Naquele dia

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O rapazinho de olhos vermelhos vagueava pela rua deserta. Na altura tinha 4 anos. 

E a família? Onde estaria ela?

Estava longe... Longe o suficiente, criando assim um momento perfeito para que o homem malvado corresse furtivamente em direção a ele. 

Agarrando-o pela cintura firmemente, levou o pequeno rapaz para dentro de uma carrinha, onde lhe pôs uma venda nos olhos até chegarem a um caminho desconhecido.

Por fim o carro parou.

- Por muito forte que sejas fisicamente, se tiveres uma mente fraca não vais sobreviver por muito... - disse o homem malvado tirando-lhe a venda. - Mas tu não choraste uma única vez.

Fixou os olhos do rapazinho que o olhava sem qualquer expressão no rosto.

- Com esses olhos só podes ser o escolhido de algum demónio. Não ficaria espantado.

Pegou no telemóvel e falou bem na frente do rapazinho.

- Chefe, tenho o rapaz do empresário. 

Ótimo - a voz do chefe ouviu-se do outro lado da linha. Parecia satisfeito. - Agora livra-te dele, mata-o, faz o que quiseres... Ele só não pode voltar para casa.

Mas por aquela altura, o homem malvado já não era assim tão malvado. A insensibilidade do rapazinho impressionava-o de uma forma que nem ele mesmo entendia.

- E se eu quiser ficar com ele?

Houve um silêncio grande.

- Se ele fugir eu mato-te.

- Eu sei chefe.

Como eu disse, faz o que quiseres. Ele é teu agora.

- Obrigado chefe.

A chamada telefónica terminou.

- Eu não seria capaz de desperdiçar uns olhos como os teus. - o homem malvado apertou as bochechas do menino. - Aposto que nos vamos dar muito bem.

***

Agora, com 18 anos, isso era tudo o que o rapazinho de olhos vermelhos se lembrava do dia em que o seu pai o raptara.

O Destino Odeia-meOnde histórias criam vida. Descubra agora