Papéis.
Tudo que havia na frente de Gizelly eram papéis. Tinha uma reunião marcada para as três horas, mas não conseguia encontrar os óculos. A mesa estava uma bagunça, como sempre. Ela só faltava revirar o lixo em busca do pequeno acessório.
"Gi, 'ta pronta?" Letícia, amiga da advogada, entra no escritório e, percebe o desconforto da morena - O que você perdeu?
"Meus óculos..." suspira ainda sem olhar para cima. Letícia, por sua vez, se aproxima da mesa e observa aquela bagunça "Cadê as lentes? Esqueceu?"
"Não, 'tô com elas." - Se não estivesse, ela provavelmente não veria o que está um palmo dos seus olhos.
Enquanto segura sua bolsa com uma mão, para o frenesi de Gizelly com a outra "Então, vamo... Cê não precisa do óculos agora." Levanta o queixo da amiga e a obriga a encará-la.
"Mas... eu só" - tenta argumentar
"Para de drama, mulher..." percebe o olhar da morena vagando, fugindo e faz o possível para segurar sua atenção "Não deve ser nada sério"
GIzelly a olha suplicando pela confirmação. Ela quer acreditar que nada vai dar errado depois de tanto trabalho. "Tem certeza?"
Letícia sorri "Só vamo', vai... " Ela puxa a morena pelo braço e as duas saem..
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O restaurante estava bem cheio aquela hora da tarde. Todos os clientes pareciam ter o mesmo código de vestimenta: roupas sociais; inclusive as duas mulheres. Aquele certamente era um point de advogados paulistas.
"O acompanhante de vocês já chegou." fala o maître enquanto levava as duas para uma mesa lateral. O local era iluminado estrategicamente para um clima aconchegante. Madeira e tons quentes transformavam em um local neutro. Poderia ser um destino de amantes ou de acordos.
Dois homens se levantaram e cumprimentaram as duas. "Doutora Bicalho e Bortolotti, um prazer conhecê-las." falou o moreno esbelto.
Gizelly estudava os dois enquanto trocavam apertos de mãos "Prazer, vocês são?"
"Sim, meu assistente ligou para o seu escritório" o ruivo fez menção para que as duas sentassem "Eu sou o Luís e ele, Miguel." aponta para o moreno "Sei que já estava tudo certo, mas temos uma nova proposta"
A morena assente e acena para um garçom próximo "Realmente não entendi..." faz uma vistoria do cardápio e não entende metade do que está escrito ali "Eu vou querer um... croquete de camarão e....nhoque de mandioquinha" o contratante estava pagando, não é mesmo?
Todos fazem o mesmo e pedem. "Havia algo errado com o contrato?" Letícia pergunta.
"Não...Muito pelo contrário. Nós resolvemos estender nossa conexão" Miguel sorri. Orgulhoso, quase.
"Como assim?" Gizelly questiona "Fomos contratadas pela chefe de vocês. Não para a empresa."
"Uhum... claro." o ruivo, Luís, toma a vez "Mas a senhorita Andrade é a empresa. E, ficou muito feliz. Vocês livraram ela de uma boa. Foi um pesadelo aguentar o humor dela no período do julgamento" solta uma risada abafada, tentando aliviar o clima. As jovens advogadas fazem o mesmo. Associação criminosa não era uma coisa tão colorida assim. Todo o processo de julgamento foi loucamente cansativo. Até agora Gizelly não tinha recuperado as noites de sono "Ela deseja uma parceria."
"Parceria? Em quê" questiona a loira.
"O projeto social que vocês possuem" o moreno beberica a taça de vinho enquanto as duas se entreolham - A prisão.
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Restrita
FanfictionPaixão e Razão. Controle e Descontrole. Opostos e complementares. Quando uma advogada criminalista conhece as lágrimas de uma influencer, sem perceber, ela decide que não quer mais vê-la chorar. Ou quando o controle parece escapar das mãos de Rafa...