If I Let You Go

Capítulo 2 - Começando pelo começo

Janeiro 2019 – segunda-feira – Primeiro dia de Aula no ensino médio.

Eu estava ansiosa, era a primeira vez fora da zona de conforto, todo ano era diferente no ensino fundamental mas eu já tinha meus grupinhos e sair disso pra um lugar totalmente novo com uma ou duas pessoas que eu conhecia do ensino fundamental ia ser complicado, a única coisa que passava pela minha cabeça era se eu iria me sentir isolada, então sempre me esforçava o máximo pra ficar perto da minha amiga Julia, éramos melhores amigas há muito tempo então eu sabia que poderia me encontrar com ela sempre que precisasse e que talvez não fosse um grande problema ficar sozinha já que conseguiria prestar mais atenção nas aulas e me manter focada no vestibular até porque de fato não há outro motivo pro ensino médio existir a não ser trazer experiências rasas, ansiedade e crises de pânico.

Caminhei até a sala enquanto me despedia da Julia;

- Boa sorte, amiga! Vai ficar tudo bem, é só o frio na barriga de uma experiência nova, curta o momento – disse ela enquanto me abraçava.

Aquelas palavras me acalmaram mas ainda estava nervosa.

Ao entrar na sala vi que tinham menos de vinte alunos e aquilo foi estranho pra mim, mas talvez seja por ser o primeiro dia, alguns nem vão antes do carnaval...

Sentei na primeira carteira do lado esquerdo da sala, antes de tudo por ter uma visão péssima e ousar não usar óculos mas na maioria das vezes só esquecia de usá-los. Me acomodei e peguei um caderno qualquer apenas pra anotar qualquer coisa que o próximo professor iria lecionar.

Enquanto pegava o caderno e me virava novamente pra frente me deparo com uma criatura de mais ou menos 1,75m de altura, de cabelos castanhos com um tom próximo ao ruivo. Tomo um susto e ele se pronuncia:

- Caraca, me perdoa não quis te assustar, de verdade. – disse ele enquanto soltava um sorriso de canto.

- Mano, eu tomo susto muito fácil, nunca mais faça isso, sério – eu estava falando sério.

- Relaxa, é que .... hm – ele para no meio da frase me olhando estranhamente curioso e pergunta – Qual o teu nome mesmo?

- Erika, e o teu?

- Bom, Erika – continuou falando ignorando totalmente a minha curiosidade em saber o nome dele também – Eu provavelmente vou sentar aqui na carteira ao lado pelo resto do ano letivo pois você tem cara de inteligente e sabe algo que não suporto, Erika? Adolescentes festeiros que falam de drogas e bebidas o tempo inteiro – continuou falando sem que me desse espaço pra responder.

- Não, não sou – disse rindo da sinceridade dele perto das outras pessoas que estavam próximas a nós.

- Ah, á propósito meu nome é Nick, já que não demonstrou interesse em saber.

- Mas eu perguntei, você que não me respondeu – eu disse um pouco inconformada pela acusação dele.

- Ah, Erika, foi mal você vai ter que se acostumar, eu costumo não prestar atenção quando me fazem perguntas e eu estou falando sobre algo – disse ele enquanto se acomodava na carteira e tirava um caderno da mochila.

Por mais confuso e estranho tenha sido esse momento, eu me senti bem e continuava me sentindo bem na presença do Nick, mais tarde eu descobriria que ele tem a maior facilidade do mundo em fazer amizades com qualquer pessoa, exatamente qualquer uma.

Saindo da aula, encontrei meu pai me esperando na porta acenando dentro do carro. Entrei, me despedi da Julia e dei uma olhada geral pra ver se encontrava o Nick pra me despedir mas não o encontrei, saí apressada da sala pois meu pai não é uma pessoa com paciência de sobra e não queria que ele ficasse irritado.

Depois de dois quarteirões, ele viu o Vinicius, o meu ex da quinta série e o chamou pra dentro do carro oferecendo uma carona, não seria um problema pra mim caso o carro do meu pai tivesse bancos de passageiro traseiros mas não era o caso.