I. GAROTA NACIONAL

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"Aqui nesse mundinho fechado ela é incrível
Com seu vestidinho preto indefectível
Eu detesto o jeito dela, mas pensando bem
Ela fecha com meus sonhos como ninguém"

"Aqui nesse mundinho fechado ela é incrívelCom seu vestidinho preto indefectívelEu detesto o jeito dela, mas pensando bemEla fecha com meus sonhos como ninguém"

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— Ai, graças a Deus!

O suspiro veio acompanhado de um sorriso aliviado que dizia muito sobre o quanto havia aguardado por aquele momento. Depois de uma busca incessante pelo que parecia ter sido Barcelona inteira, ter se perdido no metrô e gasto todo o estoque ínfimo de um espanhol fajuto, finalmente estava diante de seu objetivo, tão lindo e familiar quanto se recordava: uma lata de leite condensado. Literalmente, uma.

A mulher disparou pelo corredor, ansiosa por finalmente ter em mãos aquele paraíso que, conhecia-se o suficiente para saber, seria o único remédio para sua TPM infernal. Estava tão focada em seu objetivo que mal percebia os olhares que despertava, aquela figura curiosa usando uma mistura exótica de shorts de academia, um moletom masculino - que roubara do irmão - e um par de Havaianas, conforme ditava seu DNA carioca.

Os dedos com unhas esmaltadas em vermelho estavam a poucos centímetros da lata quando, para sua irritação, um obstáculo se interpôs entre eles e a felicidade plena: um obstáculo de ombros largos e perfume tentador - mas que nada importava naquele momento, já que acabava de roubar o seu leite condensado. Os olhos castanhos se estreitaram, na medida em que sentia um impulso de ferocidade tão grande que, se fosse um felino, certamente se eriçaria por inteiro.

Oh, ele não sairia dali com aquela lata, ou seu nome não era Marina Sampaio.

Hola! – aproveitou a mão estendida para cutucar as costas do rapaz, precisando sustentar o sorriso e refrear a expressão de surpresa quando ele se virou, porque estava preparada para muitas coisas, mas não para que o maldito fosse tão atraente: os olhos castanhos eram escuros e brilhavam com uma familiaridade conhecida, enquanto os lábios cheios emolduraram um sorriso preguiçoso no canto da boca. "Te controla, Marina...", levou os olhos rapidamente até seu objetivo, que estava preso entre as garras do ladrão de doces, "o diabo tem mil faces, essa deve ser só uma das mais bonitinhas..."

Hola, que tal? – ele observava com curiosidade a garota que, mesmo alguns tantos centímetros mais baixa que ele, encarava-o com um ângulo altivo entre o queixo e o colo, o que lhe concedia uma postura quase intimidadora. Comicamente intimidadora. E bonita feito o inferno. 

— Então, sabe o que é... – Marina sorria mecanicamente, sem conseguir raciocinar o suficiente para tentar ganhar a lata de leite condensado com uma piscada inocente de cílios. Na realidade, seu plano era um tanto mais belicoso: considerava simplesmente tomar a lata e correr como se não houvesse amanhã, atendendo ao instinto de "flight or fight". Ainda lhe restava algum senso de civilidade, contudo, e mesmo sendo uma otimista ela tinha bom senso e não apostaria em si mesma numa corrida contra o rapaz cujo porte atlético era algo pelo qual ela se admiraria, se não estivesse preocupada com assuntos mais importantes no momento - É uma história realmente engraçada, na verdade... Eu rodei a cidade inteira atrás de uma lata de leite condensado, e estava quase chegando quando você pegou essa. A última. – fez questão de enfatizar, orando para que ele compreendesse seu portunhol e se compadecesse da situação, ou seria obrigada a cometer um delito. Praticamente um crime passional.

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⏰ Última atualização: May 10, 2020 ⏰

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