Você é fofo, Choi Soobin!

segundo impulso

capítulo 2
segundo impulso

Choi Soobin odiava ser chamado de fofo. Ou qualquer apelido que remetesse à fofura. Desde que era pequeno, as pessoas ao seu redor o achavam fofo. Tinha lembranças de suas tias apertando suas bochechas e o chamando de "fofinho", talvez isso tivesse gerado um trauma no garoto.
No quinto ano, seu melhor amigo, Beomgyu, resolveu o chamar de Florzinho. Não sabe-se de onde veio esse apelido, mas felizmente ele foi esquecido com o tempo.
No sétimo ano, os professores mais próximos passaram a chamá-lo de Binnie. Mas esse era um apelido restrito a sala dos professores, e nenhum dos estudantes sabia do mesmo.
Entretanto, a moda de chamar Choi Soobin de apelidos fofos havia voltado. E o da vez era Coelhinho.
Esse apelido o irritava muito, especialmente porque a pessoa que o batizou assim era um babaca. Yeonjun era um tremendo babaca.

+×+

Havia se passado um mês desde o acontecimento. Os Choi não tinham trocado nenhuma palavra desde então.
O representante  pensara que os dois se tornariam amigos, mas não era isso que estava acontecendo.
Yeon sentava-se sozinho no intervalo e Soobin tinha seu pequeno grupinho, apesar de muitas pessoas falarem com ele durante o horário da refeição. Ele sentava-se com Choi Beomgyu, seu melhor amigo; Huening Kai, o namorado do amigo e Kang Taehyun, um aluno novo que rapidamente conquistara toda a panelinha por ser muito simpático.
Durante as aulas, Yeonjun irritava Soobin de maneiras variadas, puxando suas bochechas ou dando petelecos na orelha. Isso incomodava o representante, mas ele preferia ficar quieto. Não entendia o motivo dessas provocações desnecessárias, tampouco conseguia compreender o sorriso estampado no rosto cada vez que perturbava-o. Seria Choi Yeonjun um sádico? Que tipo de felicidade o maior tinha em provocá-lo?
Mas em um dia, mais especificamente na sexta feira, Yeon passou dos limites. Tinha sido uma semana atarefada para o representante da turma, que teve que organizar uma pilha de papéis junto com os professores. Tudo o que Soobin queria era o bolo de cenoura com chocolate que a cozinheira sempre fazia nas sextas. O problema era que o bolo era concorrido, de forma que, se você chegasse um segundo atrasado, só comeria o bolo semana que vem.
Soobin sempre chegava no horário, mas naquele dia tinha ajudado a professora a arrumar a sala e levar todas as avaliações do ensino médio para a sala do professores.
Ao terminar, saiu correndo para pegar o seu amado bolo e ficou muito feliz ao ver que a fila estava vazia e que havia um único pedaço em cima da mesa do refeitório. Provavelmente Dami, a cozinheira, tinha guardado para ele.
Foi andando tranquilo, visto que não tinha ninguém na fila. Porém, quando se aproximou, um vulto passou na sua frente e pegou o prato de bolo.
Bin olhou para trás. Yeonjun estava com o bolo na mão, e tinha um sorriso debochado no rosto.
Soobin aproximou-se do menor, colocou as mãos nos ombros do mesmo e o olhou profundamente.
Naquele momento, sentiu vontade de gritar, mas se conteve. Invés disso, começou a chacoalhar Yeon, que derrubou o pedaço de bolo no chão.

-- Por que você fez isso? Você viu que eu ia pegar o bolo! Passou na minha frente só pra me irritar? - O refeitório estava em silêncio, e toda a atenção estava voltada para os dois Choi .

— E você ainda se ofende por ser chamado de Coelhinho? — Yeonjun riu. — Tudo isso por um bolo de cenoura?

Yeonjun deu uma risada fraca, quase forçada. Isso fez com que Soobin ficasse mais revoltado. O pior de tudo era que Yeonjun não demonstrava remorso algum. Seus olhos continuavam fixos nos de Soobin.  Sem pensar, pegou o boné do menor e atirou longe, acertando dentro do lixo. Ele chamou isso de "Segundo Impulso"
Yeon fez uma cara indignidada.

-- QUAL É O SEU PROBLEMA? - O tom de voz do menor alterou-se surpreendente. Sua voz ficou grossa e muito alta.

-- VOCÊ É O MEU PROBLEMA, DROGA! - Soobin também falou muito alto. Ambos estavam gritando um com o outro. Binnie, que ainda estava com as mãos nos ombros do menor, o empurrou para longe.

-- VOCÊS DOIS, PARA A DIRETORIA. -  Professora Nari tinha a incrível capacidade de aparecer em qualquer lugar, a qualquer hora, quase como um ninja. A mulher tinha 41 anos, mas aparentava ter menos. Seu rosto era jovial; as maçãs eram rosadas e não possuía um único fio de cabelo branco. Ela havia sido a professora de matemática de Soobin desde o 9 ano e tinha um forte apreço pelo jovem.
Dessa vez, Soobin nem tentou questionar. Seguiu andando pelo corredor na frente de Yeonjun. Ele não estava bravo, na verdade, parecia estar refletindo sua atitude imatura.

-- Vocês dois de novo? - o secretário do diretor, apelidado pelos estudantes de " Sr. Dinossauro", questiona retoricamente ao ver os Choi entrando juntos na sala. - O Sr. Hwang está em reunião, sentem-se e esperem.

Os garotos obedeceram, sentando-se no sofá verde-musgo. Yeonjun olhou para o lado oposto de Soobin.

-- Me desculpe pelo seu bolo. -- Yeon disse baixo. - Soobin se virou surpreso. "Isso é real ou é um surto meu?", foi o que pensou.

-- Ah... Eu... Eu como aquele bolo todas as sextas-feiras há onze anos. Foi uma atitude errada minha, Yeonjun. Me desculpe pelo seu boné.

Yeon também virou-se. Os dois ficaram se encarando por alguns segundos. O Jun ia abrir a boca para falar algo, mas, nesse instante, a porta abriu-se.

-- Ora, se não são o pior e o melhor estudante da escola. O que fazem aqui, hein? Entrem logo! -- O diretor saiu com sua postura sempre impecável. Senhor Hwang era um homem de 40 anos, muito simpático e querido pelos alunos. O avô dele, assim como o pai, haviam sido diretores daquela escola. O legado da família era esse.
Apesar de ser uma ótima pessoa, ele não suportava indisciplina. Ter Yeonjun e Soobin na sua sala novamente em menos de um mês significava alteração na paz escolar. E isso não o agradava.

+×+

--... E repito: se os senhores tiverem mais uma ocorrência desse tipo, serão... punidos! Não, serão expulsos!- Hwang comemorou baixinho, como se tivesse dito algo incrível.

-- Mas...- Soobin tentou dizer algo, entretanto, foi imediatamente cortado.

-- Nada de "mas", Binnie! Não me interessa que vocês não se dão bem, isso não é uma pensão de férias! É uma escola, e por isso devem conviver até com quem não gostam. E agora saiam daqui, ainda dá tempo de ter a última aula.

Os meninos se levantaram prontamente, obedecendo ao diretor.
Yeonjun deu uma risadinha baixa, porém sincera.

-- Binnie é? - continuou rindo.

-- Como pode rir numa hora dessas? Ele disse expulso! Não posso ser expulso, tenho um futuro pela frente! - o tom de voz do Bin se elevou. - O que eu vou dizer pros meus filhos? "Ah, na sua idade, papai foi expulso da escola". Que destino cruel! Yeonjun, você está me escutando?

Yeon estava parado há alguns passos atrás, olhando para o chão, meio perdido.

-- Hã? Ah! Expulso Binnie? Nada de mais para mim. Já sou um problema em muitos lugares mesmo. - deu um sorriso forçado.

Repentinamente a consciência de Soobin pesou. Se sentiu culpado por ter chamado o garoto de "problema" mais cedo.

-- Yeonnie... Me desculpe... Eu não sou de ofender as pessoas assim. É só que você me deixa confuso, sei lá. - O Bin aproximou-se do Jun e colocou a mão no seu ombro. Yeon fez uma cara engraçada.

-- Confuso, é? - SooBin assentiu baixinho, falando um "aham" - Então quer dizer que eu te faço perder a calma?

Soobin já estava se arrependendo das desculpas que haviam sido dadas anteriormente. O que Yeonjun tinha na cabeça, dando aquelas risadinhas incompreensíveis? Rapidamente tirou a mão do ombro do menor se se afastou.

-- Nem sei porque eu tento. Tchau, passar bem. - Bin ia seguir reto, mas Yeonjun segura seu pulso.

-- Pera. Não quis te deixar constrangido. - Soobin murmurou "não estou" bem baixinho, fazendo com que Yeon não escutasse. - Eu sei que eu te provoco demais. Sabe porque eu faço isso?

-- Por que você não gosta de mim? - olhou para o lado, com um pouco de vergonha. Yeonjun riu baixo.

-- Não, faço isso porque gosto de você. Você é fofo, Choi Soobin. - disse enquanto apertava sua bochecha direita. Soobin ficou sem reação.

-- O que vocês fazem aí? Voltem para a sala agora! - A ninja, vulgo Professora Nari, ataca novamente.

Os dois voltam para a aula e não trocam uma palavra até o final do dia.