anonimato

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O sangue já parou de circular. O corpo está gelado e os olhos secos, as pernas que se debateram por ajuda, se encontram eretas no ar. Um coração que tremeu em dor, agora pertence a um fantoche oco, suspenso por uma corda no pescoço.

Foi mais uma vítima.

Outro corpo é encontrado e suas mãos continuam limpas. Você usa uma máscara, encobre sua verdadeira voz e se esgueira no esgoto, a procura de outra vítima.

O seu anonimato me enraivece.

Suas palavras são boas, discursadas com um orgulho que não cabe em si, elas são certeiras, penetram no meu âmago e me dilaceram por completo. Meu corpo ferve em fúria, mas também treme em medo.

Outra vítima.

Essa se afogou na própria dor. Você se infestou na casa, como uma praga e sussurrou pelos cantos. Para todos ela se tornou uma mentirosa, uma criança mimada. Ela sangrou até a última gota.

O seu egoísmo me enoja.

Não importa quanto sangue seja derramado, você continua o mesmo ceifador. Corpos apodrecem e órgãos se desmanchem, mas sua mente continua intacta. Dentro dela você está sempre em primeiro lugar, em um pedestal de egocentrismo com uma imagem de benevolente.

E a sua hipocrisia me mata.

Apenas cuspa todo seu veneno, me intoxique com sua falácia e encha meus pulmões com toda sua perversidade. Prolongue minha dor, com uma distanásia completa, me mate lentamente e devore minha alma. Até não sobrar mais nada.

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