Reencontro

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Eu não aguento o meu próprio pensamento e desabo ali mesmo, as lágrimas escorrem instantâneamente pelo meu rosto e minha mão vai diretamente para o meu cabelo segurando o meu pescoço e eu abaixo a minha cabeça ainda chorando.

- Não é possível que eu tenha morrido, eu estou aqui, eu consigo me ver e encostar em mim mesmo, não, não, não, não, não. Só pode ser piada, onde estão as câmeras? - Me levanto e tento procurar as câmeras na esperança de algo que tente provar que essa ideia de ter morrido estava errada, olho para os cantos do quarto e nada. Ando até a cama e me sento nela que é mais macia que o local que eu estava. - É, parece que eu realmente morri...

    Como que pode, eu não me lembro de absolutamente nada disso, de como vim parar aqui - começo a soluçar de tanto chorar - eu quero minha mãe, eu quero abraçar ela com meus braços, quero poder dar uma boa condição financeira e uma boa casa como eu a prometi quando me tornasse famoso.

  Não aguento mais e me levanto indo direção a porta e descido tentar atravessá-la igual fazem nos filmes para confirmar minha teoria. E assim eu faço, e para a minha surpresa eu passo por ela, encontrando no corredor alguns moradores do prédio estão do lado de fora comentando sobre o assunto e começo a escutar o que falavam.

- Viu o que aconteceu com aquele hóspede daqui??

- Soube que ele foi assassinado mas demoraram pra achar o corpo dele.

- Ouvi comentários de que foi suicídio e que ele mesmo planejou isso para si.

- Suicídio?? Ele estava quase alcançando seu sonho,  será que ele seria capaz de fazer isto?

- Imagino que não, mas nunca se sabe também.

- Colocaram a fita, não podemos passar, contudo a casa ficou mal assombrada?? Tenho medo dessas coisas.

  Ouvir esse tipo de comentário em minha frente nesta situação, posso confirmar que não é a melhor coisa que se pode ter no momento, afinal, não existe algo mais perfeito do que ter uma ótima vizinhança como a minha pra poder espalhar mentiras para Deus e o mundo.

- Desgraçados - passo entre eles para descer as escadas, mas antes faço questão de sair encostando em cada um e derrubando umas folhas que estava sobre o braço de um deles esperando alguma reação.

- O que foi isso? Senti uma coisa estranha como se tivesse me tocando.

- Também senti isso, e meus papéis também caíram. Este quarto está mal assombrado, vou rezar pela alma dele e que tenha um ótimo descanso e que deixe esse local em paz.

   Eu não acredito no que meus ouvidos foram capazes de escutar, e finalmente desço as escadas sem nenhum objetivo, afinal, eu já estava morto o que eu poderia fazer? Ir para uma casa velha com poeira e teia de aranha ou ficar no cemitério não parece meu hobby. Começo a pensar na cara que os vizinhos fizeram anteriormente e dou um pequeno riso;

- A cara deles foram ótimas, parece que ser um fantasma não é tão ruim assim, não é YuGyeom??? - Falo pra mim mesmo enquanto dou uma pequena gargalhada no meio da rua.

   Já estou a alguns quarteirões depois do prédio em que vivia, andando pela rua para desestressar, e finalmente percebo onde estou, paro e observo tudo. Eu estou na frente da JYP a empresa que trabalhei tão duro e dei tudo de mim para debutar nela.

- Talvez um lindo fantasma como eu deveria olhar os ensaio dos outros meninos de perto e ficar por dentro das novidades.

   Por quê isso dói tanto? Faço esse questionamento a cada passo que dou entrando ali, e me direciono ao elevador.

- Calma, mas como vou usar o elevador sem assustar o pessoal que trabalha aqui e me vejam. Ah quer saber eu vou é pelas escadas mesmo.

  Passo por algumas portas e vejo alguns trainees ali. Uns treinando o canto em uma sala, enquanto outros treinam a dança em outra sala diferente, era tudo tão bem organizado mas ao mesmo tempo tão confuso poder lidar com o que acontecia ali dentro. Um silêncio se instaura na sala de prática de dança e percebo que o nosso professor está gritando com alguém, mas por estar apenas do lado de fora não consigo deduzir quem era a pessoa.

   Acabo atravessando a parede e vejo todo mundo ali, eu estava com tantas saudades deles e olhe eu vi eles ontem. Todos cabisbaixos e o professor continua gritando com um único garoto que está com a cabeça abaixada. Era o BamBam eu reconheço essas roupas de longe, o estilo e o seu tamanho não nega que seja ele  mesmo que de longe, o Bammie é muito fácil de ser reconhecido. Mas... Ele estava tão diferente, como se algo ruim estivesse o cercando e o desanimando, no geral ele é uma pessoa alegre e não deixa nada nem ninguém fazer que ele fique de triste.

  Após essa longa reclamação o professor sai da sala e o Bam' cai ali mesmo ainda cabisbaixo, tudo o que eu queria fazer ali era dar um soco nesse professor e depois ajudar o BamBam levando ele pra tomar soju comigo. Os alunos se retiram da sala assim como professor fez, contudo entre eles há resmungos baixos que até mesmo para mim é difícil de escutá-los.

  Após alguns minutos sentado ali, ele resolve se levantar para sair da sala de treinamento e ir para algum outro lugar, mas diferente dos outros o Bam' olha fixamente em minha direção e começa a tremer.

- Aaaah, Y-YuGyeom??? - BamBam grita e começa a dar alguns passos para trás assustado

- BamBam?? Você me vê?? - Dou alguns passos em direção a ele mas quanto mais próximo eu estou dele mais passos para trás ele também vai dando.

- Puta merda eu agora tou vendo assombração, me deixa em paaz. Socorrooo - ele bate suas costas na parede, já não tem pra onde andar, então ele fecha os seus olhos rapidamente.

- Kkkkkkkkk tu acha que eu vou fazer o que contigo?

- E-Eu não sei, meu amigo não faria nada comigo mas ele tá morto então é impossível você estar aqui.

- Mas eu estou, abre os seus olhos BamBam agora!! - mesmo hesitando Bambam toma coragem e abre um de seus olhos

- Você é mesmo o YuGyeom???

- Quem mais seria seu idiota? Um sósia meu? - Bam' finalmente abre o seu outro olho, mas percebo em seus olhos o quanto ele está espantado. Então decido não me aproximar mais dele.

- Vocês têm a personalidade parecida e se parecem muito, mas como??

- Eu também não sei, eu só acordei hoje de manhã com vários policiais em meu quarto e eu simplesmente não sei como, mas eu estou aqui, e assim.

   Mesmo com medo o BamBam me escuta pacientemente, e nesse momento em que conversamos e eu tento explicar o que aconteceu, sinto que eu não estou mais sozinho ali, e que mais uma vez o meu melhor amigo não me deixou só em meu pior momento. É tão bom sentir que alguém está com você ao seu lado.

Lonely StarOnde histórias criam vida. Descubra agora