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Na primeira vez que Han Jisung viu Lee Minho, ele o odiou.

Era primavera; as flores desabrochavam aos montes, sendo abraçadas pelos raios de sol, cortejadas pelos amantes e apreciadas por um jovem cavaleiro que acabara de fazer seus dezessete anos. Ele achava o aparecimento das flores a coisa mais linda de todo o mundo. Gostava de como elas eram delicadas e como pareciam com sua irmã.

Taeyang tinha atingido seus quinze anos no último verão e embora ela ficasse cada dia mais bela, Jisung sabia que isso a aproximava ainda mais do mercado de casamento, para o qual o rapaz achava que a jovem rosa não estava pronta.

E se Taeyang era uma rosa, Jisung era seus espinhos. A protegia a todo custo, disposto a - literalmente - furar qualquer um que quisesse toca-la. O maior infortúnio de sua vida, à propósito, era de que um baile estava prestes a acontecer naquela noite, em sua casa.

Algumas pessoas consideravam a Senhora Han espirituosa e inteligente, prendada e gentil, beirando o que havia de mais perto da perfeição. Seu rosto era tão simétrico que lembrava às pinturas feitas da Virgem Maria, o que tornava a mulher uma inspiração para as jovens que almejavam ser felizes em um bom casamento. Entretanto, quem a admirava não poderia estar mais equivocado; Senhora Han era uma megera digna de uma vilã de livros proibidos, tão podre por dentro quanto era bela por fora. Os poucos que moravam em sua casa - inclusive seus filhos - sabiam muito bem de como ela sumia na alvorada para se deitar com o general do exército em um beco sujo da cidade. Afinal, ninguém resiste a um homem de farda.

Era o sonho dela - aqui a chamaremos apenas de "Senhora Han", uma megera de tamanha escala não merece qualquer outro nome - era casar sua linda menina mais nova com o filho do general que a penetrava quase todas as noites. Um plano como esse não era de conhecimento nem de seu marido, e ela preferia que fosse assim. O Senhor Han era um homem lento, grande e magro, que não levantava a forte voz de trovão para dizer coisa alguma, a não ser ao seu filho mais velho, que parecia ser o único detalhe capaz de diferenciar um castigo no inferno de um vida normal. Ele sabia que sua esposa o traía e não a julgava; ninguém aprecia um casamento arranjado. O problema não era esse, afinal uma mulher não é ruim apenas por buscar felicidade e prazer próprio, como se pensava naquela época. A Senhora Han era terrível.

Oh, maldito dia em que Taeyang e Jisung foram destinados pelo Senhor por nascer daquela mulher que mais parecia uma aberração vinda das trevas.

Porém, bendito seja o destino que tratou de fazer o baile daquela noite ser inesquecível para o menino Han.

O salão estava se enchendo aos poucos, inundado de pessoas ocas, expondo seus estômagos vazios prontos para consumir fofoca e assuntos sobre a vida alheia. Porém, ainda era primavera e embora a idéia de estar ali fizesse Jisung querer chorar de frustração, ele ainda encontrava prazer em olhar as flores, cujos arranjos ele havia escolhido com sua irmã.

- Oppa, salve-me - sua rosa disse baixinho, se aproximando dele enquanto os dois olhavam o jardim pela janela, vendo que o sol se punha, provavelmente triste de dar adeus às suas amadas flores.

- O que se passa? - ele a encarou com cuidado, procurando qualquer coisa em sua aparência que denunciasse algo de errado.

Mas ela estava intacta, como deveria.

- Nossa mãe acaba de me perguntar pela centésima vez se gostei de algum dos convidados - embora sua voz fosse sempre doce e calma, o rosto da menina expressava desconforto, passeando os olhos por todo o salão, como se buscasse ali uma saída secreta para a liberdade.

Soprando o ar audivelmente, Jisung ajuitou o lenço branco que usava no terno azul, tal qual a última moda e definitivamente portando uma beleza de dar inveja. Estendeu a mão para a irmã e beijou seu dorso, a fazendo sorrir com os olhos apertados.

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⏰ Última atualização: May 13, 2020 ⏰

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