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"Então, o que faremos hoje?"

"Você, genuinamente, acredita que vou te contar?"

Louis franze o cenho, o encarando com olhos azuis quase estreitos demais para serem devidamente admirados, mas logo sorri -meio maquiavélico, na verdade.

"É claro, principalmente se eu contar que vou embora se não souber para onde estamos indo antes de entrar no carro."

Harry arregala os olhos, sentindo-os até mesmo arderem, e corre até estar plantado entre o ômega e a porta que ele entraria.

"Primeiro de tudo: mais respeito com Kátia, ela tem um nome e gosta de ser chamada por ele!" Sussurra meio gritado. "Sua sorte é que ela é velha e já não escuta tão bem, ou nossa carona já era! Segundo: não faça isso comigo, docinho; não me chantageie tão baixo assim..."

"Vou ignorar que acabou de me dar um sermão sobre seu- sua Kátia... E só para esclarecer: sim, é uma chantagem; não, não é um blefe. Ou você fala agora ou pode me levar para casa, você quem sabe."

"A única coisa que eu sei é ser um romântico incurável! É tão horrível assim?"

"Sim."

Harry bufa com seu ômega difícil, se sentindo frustrado e indo buscar conforto no próprio Louis -poderia ser considerado uma ironia se não fosse a simples lógica de que ele sempre buscaria pelo conforto de sua alma gêmea, mesmo que ele seja o motivo da tristeza inicial.

"Ômega, quero ser romântico. Fazer você se apaixonar como Noah fez Allie se apaixonar por ele pela primeira vez. Espero que não precisemos de uma segunda chance, sem guerra e noivados no meio, nem alzheimer no final... Mas enfim, você me entendeu!"

"Então, basicamente, você quer reviver um filme que é conhecido por ser romântico e dramático sem a parte do drama?"

"Bem, tecnicamente, é mais conhecido por ser o melhor filme dos tempos- mas, sim, sim, só um romance bobinho que faria as pessoas desejarem ter o que temos."

Louis o encara, piscando algumas vezes antes de finalmente falar.

"Quando te conheci, não achei que era assim. Na minha cabeça o seu filme favorito seria A Fábrica de Chocolate ou Alice no País das Maravilhas, sabe? Uma coisa meio exótica assim, meio estranha."

"Vou fingir que não está me chamando de louco de um jeito educado e te convidar para entrar no carro."

Gesticula exageradamente e espera Louis se sentar acomodado para fechar a porta -sentia muito medo dele machucar Kátia, já que, obviamente, sentia muito ciúmes de sua parceira. Quando já não pode ser visto pelo ômega, sorri vitorioso, ele conseguiu distrair Louis de sua birra e continuar com sua surpresa.

"Vamos lá, pé na tábua, Kátia!"

Louis não esqueceu nada; ele nunca esquece, mas percebeu que confronto não iria resolver, então aguarda ansiosamente algum momento de distração do maior para conseguir sua tão esperada resposta.

Nem teve tempo, no entanto. Vinte minutos no carro e eles já estavam estacionando, o que era muito estranho porque Harry estava desesperado para sair cedo por causa da distância. Com o cenho franzido, Louis encara o estacionamento cinza enquanto desce do carro, sentindo sua mão ser rapidamente agarrada e Harry puxando-o como louco para longe.

"Temos que ir rápido, vamos perder o trem!"

"Trem?"

"É, é, conversamos quando já estivermos dentro dele."

Louis ignora todos os conselhos que já recebeu em toda sua vida e entra na Estação Waterloo com um alfa que conheceu a três dias -e admitiu persegui-lo por alguns meses. Não pareceu um bom sinal de primeira, mas pelo menos era uma pessoa honesta. Ou lerda demais para esconder um segredo.

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