André fala que vai fazer a janta e Rita diz que vai colocar a roupa para lavar. Eles vão cada um pro seu lado, ainda com sorriso no rosto. Rita está caminhando em direção à lavanderia, passando pela área da piscina, com azulejos brancos e, no fundo, uma bandeira do Brasil feita com pisos – Rita é bem patriótica e sente vergonha do atual governo de seu país. Ela escuta o latido do cão do vizinho, Bruce é o nome do golden que é bom amigo dela. O vizinho da direita, seu Jorge, é um senhor viúvo gentil, que sempre passeia com o cão, encontrando Rita em suas caminhadas matinais.
— Olá brucinho, como vai? Pergunta ela enquanto abre a porta da lavanderia.
Rita pega as roupas do cesto e coloca na máquina.
Enquanto isso na cozinha:
André está cortando temperos enquanto canta uma música do Só Pra Contrariar, um de seus grupos favoritos. A janta de hoje será filé de frango à milanesa, com arroz, feijão e maionese caseira. Para sobremesa, pavê para ela, pudim para ele.Rio de Janeiro | 07:16 | 22 de dezembro de 2019
Às sete da manhã, Rita está saindo de casa vestindo uma calça legging verde com estampa militar e um top verde limão. Celular na cintura e fones nos ouvidos, faz sua caminhada pelas ruas do bairro. Ela já deu duas voltas passando por sua casa e, durante a terceira, encontra Eliza, a sua vizinha da direita e melhor amiga. Logo começam a conversar.
— Como está você, amiga?
— Estou bem, tirando essa barriga enorme. Responde Eliza.
— À para, você sempre quis ser mãe. Diz Rita enquanto rir.
— Eu vou te bater garota.
Dão risada e Eliza convida Rita para entrar e ela diz que será rápido, pois tem que voltar pra casa para escrever mais um pouco.
— A propósito, quando sai seu próximo livro?
— Meu primeiro romance sai em junho do ano que vem.
— Eu já quero meu exemplar. Responde Eliza.
Elas começam a conversar sobre o casamento de Eliza, que será em fevereiro e o bebê está para nascer em março.
— E o Marcos, está feliz com isso tudo? Pergunta Rita.
— Ele parece mais animado do que eu, não vê à hora da chegada do bebê e do casamento.
— Que bom amiga. Vocês serão bons pais.
— Assim espero amiga. Finaliza Eliza.
Ela agora está servindo um café para Rita e então pergunta sobre sua vida.
— Mas e você e o André? Não vão casar, não?
— Pretendemos, só não sei quando ainda. Pensamos nisso, mas não estamos planejando ainda.
— Poderiam se casar junto com a gente. Seria legal. Eliza joga essa piada, mas com fundo de verdade.
— Infelizmente não dá, não agora, amiga.
— Mas você estará lá no casamento, né?
— Com certeza, eu sou madrinha. Tenho que está.
— Acho bom mesmo.
Rita resolve levantar e ir para casa. Enquanto sai da casa de Eliza, faz piada com o fato de Eliza não poder fazer mais tatuagens, já que está grávida. Eliza ri e bate a porta na cara dela. Rita sai rindo e vai dar mais uma volta. Ao chegar em sua casa, ela abre o portão e sobe correndo. Vai direto ao quintal, pega umas roupas no varal e vai tomar banho. Chegando no banheiro, ela coloca o celular em cima da bancada da pia, ainda tocando música e tira sua blusa.
— Tirar essa calça é uma tortura. Diz ela para si.
Uma voz vinda do lado de fora do banheiro grita.
— Ainda mais quando se tem um bundão.
Era André, que acabará de acordar.
— Abre a porta pra mim, amora. Vou tomar banho também. Diz André enquanto bate na porta. Rita abre e ele já estava pelado, pois só dorme assim. Ele entra correndo e ela vai para o boxe e fecha a porta.
— Eu vou te pagar. Diz André enquanto rir.
— Dependendo da forma que quiser pegar, eu deixo.
— Então abre a porta que eu te mostro.
Rita abre a porta de correr e André já a empurra contra a parede e começa a beijá-la. Ele começa na boca e vai descendo pelo pescoço, ela já revira o olho enquanto ele passa a língua pelos seus peitos e depois pela barriga. Ele chega até o local do prazer maior. Rita levanta a perna direita, colocando-a na parede enquanto ele a chupa com uma vontade absurda. Ela geme alto, sem se importar com o barulho. Rita está ofegante e resolve puxá-lo para cima e ameaça de o beijar. Mas quando ele fica com água na boca, ela desce direto com a boca no pau dele e começa a fazer aquele oral que só ela sabe. Ele geme gostoso, com sua voz grossa. Ela levanta e já coloca as mãos na parede, empinando a bunda para ele, que passa o pênis pela sua vagina apenas para atiçar. Quando ele vai finalmente meter... o telefone de Rita toca.
— PORRA. Grita Rita.
— De novo isso, quem será agora? Pergunta André.
— Se for o Woong eu vou xingar muito ele.
Ela sai do boxe, pega o celular e ao olhar para tela fica surpresa.
— É minha mãe, diz ela.
— Mas por que ela te ligaria a essa hora num domingo? Pergunta André.
— Oi mãe, tudo bem?
— Oi filha. Sim, estamos bem. Pode abrir o portão pra gente?
— Que portão?
— Dá sua casa.
— Ok mãe...
Rita encerra a chamada e conta para André que responde.
— Mas seus pais não iriam vir só dia 24?
— Pois é. Também não entendi. Mas vamos lá abrir né.
Rita e André vestem as roupas rapidamente e vão até a porta da sala, apertam o botão para destravar o portão de entrada e ficam esperando. A mãe de Rita está subindo a escada e André já dá boas vindas para sogra, que responde ofegante.
— Ai essa escada me mata. Diz ela.
— Oi mãe, achei que vocês viriam dia 24 só.
— Sim filha, mas sabe como seu pai é. Quase um ano sem te ver e ele tava ficando apreensivo já, resolveu vir logo.
— Poderiam ter avisado.
— Resolvemos fazer uma surpresa. Desculpa filha.
— Imagina dona Glória, está tudo bem. Adoramos a surpresa. Responde André enquanto puxa Rita para o canto e conversa brevemente com ela.
— Amor, não adianta brigar, já estão aqui, vamos tratá-los bem.
— Mas é que...
— Amor...
— Ok amor. Responde Rita.
O pai de Rita sobe trazendo as malas e André se prontifica a ajudar.
— Deixa comigo, seu Maia.
Rita chama sua mãe para ir até a cozinha que ela vai passar um café. São quase 09 da manhã e ela não bebeu seu café ainda.
André está ajudando seu Maia a subir as malas pela escada.
— E aí sogro, tudo bom?
— Tudo sim meu filho, graças a Deus. E vocês, como estão?
— Estamos bem. Melhor agora com a presença de vocês.
André pega duas malas da bagagem do carro e sobe com elas.
Enquanto isso na cozinha...
O café logo ficará pronto, mãe. Mas me conta. Como está a vida lá no Paraná? E minha irmã e meu cunhado, como estão?
— Estão bem. Ocupados com trabalho e faculdade como sempre, mas bem.
— Jenny está fazendo a terceira faculdade, né?
— Sim, filha. E Adam está fazendo sua segunda.
— Bom, eu me contento só com a graduação em cinema mesmo. Completa Rita.
André e seu Maia terminam de trazer as malas para cima e as colocam em um dos quartos de hóspede, que estava uma bagunça.
Todos estão tomando café e sentados na cozinha. O clima é de paz, muita harmonia e esperança de um fim de ano próspero e feliz.Rio de Janeiro | 14:03 | 24 de Dezembro de 2019
— Amor, comprou o bacalhau? Pergunta Rita.
— Puts! Vou lá agora.
— Vai rápido, seus pais já devem está chegando.
— Ok amor. To saindo.
— Pai, pode fazer as rabanadas?
Ele responde com cabeça dizendo que sim.
Som de buzina é ouvido. Rita já sabe que são os pais de André. Ela larga o pano de prato na mesa e corre para abrir o portão. Ao chegar no botão, sua mãe já o tinha apertado e seus sogros estão subindo.
— Fala sogrão. E como vai o Flamengo?
— Esse ano foi mágico, hein. O melhor que já vi desde 81. Responde seu Mario.
Mario é um flamenguista fanático, igual a sua nora.
Dona Petúnia começa a conversar com dona Glória.
— Onde está André? Pergunta ela.
— Ele foi ao mercado e volta já.
— E sua outra filha, não pôde vir?
— Não, infelizmente não.Rio de Janeiro | 23:58 | 24 de dezembro de 2019
Horas se passam até que chega o momento da ceia de natal. Todos estão reunidos à mesa e começam uma oração realizada por seu Maia. Todos, exceto Rita, estão orando juntos. Mas ela está de cabeça baixa em sinal de respeito. O relógio finalmente toca à 00:00 horas e todos começam a dar feliz natal. Uma alegria só, faz tempo que não se reuniam assim e mesmo a irmã de Rita estando longe, o resto da família está toda ali e isso importa muito para ela. Pro dia 25, tem planejado um churrasco com participação de seus amigos e vizinhos próximos. O ano de 2020 tem tudo para ser um dos melhores de suas respectivas vidas.
Coitados, mal sabiam o que lhes aguardava e o que viria a acontecer naquele terrível ano.
Rio de Janeiro | 10h | 3 de janeiro de 2020
Mais um dia comum de início de ano. André está de férias e Rita passando a maior parte do dia no set de filmagens. Dessa vez, é um filme de época em que ela está trabalhando como assistente de direção. Entre uma pausa e outro das gravações, Rita se isola no canto do refeitório onde fica estudando sobre o longa em que trabalha. Mesmo enxergando uma série de erros de continuidade no roteiro, não pode fazer nada. O roteirista é muito influente no estúdio e nem mesmo o diretor tem moral para fazer alterações no roteiro dele, quem dirá a sua auxiliar.
Alguns minutos se passam e o intervalo acaba, é hora de gravar cenas com personagens secundários e Rita é responsável por dirigir tais cenas. Ela então volta ao set e chama o elenco para gravar. Porém, nenhum deles está por ali. Rita então pergunta a sua assistente, Deise, onde está o resto da equipe — e a mesma não sabe responder.
Rita sai a procura do elenco e os acha no canto de um outro set de filmagens que está fechado, todos estão reunidos ao redor de um notebook que está em cima de uma mesa vermelha de bar, feita de plástico. Rita os manda voltar para o set e um dos atores, Mateus, diz que ela precisa ver aquilo. Rita vai se aproximando do notebook e quando vê, está passando um plantão urgente do jornal mais importante da américa do sul, o JC — Jornal Continental —, com apresentação do jornalista mais antigo da emissora, que hoje em dia raramente aparece na frente das câmeras, Bruno Wilgard que começa dizendo — interrompemos nossa programação para dar uma notícia urgente. A epidemia do NVírus - 19, que começou na china há menos de um mês, já alcança países da Europa como Itália e Alemanha e causa preocupação mundial. Cientistas da OMS já garantem que até o fim do mês de janeiro, o vírus já terá se espalhado pelo mundo inteiro, criando a pior pandemia deste a Gripe Espanhola da década de 1920. Ainda de acordo com a Organização Mundial da Saúde, não há uma previsão da criação de vacina antes de pelo menos dois anos. — Mas a pior notícia ainda estava por vir.
Bruno Wilgard completou — o vírus é extremamente mutável, como todos já sabem, porém, há boatos de que na Coreia do Sul, foi encontrado uma variante do NVírus-19, que está sendo chamado de Anomalia, pois sua mutação é anormal, ele está mais parecido com um fungo, porém microscópio e que se espalha pelo ar. O governo sul-coreano, nega os boatos.Isso é impossível. Diz um dos membros da equipe de filmagem. Mateus diz que já está acontecendo, não tem como ser impossível, pois já é real e dispara olhando para a assistente de direção: o que você acha, Rita? Mas Rita está em choque, não consegue responder e fica alguns segundos sem falar nada, até que escuta a voz de Guilherme, o diretor do longa.
— Ei, o que vocês estão fazendo? Esse filme é para estrear mês que vem e vocês estão vendo vídeo? Voltem todos ao trabalho.
O elenco e equipe de produção imediatamente se dispersa em direção a o set. Rita desperta de seu momento de devaneio e está caminhando de volta ao set, quando é chamada por Guilherme e para para ouvi-lo, sem virar de frente para ele. Guilherme se aproxima bastante, colocando a mão direita no braço dela e desliza para baixo, e cheirando seu cabelo, que segura com a mão esquerda, ele dispara: — E você, Rita. Te escolhi como assistente pois você tem um corpo bonito, me mostre que tem algo a mais para me oferecer além disso, ou sua carreira de diretora vai acabar antes mesmo de começar.
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Os Mortos Mandam Agora
HorrorEm meio a um Brasil beirando o caos, uma pandemia causada por um vírus misterioso assombra o país e o mundo. Não se sabe bem qual a taxa de letalidade dele ainda e nem como se contamina. Mas a questão mais intrigante é: ele é extremamente mutável. E...