"Do I know you twenty seconds or twenty years?"

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LOUIS;
E como eu havia pedido a ele, Harry começou a contar me mais sobre sua vida...

-Não conheci meus pais! Minha mãe morreu ainda na sala de parto e quanto ao meu pai? Nunca me assumiu ou sequer ajudou em algo na minha criação, na verdade, acho que ele nunca nem mesmo soube que teve um filho.
Com isso, eu sempre fui criado pela minha avó materna... sempre fui eu, ela e nosso cachorro Scott. Não tínhamos uma boa condição financeira e passávamos muitas dificuldades, tal que vivíamos apenas com o baixo valor de sua aposentadoria. Estudei minha vida inteira em uma escola muito simples da região e muitas vezes o dinheiro não era suficiente para nos alimentarmos e tínhamos que nos virar com apenas um pão dividido para nós três!
Minha vida escolar como já é de se imaginar, também não foi das melhores! Eu sofria muito bullying por não ter pais e por todas as minhas dificuldades financeiras...Foram dados a mim, apelidos horríveis como o "órfão" ou "morto de fome" e durante todos os meus anos naquele colégio fui excluído e maltratado por todos! Acabei por desenvolver ansiedade e depressão profunda, da qual vivi dopado de calmantes e remédios antidepressivos dos quais corrompiam minha vontade inconsciente e incontrolável de tirar minha própria vida...
Minha infância foi de fato bem conturbada, mas nada se compara a minha amarga adolescência, quando ano passado descobri minha doença e toda a minha pouca probabilidade de sobrevivência e meses depois da morte de minha vó fui trancado nesse quarto... desde então nunca mais sai daqui! Nunca mais pisei na rua ou conversei com alguém que não fossem as enfermeiras, pra falar a verdade, você foi a primeira pessoa de fora que eu tive contato desde que estou aqui!
Faz um ano que minha vida foi drasticamente mudada e interrompida... todas os outros garotos da minha idade já tem planos para o futuro e até mesmo já estão o construindo, todos eles entraram em uma boa faculdade, tem um relacionamento, ou pelo menos vivem bem ao lado de suas famílias... e quanto á mim? Eu passo 24 horas dentro desse maldito quarto de hospital, olhando para a merda dessas paredes esperando solitariamente o dia da minha morte!
Eu acordo todas as manhãs sabendo que aquele é um dia a menos pra mim e que por mais que eu lute, é em vão, já que esse foi o destino traçado a mim! Morrer sozinho trancado em 4 paredes cinzas de um hospital!

Ele interrompe sua fala por alguns instantes e olha pela janela, vendo o dia se transformar em noite, lágrimas sofridas que me transmitem a sua dor escorrem pelo seu rosto acompanhando o ritmo em que o céu se escurece. Sua voz fica fraca e seu olhar se torna vazio enquanto tentava interromper o choro que se tornava mais desesperador a cada segundo.
Ele não estava bem! Com certeza aquele era um assunto de extrema delicadeza para ele... eu acabo por me sentir culpado por fazer ele lembrar disso. Me aproximo dele com certa cautela e seguro sua mão delicadamente enquanto o acalmo em baixo tom:

-Ei! Você é tão forte... não gosto de te ver assim. Você não precisa continuar falando, só isso já foi suficiente para eu conhecer sua força! Te garanto que tudo ficará bem, e além do mais... você nunca mais estará sozinho enquanto eu puder estar ao seu lado!

Ele rapidamente passa a mão sobre seu rosto, enxugando as lagrimas , quando envergonhadamente faz com que seus lindos olhos verdes cheguem ao encontro dos meus fazendo com que o tempo congelasse por alguns instantes. Toda a tensão havia sumido por completo e junto ao encontro de nossos olhares havíamos de certa forma encontrado a paz.
Ambos estávamos confusos e isso era perceptível a nós dois, mas afinal, como não ficar confuso quando achei minha paz no olhar de uma pessoa que conheci a poucas horas?
Foram segundos que se pareceram mais com horas... horas que tiraram por completo a minha dor e me fizeram viajar em um sentimento que eu nunca havia sentido antes!
Era como se naquele olhar, eu tivesse encontrado uma razão para continuar. Eu estava acolhido e por mais que parecesse loucura, os olhos dele me transportaram diretamente para casa, talvez, por algum motivo eu queira fazer daqueles olhos o meu eterno lar...

Foram alguns momentos de reflexões profundas e completamente malucas, Harry disfarçou e se levantou rapidamente deixando seu corpo o mais longe o possível do meu. Logo, desviamos o assunto, fingindo que nada havia acontecido naquele cômodo, afinal de fato não aconteceu. Estávamos envergonhados e o clima no quarto estava pesado, o silêncio mortal tomou conta de nós por alguns longos minutos que me deixaram angustiado.

-Enfim, agora sinto que preciso saber mais sobre você, afinal já te contei minha vida inteira não é mesmo?

Ele ria envergonhado tentando fazer com que nos concentrássemos em qualquer outro assunto que não fossem os estranhos olhares de antes e isso me parecia tão.... adorável?

Oh merda! Isso não podia estar acontecendo!
Eu tentava me convencer de que estava apenas vulnerável diante a situação, mas no fundo que eu sabia que aquilo era só o começo...

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