter.

Os primeiros a perceber sua presença foram os que cercavam o rei. Assim que o avistaram, calaram-se e fizeram uma reverência ao homem. O rei de Tarphia percebeu o gesto dos homens e procurou à quem fora feita a reverência. Quando o achou, imediatamente o reconheceu e seus olhos saltaram para fora, pois nunca antes esteve diante de pessoa tão poderosa. Não se tratava apenas de um homem rico, e sim do Mago Ancião. Suas histórias épicas sobre como salvara Tarphia de feiticeiros e seguidores de Ardhon eram sempre contadas à todas as crianças do reino, inclusive ao novo rei.

O soberano ordenou com um gesto silencioso aos músicos para que parassem a música, logo o último barulho era o burburinho das pessoas ali presentes que parou pouco a pouco até que o salão fosse tão silencioso quanto o topo das montanhas de Tarphia. Quase que ao mesmo tempo os convidados perceberam a presença da honrada presença e abriram espaço para que o grande mago passasse.

Caminhou em passos lentos pelo grande salão de marfim até chegar à frente do trono onde o rei se encontrava.

— Meu senhor! — fez uma leve referência — Como me sinto honrado por estar na presença do novo rei deste clã glorioso!

— O senhor, ó grande mago, se sente honrado por estar na presença de um mero rei como eu que ainda nenhum grande feito foi realizado? Eu que me sinto honrado por estar na tua presença! — disse-lhe com grande devoção — Agora, diz-me o que queres de mim e eu o farei se estiver ao meu alcance.

— Meu nobre senhor, sinto-me lisonjeado com tuas belas palavras pois sei que são de coração. Todavia, o pedido que tenho que lhe fazer é deveras alarmante e peço-te para que não me tomes como um monstro insensível.

Não se sabe sobre os acontecimentos que se sucederam após isso, apenas que uma grande revolta cresceu no peito da rainha e das esposas dos nobres presentes, que destrataram o Mago Ancião. Tomado pela fúria, ele amaldiçoou a todas as mulheres nobres com um ventre seco incapaz de conceber e abençoou grandemente à todas as súditas de Tarphia com um ventre fértil e filhos e filhas fortes.

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