VIII

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- Stiles? - A voz soou da cozinha assim que a porta da sala se fechou.

- Oi, pai. - Stiles adentrou o cômodo, encontrando o mais velho ainda de uniforme.

Ele estava sentado em uma cadeira em volta a mesa, olhando alguns papéis que, com certeza, eram de algum caso que estivesse sendo resolvido por agora.

- Como foi com Scott? - Perguntou sem se dar o trabalho de mover a atenção que tinha nos papeis para o filho, pegando sua xícara de café.

- Bem, Derek está se saindo melhor do que o imaginado. - Suspirou ao puxar uma das cadeiras vagas e se sentar ao do pai. -Aliás, Peter também está aqui. - Provocou o mais velho, o vendo se engasgar com o café assim que o nome mencionado chegou aos seus ouvidos.

Não se importando muito com a reação exagerada, continuou. . -Ele perguntou sobre você. Acho que devia ligar pra ele, sabe? Uma conversinha de dois velhos amigos... - Deixou o fim da insinuação pairar no ar, sorrindo ao ver as bochechas coradas do outro.

- Depois vejo isso, sim?

Era uma cena engraçada de se ver. O xerife corado e envergonhado, sendo o completo oposto de sua pose usual.

- Soube do que aconteceu na escola. - O assunto fora prontamente mudado pelo Stilinski mais velho, batendo na mão do filho, que queria olhar os papéis do caso em aberto que estava olhando antes dele chegar. -Está tudo bem?

- Está sim. - Mentiu, acariciando a mão que havia recebido o tapa.

Não queria encher o pai com mais preocupações, então o melhor a se fazer era ocultar o problema até que se tornasse grave demais e impossível de se esconder. Não funciona na maioria das vezes, mas ele tenta.

- Bem, bem; irei subir. Estou mortinho. - Antes que mais indagações viessem de seu progenitor, se levantou e deixou um beijo na bochecha dele.

- Boa noite, filho. E descanse. - Enfatizou, arrancando um riso soprado do jovem.

- Não prometo nada.

Tudo o que teve em resposta foi o olhar sério de John sobre si.

- Tá bom. Boa noite. - Deixou as gracinhas de lado e subiu, indo direto para o quarto, jogando sua mochila em qualquer canto assim que pôs os pés para dentro do cômodo.

Seu olhar vagou entre cama e banheiro diversas vezes, até ele se decidir e ir de uma vez para o banho. E, agora, devidamente limpo e vestido com algo confortável, permitiu se jogar sobre o colchão macio, suspirando em contentamento com o ato. Porém, esqueceu que uma mente hiperativa nunca tinha descanso.

Resmungando ao vento e revirando os olhos, ele pegou um dos vários livros que lia em um mesmo período de tempo e sentou.se no meio da cama, com as pernas cruzadas em posição de lótus. Por longos minutos tentou absorver as palavras e dar sentido a elas, mas, depois de ter que ler o mesmo parágrafo quatro vezes, ele bufou, começando a se irritar. O que havia acontecido na escola estava afetando seu lado sobrenatural de uma forma muito incômoda e não era, nem de longe, agradável a sensação. Era como um pequeno formigamento que se tornava insuportável a cada hora que se passava. Um alerta sempre ativo em sua mente. O pior: só pararia quando descobrisse o que causou o incidente e como o fazer parar.

Buscando apenas ignorar a sensação, fechou o livro e o colocou em cima das pernas. Durante momentos como estes, em que seu lado humano e sobrenatural entrava em conflito, havia, de alguma forma, descoberto um método de distração. Não era ortodoxo. Um pouco estranho? Talvez. Mas, era o que ajudava, e era a única coisa que havia ao seu alcance no momento.

Já Derek, estava decidido a se desculpar, mesmo sabendo que poderia não ser recebido de braços abertos de volta. Mas, ao menos, teria a sensação de dever cumprido e de que havia tentado, tirando, assim, um peso sobre suas costas e o dando mais liberdade para continuar suas tentativas de conquistar o garoto.

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