- O que caralhos você está fazendo?- Estou caçando passarinhos.
- Com uma corda? E você vai enlaçá-los por acaso?
- Sim.
- Okay.
A corda amarelada foi jogada em direção aos pássaros, que estavam em um galho mais grosso. Todos voaram de uma vez e, quando a ponta caiu do outro lado, ele agarrou-a e fez um laço forte envolta do galho.
- Eu não acho que você vai gostar de assistir isso. Por que não volta para casa ou algo assim?
- Você não pegou nenhum pássaro.
- Você achou que eu estava falando sério?
- Não achei, mas não gosto de mentiras.
- O problema é exclusivamente seu.
Ele pegou um banco velho que estava apoiado no tronco úmido e esverdeado da grande árvore. Assim que o posicionou, subiu e enlaçou seu próprio pescoço.
- Nunca pensei que suicídio assistido fosse de graça.
- Vai mesmo fazer isso?
- E parece que eu não vou fazer?
- Bom, aparentemente você está decidido. Quer que eu avise alguém? Sabe, para pegar seu corpo.
- Ah... não, não. Vão me achar com facilidade aqui.
A corda foi apertada envolta de seu pescoço fino. Por uma última vez ele olhou a vista bonita que aquele vale possuía, contemplando as árvores e o pôr do sol alaranjado. Sorriu e então-
- Ei, qual seu nome?
- Sai daqui, inferno. Me deixa em paz!
- É que tem algo me preocupando. Se você se enforcar e existirem rastros meus aqui, podem achar que foi assassinato.
- Então saia logo daqui, eu deixei claro na minha última nota que esse é meu desejo. Agora eu posso aproveitar meu momento? Caralho.
- Okay, Okay.
Uma última olhada, a última brisa fresca, o último sorriso, para então atingir a paz que almejava.
Ele levantou um dos pés e com o outro começou a empurrar o banco.
- Mas você tem mesmo certeza? Assim, dizem que quem morre com arrependimentos nunca sai do plano terrestre, tipo um fantasma.
- QUAL A PORRA DO SEU PROBLEMA? INFERNO!
E então, de uma vez, o banco foi jogado para trás e seu corpo pendurado pela corda amarelada, em uma vista bonita, com uma brisa fresca e um sorriso fraco desmanchando-se aos poucos.
- Sabe, eu achei que você não teria coragem mesmo, mas agora o trabalho vai ficar todo para mim.
O garoto intrometido resolveu levantar depois de um tempo, indo em direção ao corpo pendurado e arroxeado do homem que não parecia tão velho assim.
- Isso é porque você não disse seu nome.
Com um pequeno canivete a corda foi cortada e o homem, mesmo que bravo, estava sem forças para reclamar.
Seu corpo magro foi carregado até um carro com aparência antiga, onde ficou deitado no banco de trás, já sem a corda apertando-o.
- Eu o-odeio você...
- Sua tentativa foi de suicídio e não assassinato. Você não me odeia, mas sim, odeia a si mesmo.
Irritados e cansados, os dois suspiraram. O carro deu partida e então, o suicida decidiu descansar.
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One Night
Fanfiction- O que caralhos você está fazendo? - Estou caçando passarinhos. - Com uma corda? E você vai enlaçá-los por acaso? - Sim. - Okay. A corda amarelada foi jogada em direção aos pássaros, que estavam em um galho mais grosso. Todos voaram de um...