Kiss it Better - Nosh Beaurrea

All of us

𝗡𝗼𝗮𝗵

Era mais um dia ensolarado na universidade de Stanford na Califórnia em que eu me encontrava correndo pelos corredores do prédio da universidade, onde ia para o treino de futebol o mais rápido possível. Sabia que tinha começado há alguns minutos e o capitão do time, que comandava comigo, era um pé no saco que parecia me odiar por algum motivo então ele sempre ficava na minha cola, e sabia que ele não toleraria alguns minutos de atraso comigo, reclamaria sem parar por isso e inventaria 50 formas de me irritar, é isso que ele faz.

Kyle é o típico garoto que a escola adora, tem uma boa fama, sem muita confusão, notas boas, mas sempre mantendo a pose de idiota que ele tem que pra mim ele sempre teve.

Que merda as pessoas viam num garoto de olhos azuis mais claros do que o céu e ao mesmo tempo fortes como a tinta de um pintor sendo engrossada para mudar o tom de sua obra?
Acho que era seu maxilar totalmente marcado e chamativo, ou o seu físico totalmente definido por ser um jogador presente, ou a sua barba que tinha deixado crescer desde seus 17 anos e o deixava com uma cara um pouco mais madura do que ele realmente era.

Não sei ao certo, mas pra falar a verdade faz um bom tempo que nunca me dei bem com esse idiota, ele parece querer arrancar minha cabeça todas as vezes que passa por perto e eu odeio a forma que ele me deixa querendo retribuir na mesma medida o seu desprezo, me deixa intrigado por ter que dividir um grande patamar com ele. Deveria ser meu posto, entre todos do colégio, e todos do time. Só meu. Mas esse idiota sabe como me tirar do sério. E eu odiava ser tirado do sério.

Eu não podia negar que sentia algo forte por esse garoto, e como eu sentia. E era ódio, o mais puro ódio. Na forma mais crua que conheço. Ódio por todos os olhares debochados que ele me dava nos corredores durante os intervalos das aulas, ou ódio por todas as vezes que ele fazia gol contra meu time em amistosos e treinos e sempre fazia questão de gritar e realizar mortais na comemoração dele exagerada em campo. Eu o odiava.

Cheguei no vestiário que era perto do campo, me troquei o mais rápido possível, e saí de lá correndo até a beira do centro do campo onde estava Joshua em frente ao banco de madeira, olhando de longe os jogadores do nosso time se alongando em posições distanciadas um do outro.

– Atrasado Urrea – falou ele de forma ríspida e curta, e nem ao menos se virou para brigar, parecia que ele não dava a mínima para a minha existência e mesmo assim se incomodava com ela.

– Eu sei, foi mal, tive problemas, meus problemas.

– Você sempre tem problemas Urrea – falava ainda olhando fixamente para os jogadores – sempre.

– O que você quer dizer?

– Quero dizer que, desse jeito como você está se comportando nos últimos dias de treinos não é um ótimo exemplo pros jogadores, muito menos de respeito pela sua posição nessa
família – finalmente se virou para me olhar, e era um olhar frio e mais afiado do que o cutelo de um bom açougueiro que amava suas lâminas brilhosas – então se você continuar assim eu acho que, sei lá vou ter que ter uma pequena conversa com o chefe de esportes do campus e ter que lhe explicar sobre suas atitudes recentes.

– Você não faria – eu não acreditei quando o ouvi dizendo aquilo.

– Ah e como faria Urrea – voltou o olhar para os jogadores.

– Você é um merda, um total merda sabia? – falei fingindo não me abalar pelo o que ele tinha dito.

– Sei, sei, você sempre faz questão de me relembrar isso.

Eu odiava aquele garoto, e que merda! Se eu perder a minha posição como capitão do time, mesmo que Joshua seja também, eu ficaria tão puto, e tão frustado.
Mesmo eu não sendo o cara exemplar, e mesmo ele estando certo sobre ser o bom exemplo que não sou, eu tentava, juro que tentava, só não era minha praia ser perfeito. Eu te odeio Joshua.