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Capítulo Único: Você é perfeito exatamente do jeito que é

Decidi postar esta história aqui no dia da luta contra a homofobia, pois, assim como há vários tipos de amor, também há vários tipos de beleza que os tornam singular e magníficos da forma que são.

Espero que gostem.

Boa leitura.

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Era seis e meia da manhã de uma segunda-feira e, como era o meu ritual de todas as manhãs de dias letivos, eu havia terminado de tomar banho e agora, após me vestir, estava passando alguns cremes em minha pele, juntamente com um bloqueador solar e, após terminar, estava em frente ao espelho, passando um pouco de maquiagem em meu rosto para tentar encobrir algumas espinhas que teimavam em aparecer; mesmo minha adolescência já tendo acabado e eu já estando com meus vinte e dois anos. 

Aparência não é algo tão importante para mim, na verdade, preferiria não ter que me preocupar com isso, porém, é algo muito importante na sociedade em que vivo. Estar dentro dos padrões coreanos é algo imposto pela sociedade e que pode influenciar muito em nossas vidas. Aqui é normal, por exemplo, profissionais extremamente qualificados perderem uma vaga de emprego para alguém que não possui metade de seu conhecimento, apenas por ser considerado mais bonito. Infelizmente, se preocupam mais com a aparência do que com a competência e qualificação das pessoas. Também é normal pessoas de boa aparência chegarem em uma fila com um grande número de pessoas e passarem na frente das que já estavam ali, como se isso as tornassem especiais e as desse prioridade; fora o fato do peso e pressão que é imposto nas pessoas para que estejam dentro dos padrões. Tudo isso é lamentável, mas, querendo ou não, é algo com a qual temos que lidar e tentar se encaixar em tais normas. 

Não sou o típico cara popular, entretanto, as pessoas costumam me elogiar por minha beleza. Às vezes eu sinto como se só se interessassem por minha aparência física e não pela minha personalidade ou qualidades. Contudo, sei que é algo vantajoso para mim, já que estar dentro dos padrões nos traz privilégios e, como eu não quero perder minha reputação e não quero ser mais um que têm seus direitos tomados por não ser considerado “aceitável”, tento me cuidar dentro do possível e me preocupo em estar sempre apresentável, mesmo que às vezes eu me sinta fútil por isso, já que é algo com o qual eu não concordo e estou apenas fazendo o que a sociedade impõe.

Já estava quase na hora de ir para a faculdade, então me apressei em arrumar meu cabelo que, agora, depois de alguns meses em uma tonalidade de um castanho claro, estava novamente escuro. Eu não costumo mudar muito a cor do cabelo, e quando o faço, não é algo muito diferente ou chamativo. Costumo apenas alternar entre tonalidades de castanho; exceto uma vez que decidi me aventurar em um tom na cor vinho e outra em um tom cereja, porém, não durou muito, achei que tinha ficado estranho e não estava me sentindo muito bem com aquilo, mesmo todos me dizendo que havia ficado muito bom e ficarem surpresos por finalmente me verem com alguma cor que não fosse castanho — mas não conseguiram me convencer e, pouco depois, eu estava com o cabelo castanho de novo. Além de não me sentir confortável com cores muito diferentes da minha cor natural de cabelo, não gosto de ficar clareando ou pintando demais, pois isso danifica o cabelo e não quero que isso aconteça com o meu, sem contar que prefiro os tons mais escuros.

Terminei de ajeitar o cabelo, passei um pouco de perfume — e, confesso, me preocupo com essa parte, pois acho que não há nada mais agradável do que estar perto de alguém perfumado, ainda mais no meu caso, que tenho o olfato sensível; não apenas pela rinite, mas os cheiros são muito perceptíveis e importantes para mim, e gosto de atribuir lembranças aos cheiros. Vários perfumes me remetem à ocasiões diferentes, e é algo que me é agradável. Após terminar de me arrumar, me olhei mais uma vez no espelho e, logo em seguida, peguei minha mochila e saí do quarto.