Prólogo.

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Alemanha, 14 de Outubro de 1914.

E lá estávamos nós, sentados na bela mesa de jantar da nossa nova casa fingindo ser uma família feliz, coisa que não somos desde que a guerra começou e meu pai precisa ficar cada vez mais tempo trabalhando, não sei bem do que o trabalho dele se trata, só sei que é algo para o governo e toda vez que pergunto ele diz:
"Isso não é uma coisa que as mulheres devam saber, querida"

Nunca entendi bem os conceitos machistas dos homens desse século, de acordo com eles as mulheres não podem saber ler e não podem ter opiniões, não entendo o porquê de uma mulher não poder fazer as coisas como um homem faz, quando será que vão entender que as mulheres não servem apenas para procriar? Será que isso um dia vai mu...
-SELINA?!
Ouço minha irmã interromper os meus pensamentos.
-Você está surda, minha querida?
Pergunta a minha mãe.
-Desculpem-me, o que falavam?
Então meu pai se pronuncia:
-Eu tenho um pretendente para você, o nome dele é Tomás, um rapaz de boa família e amanhã virá ao jantar, espero que seja gentil com ele porque ele será possivelmente o seu futuro marido.
-Papai, quantas vezes irei dizer que eu não quero ser obrigada a casar? Quantas vezes eu vou precisar dizer que eu não quero casar com nenhum dos pretendentes que o senhor traz?!
-VOCÊ IRÁ SE CASAR SIM! A FUNÇÃO DE UMA MULHER É CASAR, PROCRIAR E CUIDAR DA CASA!
E então ele resmunga baixinho:
-Maldita hora que eu te ensinei a ler e te deixei ter pensamentos.
E isso foi a gota d'água.
-EU NÃO VOU ME CASAR SOMENTE PARA AGRADAR AO SENHOR, A CULPA NÃO É MINHA SE O SENHOR ACHA QUE AS MULHERES NÃO SERVEM PARA NADA ALÉM DE PROCRIAR!
E então ele se levanta, a raiva dele é evidente, ele caminha até mim e me dá um tapa na cara, foi aí que todos simplesmente pararam, não sei se foi por medo da minha reação ou medo do meu pai fazer mais alguma coisa.

Eu saio da sala furiosa, sempre soube que meu pai tinha raiva quando eu dizia que não queria casar com qualquer um, mas nunca pensei que fosse chegar ao ponto dele bater na minha cara. Começo a correr para fora da casa pelos fundos, escuto minha irmã mais velha me chamar e começar a correr atrás de mim, mas não me importo. E foi nesse momento que avistei um pequeno galpão aos fundos de casa, apesar de estar com a visão embaçada devido as lágrimas que insistiam em sair de uma maneira descontrolada, nunca havia percebido que havia esse galpão aqui. Começo a me aproximar e abro delicadamente a porta, creio não ter ninguém aqui já que pertence a minha família e todos nesse momento estão ainda estáticos devido ao acontecimento anterior.

Quando olho para dentro, vejo tudo limpo, tem vários frascos de laboratório em cima de mesas perfeitamente arrumadas pelo lugar e outras coisas que acredito serem usadas em laboratórios, e então começo a me aproximar cada vez mais, até avistar em cima de uma das mesas uma pequena esfera da cor azul que mais parecia um tipo de bomba ou algo assim, parecia haver um tipo de gelo dentro ou coisa do tipo, fiquei tão entretida tentando descobrir o que a pequena esfera fazia que não percebi uma pequena seringa da prateleira acima de mim cair na parte desnuda do meu ombro, mas quando vou tirá-la já é tarde demais, todo o líquido que estava na pequena seringa já havia sido injetado naquela parte onde o meu vestido não cobria no meu ombro.

A minha visão começa a ficar embaçada, uma dor descomunal invade a minha cabeça, então antes que podesse perceber soltei a pequena esfera da cor azul gelo no chão por causa da dor e foi aí que eu perdi os meus sentidos e de repente senti muito frio.

Foi aí que tudo começou...

Between Centuries (Em pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora