Ai ga kuru

Dando início

DANDO INÍCIO

"Seu olhar é como uma flor do mal desabrochando!"

(...)

Céus, como é possível que a vida de um Deus se torne tão tediosa?

Em um imenso e pomposo templo localizado um tanto acima das nuvens, Hoseok se encontrava jogado em meio tantas almofadas de seda. Com o auxílio dos espíritos guardiões que serviam em seu lar, observava a vida dos seres tão frágeis que criou por pura diversão. Os humanos.

─ Estas criaturas já foram deverás divertidas, como caíram na mesmice? ─ Virado de barriga para baixo apoiava o rosto em uma de suas mãos enquanto seus olhos observavam a movimentação das ruas, agora, tão pacatas em Seul.

─ Por que vossa majestade não assiste a um casamento? ─ Um dos meros espíritos ajoelhados ao seu lado sugeriu.

─ Que graça isso tem? Logo eles se divorciarão...

─ Então, que tal o nascimento de um bebê?

─ Eles parecem bolas de gordura cruas... nojento!

O pobre espírito já não sabia mais o que sugerir, Hoseok já passara tanto tempo vendo casamentos, o nascimento de novas vidas e o desenrolar de relações amorosas que nada disso lhe era atrativo.

Balançou uma das mãos acompanhando alguém lhe trazer uma bandeja repleta por uvas e romãs. Suspirou se sentando adequadamente sobre o estofado em baixo de seu corpo, iniciando um de seus diversos lanches ao longo do dia. Comer nunca deixaria de ser divertido.

Acreditava que nada mais tinha graça, tinha de fazer alguma coisa para que os humanos voltassem a ser como no princípio. Era fascinante o brilho que aquelas criaturas tinham em seus olhos sempre que inventavam ou descobriam algo novo, chegava a ser admirável como impunhavam armas e avançavam para cima dos inimigos. Aquele desejo de vitória latejando dentro de seus peitos. Nunca pensou que iria dizer isso mas, sentia tanta falta das Grandes Guerras...

Revirou os olhos ao observar uma jovem mortal pular em direção aos braços do homem que amava, então ela finalmente tinha o conquistado? Já era hora, estava realmente cansado de vê-la chorando noite após noite por um amor não correspondido.

─ Sim, sim... ele é tão belo!

Virou o rosto em direção a um amontado de espíritos que faziam borbulhinhos sobre algo. Lhe pareceu interessante.

─ Como pode ser que um Deus da Guerra seja tão atraente?

Oh sim. Estavam comentando sobre a exagerada beleza de Taehyung.

Hoseok pegou uma das uvas mais redondinhas e coradas do cacho, a levou até os lábios prendendo a pequena entre os dentes, brincando com ela para um lado e para o outro em sua boca. Se havia uma coisa que gostaria de ver, era Kim Taehyung se apaixonando por algo que não fosse uma enorme poça de sangue repleta por restos.

Esperem, e se...

─ Coco, Coco! ─ Havia apelidado o espírito que sempre lhe acompanhava com o nome da fruta mais intrigante que já criou. ─ Tive uma ideia! Vamos criar um jogo.