Talk is overrated

001 - Capítulo Único

Já se passava das duas da manhã, e seu sono havia partido sem ela. Estava assistindo uma comédia romântica qualquer em sua televisão para que seu sono viesse, quando seu celular começou a tocar.
 
- Alô? - disse Sakura curiosa.
 
- Estou na porta de sua casa.
 
Não deu tempo de Sasuke terminar sua fala, Sakura caiu do sofá desesperada para abrir a porta. Seu celular conheceu o triste e frio chão, e acabou por lhe deixar cicatrizes que mais tarde fariam Sakura quase chorar.
 
Olhou-se no espelho do corredor. Tentou se arrumar o máximo possível, não era todo dia que seu crush aparecia em sua porta. Eram vizinhos, mas Sakura nunca teve coragem de declarar seus sentimentos a Sasuke.
 
Seus fios rebeldes não queriam se comportar, o que fez Sakura desistir de arruma-los e seguir para a porta.
 
Abriu a porta, tentando ser delicada mas seus esforços foram em vão. A porta bateu com certa brutalidade na parede, o que deixou Sasuke um pouco espantado do outro lado da porta, mas logo deu seu costumeiro riso de canto que tanto mexia com Sakura.
 
Sasuke não conseguia entender. Como até de pijama de galinhas, Sakura conseguia ser uma deusa grega?
 
Sakura quase caiu para trás ao abrir a porta, Sasuke estava mais bonito do que nunca. Usava uma calça rasgada preta, coturno, uma blusa vermelha e uma jaqueta preta.
 
- Oi. - disse Sasuke para quebrar o silêncio.
 
- Oi. - respondeu Sakura envergonhada. - Em que posso ajudá-lo, Sasuke? - disse Sakura, mesmo sem intenção, de maneira sexy ao ver do Uchiha.
 
- Nós precisamos conversar. Você tem um minuto? - disse rapidamente, mas confiante, eles realmente precisavam conversar.
 
Sakura quase teve um treco ao ouvir o Uchiha. O dia que tanto temia havia chegado. Para si, com toda certeza Sasuke a rejeitaria junto com seus sentimentos. Mesmo receosa, deu um passo para o lado e fez sinal para que o mesmo entrasse.
Sem nenhuma cerimônia o mesmo entrou. Sakura fechou a porta, e logo tomou as rédeas guiando o Uchiha para a sala, que era bem próximo à entrada.
 
- Só um momento. - disse para Sasuke. Sua sala estava bagunçada e precisava arrumar rapidamente. Pegou a coberta do chão e a dobrou. Em meio a coberta encontrou seu celular com a tela trincada e quase chorou. Pegou o balde e pipoca e colocou na rack de sua televisão junto com seu telefone. - Prontinho. Pode se sentar.
 
Sasuke analisava cada atitude de Sakura. Seu coração e seu membro vibravam cada vez que a mesma abaixava e inocentemente empinava para si, mas precisava focar, precisavam se resolver.
 
Sakura se sentou na ponta do espaçoso sofá como um convite para que Sasuke também a acompanhasse. Estava tensa, e com muito medo do que viria a seguir.
 
Mas olhando para aquele sofá Sakura gostaria apenas de lembrar de todos os seus momentos quentes com o moreno; gostaria que as palavras não a destruísse tanto. "Mesmo que ele rejeite meus sentimentos a responsabilidade terá que assumir", pensou consigo mesma tentando se acalmar.
 
Sasuke limpou a garganta. O clima que se instaurou na sala era amedrontador, mas ele tinha que ser sincero com a bela garota de cabelos róseos. Mas como começaria a falar? Como não machucaria sua amada? Se perdeu no meio de seus devaneios.
 
Sakura estava perdida em pensamentos. Estava grávida, e o único que poderia ser o pai estava bem ao seu lado, mas ao mesmo tempo estava muito longe. Não se importava se ele jogasse seus sentimentos no chão, mas ele teria que assumir sua criança. Não gostaria que seu filho ou filha crescesse sem pai como ela cresceu.
 
- Sasuke... - começou esperando que assim conseguiria ser direta e objetiva, mas a coragem lhe abandonou no meio do ato. Desistiu do que tinha planejado dizer, e optou pelo mais fácil para que o diálogo prosseguisse. - O que você queria me dizer? - disse forçando um sorriso amarelo.
 
- Lembra quando a gente se conheceu no fundamental? É engraçado que nós morávamos na mesma rua e não sabíamos. Você sempre foi irritante, sabia? - disse rindo sozinho olhando para o chão. Sakura conhecia muito bem o Uchiha, e sabia que suas perguntas não precisavam é respostas, era apenas uma quebra de clima. Sakura conhecia até seus gestos quando estava nervoso, e o mais típico de Sasuke era o que estava fazendo no momento. Bagunçava seu cabelo involuntariamente. - A gente nunca se deu bem, eu sempre fui bem "cuzão" com você, e eu te peço perdão por isso.
 
Sakura não sabia como reagir a tudo o que Sasuke lhe dizia. Era muito esquisito ver o Uchiha se abrindo e sendo só direto, e mais estranho ainda era o mesmo estar pedindo desculpas. Só podia estar louca.
 
- Lembra daquela festa no último ano do Ensino Médio? Foi naquele dia que eu realmente notei você, e eu me arrependi de nunca ter notado antes. - suspirou pesadamente, era difícil para si colocar tudo em palavras.
 
Sasuke Uchiha sempre fora conhecido como o monossílabo. Mesmo de poucas palavras era o garoto mais popular da escola e o mais encrenqueiro.
Sakura era a garota invisível, mas nunca aceitou nenhuma ofensa de ninguém. Não tinha medo dos "valentões" e muito menos das garotas ricas e populares. Sempre fora uma aluna na média, mas acabava na diretoria por bater em alguém. As pessoas adoravam falar de sua aparência.
 
- Foi após essa mesma festa que nós acordamos no dia seguinte na minha casa. Eu não me lembrava de nada e você muito menos, mas decidimos deixar isso para lá e esquecer.
 
Fez outra pausa. Precisava organizar seus sentimentos e seus pensamentos, queria ser mais direto e objetivo. Estava longe de ser objetivo. "Droga", pensou consigo mesmo. "Vamos Sasuke, você consegue. TSC.", tentava mentalmente se acalmar.
 
A cada pausa de Sasuke mais o coração chegava perto de explodir. Não sabia o que se passava na cabeça do moreno, mas se sentia em desespero. Sakura e Sasuke nunca tiveram um relacionamento, nem um o título que definisse o que eles tinham. O que mais assustava Sakura era o fato de que não havia nada que prendesse o Uchiha a ela; existia apenas ela com seus sentimentos e agora uma criança no meio de toda essa bagunça.
Abraçou suas pernas, como uma maneira de se consolar.
 
- Eu acho que você não sabe, mas você foi a primeira mulher com quem me deitei. - riu sem graça, como era difícil dizer tudo isso em voz alta. Havia ensaiado o que diria, mas tudo em ia cabeça parecia mais fácil do que realmente era. - Você sabe o que quis dizer. O Ensino Médio acabou e nosso contato também, mas não sei se era uma provação ou algo do gênero mas passamos na mesma faculdade e na mesma merda de curso. Até hoje eu realmente não acredito que isso tenha sido coincidência. Acho que o mais esquisito é que em uma cidade com mais de um milhão de possibilidades de casas nós nos tornamos vizinhos. Caralho, como tudo isso pode ser possível?
 
Nem Sakura acreditava em todos as coincidências que rodeavam os dois. Eram coisas demais para serem verdadeiras.
Quando Sasuke ia continuar, Sakura o interrompeu.
 
- Deve ter sido uma brincadeira de muito mal gosto do destino. - disse mais para si do que para o Uchiha, mas ele acabou ouvindo.
 
Um silêncio ensurdecedor se apossou da sala de estar da Haruno. Sasuke se sentia sufocado, "Será que ela me odeia?", pensou consigo mesmo. Sakura se sentia com um enorme nó na garganta, tinha muito a dizer, mas queria escuta-lo primeiro.
 
Como nenhum dos dois ousou dizer algo, Sakura resolveu tentar induzir Sasuke a continuar seu discurso.
 
- Pode continuar, Sasuke-kun. - disse na altura suficiente para que ele ouvisse.
 
Apenas Sakura conseguia pronunciar seu nome dessa maneira. Uma maneira que fazia o coração do Uchiha dar cambalhotas em seu peito.
 
- Bem... A gente começou a se envolver. Não lembro como começou, eu só sei que quando percebi nós estávamos juntos. Mas o que "nós" somos? O que todos os momentos que passávamos juntos significou? Eu preciso que me explique, Sakura. - estava confuso. Sakura habitava seus pensamentos em todo o momento e não sabia o que significava. No fundo sabia, apenas não queria assumir para si mesmo. - Eu pensei que era algo casual, mas com o passar do tempo tudo mudou. Nós nunca sentamos para conversar sobre isso.
 
Não tinham um rótulo para relação que tinham, mas tudo era mais profundo do que ambos conseguiam entender.