Pederastia: de Heráclito à Antinoo

cap :1

O oráculo

"No início dos Tempos só existiam caos e trevas sobre o império de Cronos. Mas dentre seus filhos Zeus foi o único que conseguiu destruir-lo e construir seu reinado, a ascensão de Zeus sobre o mundo durou 10.000 anos de paz e prosperidade, entretanto, Ares o Deus da Guerra abdicou aos seus direitos sobre o império do Olimpo e sobre o Reino da Terra, entretanto, ninguém poderia ter sobre seus domínios a mãe da Criação (Gaia). Sobrepondo a autonomia dos Deuse no governo da terra, Ares confrontou Zeus , havendo uma nova guerra sobre o trono, dividindo o Olimpo entre os aliados de Ares e Zeus, entretanto, Ares sucumbiu a Guerra da "Abnegação" que durou 300 anos, porque foi traído por sua amante Afrodite esposa de seu irmão Hefesto. Diante da misericórdia de Júpiter para com seu filho, ele não foi morto assim como seu pai Cronos, mas sim expulso do Olimpo juntamente com os seus aliados, para perecerem em vida eterna sobre a terra com os homens, tendo como obrigação instruir e manter o equilíbrio do nosso mundo, mas Ares por ser o Deus da Guerra jurou vingança ao seu pai, que um dia, irá ao fim do mundo, como os seus melhores guerreiros de Esparta, para abdicar novamente sobre o poder do Olimpo e concretizar o que jurou fazer, que era Matar Zeus e vangloriar sua onipotência sobre o império da Terra, sendo assim, nomeado deus das três províncias ibéricas: a Terra, o Olimpo e o Paraíso de Valhalla (paraísos dos guerreiros mortos em batalha). "

Adriano.

Meu pai me contava mais umas das histórias do Oráculo, sobre a profecia de Ares, ele costumava me contar histórias dos Deuses quando eu tinha dificuldades para dormir. Diante da minha cama, nos aposentos que ficavam numa parte alta da fortaleza. Ele tão cauteloso e preocupado com minha insônia, se despoja além das obrigações como imperador mas também como meu pai.

Sempre me perguntei sobre a possibilidade de ir para guerra lutar pelo meu povo um dia, entretanto era muito jovem para pensar em tal façanha, visto que, não era tão bom com lanças e espadas. Mas hoje após o jantar para comemorar o 14° ano de vida, a ansiedade me veio como uma flecha que houvesse acabado de acertar o alvo a quilômetros de distância, no caso eu era o alvo, porque sabia que daqui a algumas semanas eu terei que me desposar sobre a tendas do acampamento do exército espartano, que era obrigatório aos jovens da minha idade, o verdadeiro motivo da minha insônia.

- [..] foi assim que construímos o nosso império, filho.

- Tenho uma pergunta?

- Qual seria, Adriano?

Disse ele acariciando meu cabelo, enquanto eu estava sobre seu dorso observando o Detrange meu filhote de gato selvagem que fora domesticado brincar com uma bolinha de veludo que ele possivelmente tinha arrancado do meu do meu casaco real.

- porque teremos que lutar a favor de Ares? Não seria tão fácil se não tivéssemos que lutar para morrer a custo de nada.

- Já olhou pras estrelas hoje filho? Disse ele olhando para o céu sobre a cúpula de cristal que havia no teto do meu quarto.

- Sim, estão cada dia mais brilhantes e diferentes, a cada estação.

- Você sabe porque meu caro filho? Disse ecoando suas palavras. - Lá habitam mundos muito distantes, mundo que fogem de nossa comparação, ou qualquer coisa que você já terá visto em vida, inobstante, esses mundos também lutam pelos seus povos ou o que acreditam, como nós. Entretanto, sempre haverá uma discrepâncias entre o criado e o seu Criador.

- Mas pai! o que isso tem haver conosco?porque teremos que pagar com a vida pelos erros de um deus.

- Tudo, meu amado filho, o pai, do pai, de seu tataravô, filho da cidade de kreta, juro lealdade a Ares, dando-lhe de bom grado sua única e amada filha, em troca? Nasceu a primeira linhagem de puros sangues de nossa família que descende diretamente do Deus da Guerra, devido a isto, construímos todo o império de Esparta e os filhos dos filhos dos espartanos, carregaram o sangue de um Deus, por isso temos as melhores terras, comidas, esposas e homens engajados de dar-lhe suas vidas pelo povo em que aqui reside. Você será um dia, meu filho, imperador de toda essa terra, e irá manter a paz e o equilíbrio de nosso povo como fez o seu avô. Agora está ficando tarde, melhor o jovem príncipe ir dormir.

- Mas pai? Eu...

- Mas nada, boa noite filho. Nao esqueça de razar antes de ir dormir.

Meu pai, o imperador Guilherme II havia me dado o beijo de boa noite, todavia, após sua saída dos meus aposentos, eu não conseguia pregar os olhos um segundo, pensando na guerra da "Abnegação", em que Ares enfrenta Zeus . Fico me questionando se durante o meu império eu irei passar por alguma guerra um dia, mesmo sendo contra qualquer ato de violência, por não ter coragem de matar um ser vivo sequer, isto assombra meus pensamentos em noites mais derradeiras.

Observo a agitação do Detrange, enquanto um vagalume adentra o meu quarto, atravessando a persiana aberta chamando atenção do jovem felino, que tentava a qualquer custo alcançá-lo, fazendo derrubar algumas objetos, que se quebram no chão.

- em nome de Ares! Porque você não me ajuda a dormir, em vez de fazer toda essa baderna.

Ele sumiu da minha vista através da persiana, enquanto eu limpo os pedaços do que já foi um dia uma miniatura da estátua de meu avô Adriano III, Na qual foi honradamente me dado o seu nome, observo como a imponência de um homem pode deixar rastros na história de um povo, e seus fragmentos que agora estão despedaçados não passam de lembranças de um tempo que nao existe mais.

Na varanda do palácio que ficava no meu quarto. olho as estrelas e percebo em como tudo é tão singular, o castelo, a muralha aos arredores, o Mar vermelho, onde havia um extenso cais, os casebres e as majestosas montanhas ao fundo, tudo ali era perceptível naquela varanda, e como os som das fornalhas que aqueciam os plebeus, do pescadores e veleiros que se despojaram a acordar cedo para que muitos pudessem comer eram ecoantes, os gatos que miam rotineiramente entre as vielas durante aquela hora da noite se contrastavam com a beleza daquele lugar, que eu chamava de lar, eram os unicos sons perceptíveis, e como estava frio e úmido aquela noite, a bendita noite do meu aniversário de 14 anos, percebi que haverá uma nova fase da minha vida, quando eu deixei de ser um garoto para ser um homem de verdade, um verdadeiro homem Espartano.