CAP XXIX - Amélia/Sarah

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CAP XXIX – Amélia e Sarah

Amélia

Amélia cambaleou para fora daquele camarim e sentiu seu peito apertar. As lágrimas desciam numa velocidade absurda e desejou não estar ali. Assim que abriu os olhos depois de respirar fundo, uma Alice desconcertada apareceu em sua visão, sentada nos enormes sofás no lobby de espera.

A irmã mais nova a olhou com cautela e Amélia não podia fingir que não estava chateada com sua irmã, mas estava sentindo-se tão mal que não se importou em deixar para lá e se jogar do lado de Alice e deitar a cabeça no colo de sua irmã.

— Eu não podia contar algo que não era da minha conta — Alice se explicou e Amélia trincou os dentes.

— Como não era da sua conta se eu estava envolvida nessa confusão? — Amélia perguntou, revirando os olhos.

— Você está esquecendo que "essa confusão" é sobre Sarah, não sobre você. — Alice disse pela primeira vez sentindo uma certa raiva de Amélia.

A irmã mais velha se endireitou no sofá e olhou para Alice de uma forma desafiadora. A Carter mais nova revirou os olhos e arrumou seus cabelos demonstrando a falta de paciência.

— Amy, não vou estar aqui o resto da vida para resolver seus problemas emocionais, e tenho certeza de que se você se esforçar um pouquinho, você vai conseguir pensar em Sarah também. Você é rápida em julgar e fazer tudo ser sobre você, mas estamos falando de outra pessoa. — Alice disse se levantando e suspirando. — Assim como não coube a mim te contar, não cabe a mim decidir como você vai lidar com isso daqui para frente. Eu gosto de Sarah, e para mim... isso — Alice apontou para o banner — já está muito bem resolvido dentro de mim. Agora cabe a você avaliar tudo o que ela já te disse e "isso".

Alice beijou o rosto de uma Amélia confusa e o mais importante de tudo: magoada.

Sarah

A morena consertou sua maquiagem rapidamente e dava os últimos toques finais em seu cabelo que estava perfeito. Em dez minutos os vestígios de lágrimas pelo rosto já tinham sumido e Sarah tentou não pensar naquilo, sendo vencida pelas mãos ainda trêmulas pelo nervosismo e o choque emocional.

Where's My Love - SYML

Queria pular no pescoço de Hannah e matá-la, mas sabia que a culpa era 95% dela por ter feito aquela merda. As drogas custavam caro em todos os sentidos. Jamais faria uma loucura daquelas se não estive 100% fora de si e ainda inundada por um ciúme ridículo todas as vezes que olhava para a ruiva. A morena tentava justificar tudo, mas sabia que estava terrivelmente e inexplicavelmente apaixonada por Amélia, mas pelo visto, isso não importava mais.

Os vinte minutos passaram voando e June já estava na cola da morena. Já era a terceira vez que mandou um segurança checá-la. Tentando acalmar suas emoções à flor da pele, a morena abriu a gaveta e se deparou com aquele pedaço de papel tão importante que era sua forma de sair das amarras de sua dona. Sentia-se como um passarinho que fora criado dentro da gaiola, ansiando pelo dia que voasse mundo a fora, mas sabia que podia ser perigoso. Graças a Deus contaria com a proteção de Thieff. Ser de June era terrível, mas contava com inúmeras regalias e não podia negar que temia o que seria dela sem essa proteção.

Não. Não era uma Síndrome de Estocolmo. Era a realidade batendo em sua porta. June tinha proteção até entre os republicanos, aliás, como poderia manter as atividades se não houvesse garantia e alguém estivesse lucrando? E ademais, a ruiva desgraçada detinha o poder da permanência de Sarah nos Estados Unidos. Ser chefe da agência de assistência social e proteção de crianças, adolescentes e jovens vulneráveis de Los Angeles era um poder e tanto, e até mesmo era irônico a ruiva ocupar esse cargo, mas era como as coisas funcionavam. Sarah tentava o máximo não pensar na ilegalidade das coisas e no poder que June tinha em suas mãos, mas aquele papel maldito em sua gaveta dava imunidade para ela. Pelo menos isso. Estar no meio daquilo a presenteou com uma alienação e uma frieza que jamais pensara em ter se tivesse uma vida e uma oportunidade diferente. Já viu coisas ruins demais e ainda sim estava num lugar de privilégio que muitas não tinham e por este motivo não reclamava e aguentava todas as torturas emocionais que sempre aparecia para atormentá-la.

Magic Sarah - GirlxGirlOnde histórias criam vida. Descubra agora