02 | none but the lonely heart. (t)chaikovsky♫

3.1K 357 195
                                    



None but the lonely heart.
- Ninguém além do coração solitário.

"Sozinho e separado de
toda a alegria, vejo
o firmamento naquela
direção."






Acrópole de Atenas,
Templo Νίκη início do solstício de verão

Νίκη em grego significa vitória.
Solstício de verão é por volta do mês de junho no hemisfério norte.

Me dirigi ao templo de Nikn quando o sol estava próximo de se pôr. As sacerdotisas encontravam-se dispersas pelo Partenon, principalmente rodeando a estátua da grandiosa deusa Atena e recebendo oferendas. Fazia um tempo que eu não visitava nem participava das festividades em homenagem à deusa, e tampouco fui aos jogos olímpicos do último ano lunar.

A divindade sabe que não fiz por mal, mesmo não tendo sido um devoto assíduo nos templos. Minha irmã Ariadne não nasceu de forma saudável, há um tempo atrás a família sofreu com tratamentos e o isolamento quase total das pessoas. A peste atingiu minha irmãzinha, quase pensei que ela não ia sobreviver mas nossas orações foram atendidas. Ela sentia muitas dores, seu corpo vivia fervendo de febre e a pele começou a ficar repleta de pústulas e bolhas purulentas.

Graças aos céus, ela foi completamente curada dessa enfermidade e hoje corre por aí como um animalzinho selvagem. Vim agradecer pelas bençãos e fazer uma prece, como era de costume antes. Me aproximei de uma sacerdotisa e a cumprimentei, entregando-lhe um saco de moedas de prata.

— Atlas, que bom que você está de volta. Sua irmã está bem? Vejo que os agradecimentos à deusa são maiores hoje. — ela sorriu para mim, seu rosto quase angelical como o da estátua em nossa frente.

— Olá, Dimitra. A divindade atendeu à muitos dos nossos pedidos, não poderia deixar de agradecer e trazer uma oferenda. Quando vier ao festival, eu trago algo mais simbólico e venho com a família. — respondi, acenando para ela enquanto me dirigia ao altar.

Os incensos se espalhavam por completo, deixando minha visão um pouco turva mas nada que fosse extenuante. Me ajoelhei em um dos degraus de pedra e fechei os olhos. Com as mãos unidas, comecei a recitar devagar a prece que me foi ensinada:

— "Que Atena nos conceda sabedoria, paixão pela verdade e um desejo por justiça. Agradeço pelas bênçãos e rogo que continue guiando nossos passos e protegendo nossa alma." — digo em baixo tom, o suficiente para Dimitra e eu mesmo ouvir.

Após reverenciar a estátua, me despeço da sacerdotisa e passo por algumas aprendizes que estavam sendo ensinadas por Eleni e Nefeli, outras duas sacerdotisas importantes do Partenon. Eu costumava conversar com elas algumas vezes, mas depois de ficar confinado em casa só me senti à vontade para falar com Dimitra vez ou outra.

Não por não gostar da companhia delas, mas acho que venho mudando drasticamente e me sentindo estranho no meu próprio corpo. Isso sem citar os pesadelos hediondos que eu tenho todas as noites. Sempre a mesma sensação pavorosa de terror enquanto sou perseguido e morto. Isso poderia ser... alguma lembrança?

Balanço a cabeça levemente para afastar os meus pensamentos distoantes e desço as escadarias do santuário, indo em direção a fonte no meio da praça central. Muitas pessoas estavam indo oferecer suas preces e itens valiosos hoje, provavelmente porque o festival da Plintéria estava se aproximando e todos iam contribuir.

Pego o pergaminho que estava guardando em um dos bolsos e começo a rabiscar a entrada da praça. Eu gosto de passar o tempo com desenhos e leitura, muito mais do que em conversas com outras pessoas. Talvez eu só consiga suportar Apolo e Dionísio por serem meus amigos. Ou minha família por ter me acolhido quando não tinha ninguém. Tenho muitas dúvidas sobre meu futuro e que tipo de carreira gostaria de seguir.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 14 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Apolíneo + Dionisíaco ψ Onde histórias criam vida. Descubra agora