1797

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pergunto-me se durante a minha estadia no inferno, seungkwan já foi capaz de possuir algo menos cobiçado do que um pedaço de osso tirado da costela de um leão, mas eu não conseguiria eleger amuleto melhor para alguém que gosta de rugir até mesmo para o sol alto pingando lagrimas em seu rosto inexpressivo.

me pergunto se ele conseguiria enxergar algo além da soberania e do dinheiro sujo tirado de pequenos furtos dos quais lhe trazem mais orgulho do que a honestidade. vejo seus atos implicitos dentro e fora do palácio e me vejo hipnotizada com pequenos átomos de hipocrisia humana, mesmo que criada numa família de humildade tão insatisfatória, creio que eu jamais reclamaria de minhas riquezas emocionais.

e eu sei que não posso amá-lo como deveria: ouro em seus dentes, rubis demoníacos em seus olhos ditando a veracidade enquanto toca no bronze sem valor que deprende-se sutilmente da pele, mas que não deixa de ser menos fatal do que o impacto que uma bala causa a um pássaro livremente comendo amoras em uma árvore próxima demais ao céu. próxima demais do céu.

jamais chegaria até lá por conta própria.

misticismos sobre garotas que falam demais são pequenos empecilhos rolando dos meus olhos em formatos persuasivos prontos para serem embalados e respectivamente depejados em sua taça de vinho tinto, e caso ele ainda não saiba, talvez 1797 já tenha passado há muito tempo e mesmo que continue crendo com todas as suas palavras muito difíceis para a compreensão, eu sei que jamais precisaria de um pedestal.

eu vejo rastros inegáveis de uma sensibilidade quase infiel à postura de comandante farto de obter grandes conquistas durante a vida miserável, porque a riqueza é capaz de cansar a vida muito mais do que os infinitos e pobres campos de centeio que espetam minhas pernas, mesmo que cobertas pelo longo vestido quadriculado. a riqueza cansa os olhos, mesmo que você não seja um míope idiota ou um leitor daqueles que sentem fome descomunal por palavras vazias, acredite em mim.

e eu não lhe imploro absolutamente nada, porque sei que não preciso pedir algo para que receba um olhar capaz de me destruir. quando pensar estar fazendo algo de bom enquanto destrói mais uma dúzia dos meus ossos, talvez eu olhe para a veracidade das suas meras palavras ao vento e te faça engolir cada uma delas, implorando para tirar tudo que pensa que eu mereço só porque não concorda que eu deva pensar com os meus próprios idealismos.

construirá mais dois palácios e mesmo assim continuará olhando para as pequenas migalhas de ouro que eu recolhia lentamente nas margens do rio, mas irá gostar mais do que deveria quando finalmente tocar as pequenas rubis dos meus olhos e o ouro cuidadoso da minha coroa construída enquanto premedito sua queda.

e eu não preciso imaginar de quantos degraus vocês acabaria despencando quando percebesse os verdadeiros intuitos da bela dama de vestido quadriculado e campos de centeio. de verdade, as vezes o diabo esconde o ideal. mas é sempre suficiente anotar os seus preceitos irreversíveis (como gosta de proferir, áspero, ao meu rosto) antes de se entregar de corpo à uma ilusão tão mesquinha de que o pedestal construído jamais conseguiria alcançar essa sua boca cheia de pedras brilhantes que não valem nada.

porque o seu orgulho vale menos do que ouro em relação aos diamantes que eu ajudei a pôr no mundo.

pode pensar que eu gosto de ditar o masoquismo do homem contemporâneo, e novamente, nós não estamos mais no século XIX e você simplesmente não pode mais entrar no inferno com moedas de ouro nos bolsos.

elas facilmente derretem à menos de... 1.065 C°?

procure a resposta enquanto confessa seus pecados.

não terei piedade.

espero que engula o próprio orgulho em frente aos meus próprios pedestais, senão...

// para wjsnchateau, um pedaço irreversível de um amor que eu não sentia a muito tempo. eu te amo. demais.

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