Esse conto era pra ter sido postado antes, no entanto, fiquei muito atarefada no último mês. O choro é livre, haha.
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Os raios solares fortes contrastavam com o céu azul, iluminando aquela imensidão que transparecia paz e felicidade enquanto alguns pássaros sobrevoavam de um lado para o outro. Sentimentos tão contraditórios ao seu estado atual, Adrian observou. Uma semana dentro de casa e ele estava pronto para sair e nunca mais voltar, era incrivelmente tolo da parte dele acreditar que seria fácil conviver com os outros ocupantes da casa por tanto tempo. Esse era um dos motivos de Adrian Collins amar seu trabalho, quanto mais ele estava envolvido em relatórios, papeladas e acordos lucrativos, menos ele precisava ficar em casa. No entanto, para seu azar, um resfriado potente poderia acabar com os planos de qualquer um.
Não que ele pudesse reclamar tanto, Julie, sua esposa, passava o dia todo na joalheria cuidando dos próprios negócios. O filho, Oliver, adorava fingir que não existia mais ninguém na casa e Ryan, seu filho mais velho, gostava de passar horas em frente ao computador jogando coisas violentas e desagradáveis. Como um bom pai, Adrian dava o seu melhor para ficar tão longe dos filhos quanto eles gostavam e ocasionalmente trocava palavras com os garotos quando eles queriam algo.
E esse era o problema. Com tantos dias em casa, em sua maioria largado na cama sem forças de reagir, Adrian percebeu como tudo era monocromático e sua família disfuncional. Ele não tinha ideia de quando isso começou e se, em algum momento antes, já havia refletido sobre isso e provavelmente esse era um dos problemas. Suas escolhas egoístas levaram a esposa a se afastar, os filhos encolhidos em bolhas próprias anti-perturbação com um pai preocupado demais em elevar o status da empresa para notar a falência familiar. Era uma pena e Collins tinha vergonha de si mesmo.
Essa vergonha o ajudou a distanciar ainda mais, permitindo-se apenas pequenas saídas do quarto para comer ou beber algo, voltando ao seu porto seguro sem interrupções. Vez ou outra, acidentalmente, ele acabava trombando com um dos filhos na cozinha, mas nada era dito além de um "pai" sem sentimento e uma escapada rápida para longe. Adrian não ousou reclamar, aproveitando essas deixas para criar a fuga perfeita de volta ao local seguro. Parecia idiota fugir da própria família dentro de casa, porém, não era uma opção viável tentar mudar o sistema naquela altura do campeonato.
Dessa forma doentia e controversa, Adrian se pegou admirando os jardins com mais frequência. Ele sentaria perto da janela antes do sol do meio dia, aproveitando a quietude meramente interrompida com o canto dos pássaros; admiraria o brilho solar em seu esplendor e viajaria entre as flores cheirosas e bem cuidadas de seu jardim, desta forma, um pouco distraído, ele conseguiria esquecer o mundo caótico que criou em seu próprio lar. Contudo, foi dessa mesma maneira que Collin se pegou relaxado e observando o jardineiro trabalhar.
Chris Walsh era um homem peculiar, com músculos beijados pelo sol escaldante do qual passava a maioria de seus dias, cabelo castanho escuro e olhos de um verde inebriante, ele sempre parecia feliz. Sua aparência contrastava de uma forma esplêndida com seu humor. Ele era elétrico, animado e muito bem resolvido em ser apenas um jardineiro. Sem dúvida, essa era uma das coisas que Adrian não entendia. Como um homem com tão pouco poderia parecer sempre tão feliz? E como Collins, que possuía tantas coisas, parecia tão preso em um mundo sem cor? Foram essas questões e muitas outras que fizeram Adrian ainda mais curioso sobre Walsh.
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Jardim Secreto
Short StoryA vida de Adrian Collins é pacata. Empresário, casado e pai de dois filhos, o homem pode dizer que é feliz. No entanto, às vezes ele se pega observando o jardineiro, Chris, com mais atenção do que deveria.